Babilak Bah inicia instalação das esculturas de três metros de altura no Parque Lagoa do Nado



Babilak Bah entre as suas obras que serão levadas para a Lagoa do Nado – Foto: Heberton Lopes.

 

As obras produzidas em ferro passam a compor a paisagem do local por um ano e a inauguração acontece neste domingo, 21 de julho

 

Quem passa pelo Centro de Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado (R. Min. Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã, Belo Horizonte – MG) já percebe a movimentação de pessoas e objetos metálicos. Trata-se das obras do multiartista Babilak Bah, que inaugura neste domingo, 21 de julho, às 10h, a sua mais recente exposição, intitulada “Oguns Kabecilês – Enxadigma”. A instalação, composta por 10 esculturas de ferro de até três metros de altura, é viabilizada pelo Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte e ficará em exibição por um ano, proporcionando uma experiência única de interação e reflexão histórica.

Babilak Bah explica que “Oguns Kabecilês – Enxadigma” é uma proposta que combina objetos escultóricos numa elaboração com signos mito-poéticos, tendo como impulso criativo a iconografia da religiosidade de ascendência africana, acrescida da questão da terra e das lutas quilombolas. O artista, que há cerca de uma década investiga incessantemente a construção de objetos que interfiram na paisagem urbana, utiliza a licença poética para produzir esculturas em ferro numa perspectiva tridimensional. A enxada, ícone central da exposição, serve como metáfora para abordar as distorções sociais e a complexidade nacional, destacando a importância da população afrodescendente na formação da cultura brasileira.

Na ocasião, haverá uma cerimônia conduzida pelo Pai Ricardo e uma performance desenvolvida nas oficinas “Laboratório de Linguagem – Enxadigma: Oguns Kabecilês”, com as participações dos artistas Johnny Herno, Almin Bah e Davidson Inácio. “A instalação que se ergue no Centro de Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado nos convida a observar texturas e símbolos em ferro que remetem ao terreno da ancestralidade, como arquétipos oriundos de uma vasta cosmologia. Este ‘enxadograma’ escrito em ferro abre a possibilidade de interação, manuseio, provocações dos sentidos e reflexão histórica”, conta Babilak Bah.

Para o artista, a intervenção poderia estar instalada em várias cidades brasileiras. “Os utensílios em ferro abrem um diálogo, resgatando histórias silenciadas, como a contribuição do homem e da mulher negra na construção da história do país. “A enxada se caracteriza como um discurso híbrido e polissêmico, como ‘provedora de vida’ e sentido, com inúmeras possibilidades de interpretação no contexto da arte contemporânea”, destaca.

O multiartista fala sobre a concepção da exposição. “São 10 objetos que foram construídos a partir de rascunhos, às vezes riscados no chão, outras vezes com giz, em outra, com pemba, em outro momento, escrito no papel, transportados para um software e hospedados no computador para depois se tornarem uma oferenda em ferro, moldadas com fogo numa evocação ancestral que nos exige justiça e o fim do silenciamento”, detalha Babilak Bah.

Sobre Babilak Bah

Babilak Bah é um multiartista que transita por várias linguagens, incluindo música, literatura, artes visuais e arte-educação. Ele é autor dos livros “Voomiragem” (2002) e “Corpoletrado” (2012), e lançou os CDs “Enxadários: Orquestra de Enxadas” e “Biografias de Homens Inquietos”, além do DVD “Afroprogressivo”. Nos anos 80, no início de sua carreira, publicou dois livretos em processo de mimeógrafo. Em 2023, Babilak Bah lançou o livro “Uma Clínica de Instantes Inusitados”, projeto aprovado pelo Rumos Itaú Cultural, selecionado entre 11 mil inscritos, dos quais apenas 91 foram escolhidos, sendo 11 de Minas Gerais. Além de tudo, ele coordena o projeto Trem Tan Tan, grupo musical formado por pessoas com sofrimento mental.

 

Serviço

Babilak Bah inaugura Oguns Kabecilês – Enxadigma em BH

Inauguração: 21 de julho, domingo, às 10h

Local: Centro de Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado (R. Min. Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã, Belo Horizonte – MG)

Instalação realizada com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte

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