Polinização dirigida: gerando aumento de renda para o produtor agrícola

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A polinização dirigida é uma técnica que vem ganhando espaço por aumentar tanto a quantidade quanto a qualidade na produção de frutas, grãos e sementes. Além de impulsionar a biodiversidade, essa prática gera um impacto direto na renda dos produtores agrícolas

O básico da polinização

A polinização é o processo que envolve a transferência de pólen da parte masculina de uma flor (antera) para a parte feminina (estigma) da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Esse movimento, que pode ser realizado por animais como abelhas, borboletas e pássaros, ou por fatores naturais como vento e água, resulta na produção de frutos e sementes.

Cerca de 80% das plantas dependem da polinização realizada por animais, e entre eles, as abelhas são as mais eficazes. Sem esse processo, a produção agrícola, que alimenta uma vasta cadeia alimentar, seria gravemente prejudicada.

Importância econômica das abelhas

Em 1956, a introdução das abelhas africanas no Brasil e seu cruzamento com espécies europeias resultaram no surgimento da Abelha Melífera Africanizada (AMA). Essa espécie se tornou essencial para a apicultura brasileira, atuando como a principal polinizadora na agricultura moderna. Mais de um terço das plantas alimentares dependem das abelhas para sua reprodução.

No Brasil, estima-se que o serviço de polinização realizado por abelhas corresponda a cerca de 10% do PIB agrícola, totalizando aproximadamente U$ 200 bilhões anuais.

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Polinização e sustentabilidade

Além de ser vital para a produção de alimentos, a polinização também mantém a biodiversidade. No Brasil, a polinização dirigida é amplamente utilizada em culturas de maçã, no sul do país, e melão, no Nordeste, gerando uma boa fonte de renda para os apicultores por meio do aluguel de colônias de abelhas.

Em outros países, alguns produtores estão investindo no manejo de paisagens para atrair polinizadores naturais. No entanto, culturas como soja e canola, que poderiam se beneficiar da polinização, ainda são subvalorizadas pelos agricultores. Estudos indicam que a polinização adequada em plantações de soja pode gerar aumentos significativos de produtividade, tanto em número quanto em qualidade de sementes.

Oportunidades para apicultores e agricultores

O uso da polinização dirigida oferece uma série de benefícios para apicultores e agricultores. Entre os principais estão:

  • Aumento da produtividade: frutas mais doces, maiores, com melhor formato e colheita mais uniforme.
  • Maior resistência: as plantas polinizadas tendem a ser mais resistentes a pragas e doenças.Harmonia com o meio ambiente: a polinização natural aproxima as plantações de ecossistemas locais, aumentando a diversidade de plantas e árvores.
  • Renda extra para apicultores: além de poder alugar colmeias para agricultores, apicultores também podem investir na produção de alimentos como frutas, favorecidas pela polinização.
  • Diversificação da renda: apicultores podem produzir mel, cera e própolis, gerando novos produtos para consumo ou venda.

Como funciona a polinização dirigida

A polinização dirigida envolve a colocação de colmeias estrategicamente perto das plantações. Para isso, é necessário que o cultivo-alvo seja atraente para as abelhas e que condições ambientais favoráveis estejam presentes, como clima adequado e a ausência de fatores prejudiciais, como ventos fortes e chuvas constantes.

Culturas como soja, girassol, café e algodão são especialmente atrativas para abelhas, o que permite uma polinização eficaz mesmo com uma densidade moderada de colmeias, que pode variar de 1 a 6 colmeias por hectare, dependendo da cultura e do clima.

A distribuição das colmeias deve seguir a topografia do terreno, sendo dispostas em partes altas, com boa exposição solar e alinhadas às fileiras de plantio. Para culturas que são menos atrativas para abelhas ou em condições climáticas desfavoráveis, pode ser necessário aumentar o número de colmeias.

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Fatores críticos para o sucesso

Diversificar a paisagem ao redor das plantações, com bosques e floradas complementares, é fundamental para dar suporte às colmeias. O uso de agrotóxicos também deve ser controlado, especialmente durante o período de floração, para proteger as abelhas.

A saúde das colmeias é outro fator essencial para o sucesso da polinização. Uma colmeia eficiente deve ter entre 60% e 70% dos favos cobertos por abelhas adultas, e pelo menos 10% a 20% com crias em desenvolvimento. O ciclo de vida das abelhas é importante nesse processo: desde o ovo até se tornarem adultas prontas para polinizar, leva-se aproximadamente 21 dias. Por isso, o preparo das colmeias deve começar cerca de 42 dias antes da floração das culturas.

Cuidados com a segurança

O uso de colmeias de abelhas africanizadas exige atenção especial à segurança de trabalhadores e animais que transitam pelas áreas de cultivo. O risco de picadas é elevado, e é importante que haja sinalização adequada nas áreas onde as colmeias estão instaladas. Equipamentos de proteção e procedimentos de segurança também são recomendados.

A polinização dirigida é uma alternativa sustentável que beneficia tanto apicultores quanto agricultores. Ao maximizar a eficiência da polinização, é possível aumentar a produtividade e qualidade das plantações, enquanto as abelhas se beneficiam com o maior fornecimento de pólen e néctar.

Viva a produção agrícola. Viva as abelhas!

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