20 milhões de brasileiros vivem com diabetes: complicações da doença podem ser fatais



Especialista alerta para a necessidade de controle rigoroso da condição e os perigos de medicamentos falsificados

Estimativa atualizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes, com base no Censo divulgado este ano pelo IBGE, revela que cerca de 20 milhões de brasileiros vivem com diabetes. Se não for controlada, a condição pode levar a complicações micro e macrovasculares e até a morte. “As altas taxas de glicemia no sangue podem causar retinopatia, nefropatia, neuropatia, doenças cardíacas, doença arterial periférica e outros problemas, como infecções frequentes, cetoacidose – especialmente no diabetes tipo 1 – e hipoglicemia”, informa Josei Karly S. C. Motta, coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio BH.

A enfermeira frisa que o controle rigoroso da doença é primordial para evitar danos severos. “A administração dos picos glicêmicos requer uma abordagem integrada, que inclui acompanhamento médico regular; alimentação equilibrada, priorizando carboidratos complexos e evitando os refinados, e realizando refeições fracionadas ao longo do dia; monitoramento regular dos níveis de glicose, principalmente após as refeições; prática de exercícios físicos para melhorar a sensibilidade à insulina; e, quando necessário, uso de medicamentos, como antidiabéticos orais ou insulina”, orienta.

O diabetes é considerado pelos profissionais da saúde uma doença silenciosa, mas de fácil diagnóstico. Segundo a coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio BH, os sintomas mais comuns são sede excessiva, micção frequente, fome intensa, perda de peso, cansaço, visão turva e infecções recorrentes. “No tipo 1 as manifestações surgem rapidamente, com possibilidade de cetoacidose, uma complicação severa, caracterizada por hiperglicemia, desidratação, náuseas, vômitos, fadiga, hálito com odor de acetona e confusão mental. Por outro lado, o tipo 2 se desenvolve lentamente e, na maioria dos casos, sem sintomas iniciais perceptíveis”, explica.

Apesar de não ter uma causa conhecida, a condição está relacionada a fatores de risco e boa parte deles podem ser prevenidos. “O diabetes tipo 1 costuma se desenvolver na infância ou adolescência e tem origem genética ou autoimune, quando o sistema imunológico destrói as células do pâncreas. Idade avançada, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, hipertensão e dieta rica em carboidratos refinados favorecem o surgimento do diabetes tipo 2”, descreve a enfermeira.

No ano passado novos medicamentos foram aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento de diabetes tipo 2, como a tirzepatida e semaglutida, que trazem resultados significativos. Contudo, Josei Motta alerta que os remédios devem ser usados somente com acompanhamento médico e recomenda atenção redobrada na compra, pois há relatos no Brasil e fora do país de falsificação dos produtos. “O uso de medicamentos falsificados, como Ozempic e Mounjaro, pode representar sérios riscos à saúde, pois podem conter ingredientes perigosos ou inadequados e dosagem inconsistente. Os principais riscos incluem reações adversas graves, falta de eficácia, contaminação e interações medicamentosas”, finaliza.

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