Em um dia dedicado a sabatinas de indicados para chefiar embaixadas brasileiras na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, a presidente do colegiado, senadora Kátia Abreu (PP-TO), destacou na abertura da reunião, nesta quinta-feira (25), as indicações de mulheres para chefiar embaixadas brasileiras e o posto na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Entre os 11 nomes de servidores da carreira do Itamaraty analisados – para chefiar as embaixadas em Honduras, China, Liechtenstein, Mongólia, Suécia, Espanha, Colômbia, Equador, Portugal, Hungria e Namíbia, além da delegação permanente do Brasil junto à Aladi e ao Mercado Comum do Sul (Mercosul) – cinco são mulheres.
De acordo com Kátia Abreu, que é a primeira mulher a presidir essa comissão no Senado, apenas 15% das missões brasileiras são chefiadas por mulheres, metade da média dos países desenvolvidos.
Segundo a senadora, o chanceler Carlos Alberto Franco França acatou a sugestão da CRE de aumentar o número de mulheres no comando de missões brasileiras. A senadora também comemorou o fato de o Itamaraty ter se comprometido a promover mais mulheres internamente.
O volume de sabatinas em um só dia é para que elas fiquem prontas para votação em plenário da Casa durante o esforço concentrado marcado para a próxima semana. A votação das indicações, que começou às 10h e deve se estender por todo o dia, é obrigatoriamente presencial, por meio de urnas eletrônicas instaladas no Senado.
Indicadas
A diplomata Maria Luisa Escorel de Moraes é a indicada para comandar a embaixada brasileira na Suécia e, cumulativamente, na Letônia. Ela ressaltou que empresas da Suécia empregam hoje mais de 60 mil pessoas em suas subsidiárias e parceiras no Brasil.
“Há investimentos de grandes companhias industriais como a Scania, Volvo, Saab, Electrolux e Ericsson, mas a quantidade de empresas suecas com investimentos no Brasil passa de 220. Estão principalmente no estado de São Paulo, e empregam mais de 60 mil trabalhadores”, destacou.
Caso seja aprovada, Escorel disse que uma de suas prioridades será zerar o atual déficit brasileiro nas relações comerciais com a Suécia, que hoje gira em torno de US$ 760 milhões anuais.
Para Honduras a indicada é Andréa Saldanha da Gama Watson. Se confirmada pelo Senado, ela disse que vai analisar a viabilidade de parcerias em áreas como energia, agricultura e combate à violência contra mulheres.
Watson também pretende propor ações como a instalação de fábricas de cachaça, produção de arroz e incentivo ao turismo entre Brasil e Honduras, bem como a formalização de parcerias para que a Embraer faça a manutenção de aeronaves tucanos hondurenhas.
Segundo Andréa Watson o país é o terceiro mais pobre das Américas, com metade da população abaixo da linha de pobreza. Ela destacou a preocupação com o alto índice de violência, já que o lugar é rota do narcotráfico, ressaltando que o governo tem obtido avanços na luta contra o crime.
Já o plano de trabalho apresentado pela diplomata, Claudia Buzzi, para a embaixada do Brasil em Berna, na Suíça, tem como foco central a assinatura do acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). De acordo com ela, a medida deve intensificar o fluxo de comércio entre Brasil e Suíça, além de incrementar as relações com Liechtenstein.
“A embaixada vai prestar esclarecimentos em particular sobre áreas como preservação do meio ambiente, agricultura sustentável e a proteção de povos indígenas”, disse a indicada. Buzzi sugeriu como estratégia para avanço no acordo o reforço da diplomacia parlamentar e disse que a aprovação pelo Senado da criação Grupo Parlamentar Brasil-Suíça pode colaborar nesse processo
Durante sua apresentação, a indicada para embaixadora do Brasil na Namíbia, Vivian Loss Sanmartin, destacou no Senado que o traço mais emblemático das relações do país com o Brasil é a cooperação entre as Marinhas dos dois países. Ela relatou que existe um acordo de cooperação naval, o que possibilitou à Namíbia criar sua própria Marinha em 2004. Segundo a diplomata, mais de mil militares namibianos receberam treinamento e capacitação militar no Brasil, tendo inclusive aprendido a língua portuguesa.
Já a diplomata Susan Kleebank destacou a recente venda de duas aeronaves KC-390, pela Embraer, para o governo húngaro. O valor do contrato foi de US$ 300 milhões. A parceria fez com que a Embraer abrisse em agosto um escritório em Budapeste, capital do país.
Para Susan Kleebank, a entrada da Embraer abre espaço para que o Brasil reverta seu déficit crônico nas relações comerciais com a Hungria, uma vez que o Brasil importa produtos de maior valor agregado, enquanto tradicionalmente apenas exporta produtos primários. A despeito de buscar aumentar as exportações de produtos industriais, Kleebank também vê espaço para incrementar as exportações do agronegócio.
*com informações da Agência Senado