Bon Jovi celebra 30 anos de sucesso com álbum e campanha anti-Trump



POR PEDRO HENRIQUE KUCHMINSKI
DE LONDRES  30/10/2016 02h00
Abaixo, assista ao clipe de This House Is Not For Sale

A[dropcap size=big]A[/dropcap] suíte 422 do hotel The Savoy, em Londres, termina em uma janela que dá vista para as margens do rio Tamisa e para o Big Ben. “Isso é o máximo que consigo aproveitar de Londres. Nada além daquilo que posso enxergar pela janela”, desabafa uma voz nítida e familiar vinda de dentro do quarto para a sala. Vestindo uma jaqueta de couro preta e calças jeans desbotada, Jon Bon Jovi, 54, está sentado com os olhos fixos no panorama do lado de fora. “Tempo nublado, não? Que surpresa”, comenta ironicamente sobre a tarde londrina.

O líder da banda norte-americana Bon Jovi esteve no Reino Unido para promover o seu 14º álbum de estúdio, “This House is Not for Sale” (Essa Casa não está à Venda), que lança em novembro. A “casa” do título simboliza a integridade da banda, que “não está à venda”.

No show da nova turnê que a Serafina acompanhou, a plateia era composta por casais de meia-idade vestindo camisetas da banda e jovens adolescentes. Casais carregavam nos braços, além de seus filhos de colo, tatuagens estampando a capa de “Have a Nice Day” (2005).

Três décadas depois de “Slippery When Wet”, álbum que tornou a banda mundialmente conhecida, Bon Jovi faz um balanço geral da carreira. “Você quer chegar ao ponto de ter uma identidade musical própria, ao invés de dizerem que seu som se parece com o do [Eric] Clapton ou The Rolling Stones por exemplo. E eu acredito que chegamos lá”, diz sobre seu legado.

Durante a conversa, fala que sua única preocupação é poder continuar tocando com “a mesma qualidade que a banda sempre demonstrou”. Com uma nova turnê para 2017, o vocalista, sentado na beira da cadeira, dá o veredito: “Caso não consiga mais alcançar as notas mais altas, a turnê acaba e eu me aposento”.

Gesticulando com as mãos, ele completa, “não vou subir até o palco para soar como o Elvis gordo, parecendo um sapo coaxando”. Ele ainda revela que tem conversado sobre o Rock in Rio 2017. “Preciso ver se consigo encaixar na nossa programação”.

“This House is Not for Sale” começou a ser produzido depois de Bon Jovi ter passado um ano sem colocar as mãos em uma guitarra. “Estava frustrado, sem vontade de compor, e isso era compreensível”. O motivo era o imbróglio envolvendo o rompimento com a gravadora Mercury Records, e a saída conturbada do ex-guitarrista e compositor da banda, Richie Sambora.

“Esse álbum precisava ser sobre as incertezas que surgiram sobre o futuro da banda depois de Richie e do problema com a gravadora”, conta enquanto se serve de uma xícara de chá.

‘POR DEUS, NÃO’

A música “Living with the Ghost” (vivendo com o fantasma) foi baseada no rompimento da parceria musical de três décadas com Sambora. O guitarrista, que foi internado para tratar de dependência química em 2011, deixou a banda em 2013, após não comparecer a um show sem dar explicações. “O que me incomodou foi como aconteceu. Nossa responsabilidade não era apenas com os fãs que tinham ingressos, mas com nós mesmos, com a gravadora e as famílias dos 120 funcionários da equipe técnica.”

Quando conversamos sobre uma possível vitória de Donald Trump, candidato republicano às eleições presidenciais americanas, Bon Jovi levanta-se, sorri constrangido, e começa a andar pela sala. “Seria uma catástrofe”, comenta, após quebrar o silêncio que já durava alguns segundos.

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