Setembro marca 35 anos do primeiro show da Legião Urbana



Carlos Alberto Xaulim, da Cadoro Eventos, produtora que realizou o primeiro da Legião Urbana dentro do festival Rock no Parque em Patos de Minas – MG conta curiosidades sobre o evento realizado há 35 anos; na verdade o produtor tinha contratado a banda Aborto Elétrico, que de última hora passou a se chamar Legião Urbana

Local do primeiro show da banda Legião Urbana

No ano em que se completa 35 anos após o primeiro show da banda Legião Urbana, um personagem muito importante desta trajetória revela curiosidades sobre o primeiro show do grupo. O produtor de eventos Carlos Alberto Xaulim, diretor da Cadoro Eventos e atual presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, abriu o baú de recordações com lembranças muito interessantes.

Xaulim conta que estava produzindo o festival Rock no Parque, marcado para o dia 05 de setembro de 1982 na arena de rodeio do Parque de Exposições de Patos de Minas, em Minas Gerais, e pediu indicações de grupos de rock para amigos de Brasília e Belo Horizonte. “Um amigo lá do Distrito Federal me indicou a banda Abordo Elétrico. Conversei com o próprio Renato e acertei o show com ele”, diz o profissional de eventos, que contratou mais oito bandas para compor a programação do festival.

Naquela época, os cartazes eram produzidos com silk screen e foram solicitadas a criação de várias peças para divulgar o evento, incluindo o nome do Aborto Elétrico, que era formada por Renato Russo, Fê Lemos e André Pretorius. Supreendentemente, oito dias antes do show, o telefone de Carlos Alberto Xaulim tocou. “Renato Russo ligou para informar que o Aborto Elétrico não existia mais e me convenceu a se apresentar com a banda que tinha acabado de formar com o baterista Marcelo Bonfá. A essa célula mutante, juntou-se o guitarrista Paraná e o tecladista Paulista, da primeira formação oficial da banda”, lembra Xaulim.

Tempos depois é que Carlos Alberto Xaulim tomou conhecimento do motivo da separação do Aborto Elétrico: uma briga entre Fê Lemos e Renato Russo graças a música Química. “Eu tinha 27 anos na época e pensava que, sem desmerecer as bandas, não fazia a menor diferença para Patos de Minas se fosse o Aborto ou Legião. Só que o Renato fez questão de que mudasse o nome da banda até mesmo nos cartazes. Foi tão veemente que assustei”, conta Xaulim, que teve que solicitar a alteração nos cartazes, grafando então, pela primeira vez na história em uma publicidade, o nome da Legião Urbana.  “Na época ele [Renato Russo] foi incisivo dizendo que, mesmo que não conseguisse mudar os cartazes, ele fazia questão de dizer ao público que aquele era o primeiro show do Legião Urbana”, relembrou.

O produtor de eventos conta que a noite do festival Rock no Parque estava muito agradável, com lua cheia, lembrança mais marcante para Xaulim. Como a arena de rodeio era grande, o local parecia estar vazio, mas de acordo com o organizador, cerca de 1500 pessoas estavam presentes no show. O que poucos sabem, é que a primeira apresentação da Legião Urbana começou pela passagem de som. “O técnico precisava de uma pessoa para passar o som e o Renato Russo se prontificou. No palco, ele chamou o publicou e iniciou o show naquele momento”, se recorda o organizador do festival.

Um fato pouco divulgado e curioso é que no primeiro show da Legião Urbana, a banda foi presa. Renato Russo cantou Os PMs armados/vomitam música urbana, e a Plebe Rude, que estava se apresentando pela primeira vez fora de Brasília, cantou Seja livre, vote em branco. Com isso, a Polícia Militar se sentiu ultrajada e conduziu todos para a delegacia.

“Entrei em pânico, porque saí correndo para a delegacia e o Renato lá, só contribuindo para aumentar a temperatura e o nervosismo das discussões. Nada que eu falava adiantava. Mas Renato era tão convicto do que defendia que conseguiu convencer o chefe de polícia a liberá-los sob uma condição: de sair da cidade imediatamente. Mas como, se o ônibus só saía de madrugada? Aí foi outra discussão. Assim foram os últimos momentos de um primeiro de milhares de shows do Legião”, relembrou Carlos Alberto Xaulim, que soube depois, por meio do músico Philippe Seabra, da Plebe Rude, que Renato perguntou o signo de um PM e levou um tapa na cara.

Carlos Alberto Xaulim é fã da banda Legião Urbana e se orgulha por fazer parte da história do grupo. Hoje ele é um dos principais produtores de eventos de Minas Gerais e acumula ainda a função de presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos –  ABRAPE.

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