Noite histórica num “formigueiro” mineiro



Banda comemora 20 anos de “Samba Poconé” com
show ‘que parecia não ter fim’ no BH Hall

 

*Thiago Prata – O Tempo

Gradativamente, porém, o local se transformava em um formigueiro.  Mineiro é assim mesmo, não é? Deixa tudo para a última hora, mas está sempre lá. Os jogos no Mineirão e no Independência estão aí para reforçar a tese. E, quando os ponteiros indicavam 23h05, os espaços vazios já eram raros – concentravam-se em partes da arquibancada –, a empolgação do público era similar à de uma torcida de futebol quando vê sua equipe do coração entrando em campo, e o Skank subia ao palco para uma noite marcante.

o-samba-poconc3a9-frenteO albúm Samba Poconé
(Rock Nacional Downloads)

A apresentação do quarteto mineiro possuía um sentido dúbio. Ainda que promovendo o mais recente disco, “Velocia” (2014), o conjunto tinha também como um dos objetivos principais comemorar os 20 anos da obra que o colocou no panteão dos grandes artistas de pop/rock – quiçá, da música brasileira –, “O Samba Poconé” (1996). Por isso, haveria “uma suíte de oito músicas do álbum”, como introduziu o vocalista e guitarrista Samuel Rosa. Dentre elas, sucessos como “É uma partida de futebol”, “Garota Nacional” e “Tão seu”, gerando uma “catarse espiritual”.

O frisson não parou por aí. A plateia delirava, dançava de forma “maluca” e efusiva – cada um com sua coreografia singular –, berrava e esperneava. Cada um se divertia à sua maneira. O clima era de festa. E Samuel tinha o público nas mãos – conseguia até mesmo contornar as vaias atleticanas, após ele enfatizar o Cruzeiro, o clube pelo qual torce, por meio de um discurso animado, como um bom mestre de cerimônias que é.

Aliás, se o público se deliciava com cada música, Samuel – e o restante da banda – também se deleitava. Tentou dar uma de Paul McCartney – e até foi razoável – e cantarolar à la Bob Dylan – o “indelicado e arrogante” vencedor do prêmio Nobel de Literatura – em “Tanto”, a versão Skank de “I want you”, do norte-americano.

O concerto adentrou a madrugada deste domingo. Pouco depois da meia-noite e meia, os músicos anunciavam o bis. Mas não era um bis qualquer, como o vocalista fez questão de enfatizar. “O Skank não volta para o bis para tocar duas músicas e vai embora. A gente volta para tocar meia hora”. E assim foi até “Saideira”, completando cerca de 2h20 de um espetáculo rico em cores (na iluminação e nos telões), recheado de clássicos e de troca de energia entre banda e plateia.

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