Segundo o levantamento da Genial/Quaest, a quantidade de brasileiros que desaprovam o governo petista subiu para 34%, enquanto a avaliação positiva chega a 35%
O retrato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva não parece nada favorável para o petista. A avaliação da gestão atual do Brasil atingiu o pior patamar em um ano, com a desaprovação em níveis recordes e a aprovação desabando em relação a fevereiro de 2023, de acordo com a pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (06).
Segundo o levantamento, a avaliação negativa passou de 29% em dezembro de 2023 — leitura anterior à atual — para 34% em fevereiro de 2024. Em comparação com fevereiro do ano passado, o aumento foi ainda maior, de 14 pontos percentuais.
Enquanto isso, a avaliação positiva caiu 1 ponto percentual em relação a dezembro, para 35% ao fim de fevereiro. No comparativo anual, o recuo chega a 5 p.p.
A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro, com 2 mil entrevistas presenciais em 120 cidades de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiabilidade de 95%.
A perda de apoio de Lula
Mesmo em recortes de avaliação do governo por idade, a situação não é positiva para Lula.
Na realidade, a pesquisa da Genial/Quaest revelou um novo desafio para o presidente: reconquistar o público mais jovem.
A aprovação do governo atual entre brasileiros de 16 a 34 anos caiu de 57% em fevereiro de 2023 para 46% no fim do mês passado. Já a avaliação negativa subiu de 29% para 50% na mesma base de comparação.
Isso significa que a diferença entre aprovação e reprovação saiu de 28 pontos positivos em fevereiro do ano passado para 4 pontos negativos na leitura atual.
Já no recorte por religião, o eleitorado evangélico é o que mais desaprova a gestão de Lula no Brasil.
Para esse público, o trabalho do presidente Lula atingiu 62% de desaprovação, enquanto a avaliação positiva chega a apenas 35%.
Entre os católicos, a aprovação totaliza 58%, enquanto a percepção negativa soma 39% do eleitorado.
Aprovação do governo Lula e as falas sobre o Oriente Médio
O momento de piora na aprovação do governo atual coincide com o discurso de Lula sobre os conflitos no Oriente Médio.
Em meados de fevereiro, o presidente classificou as mortes de civis na Faixa de Gaza como genocídio e equiparou as ações militares de Israel no território palestino ao Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial.
“Quando vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual o tamanho da consciência política dessa gente e qual o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”, declarou o presidente brasileiro, em entrevista em 18 de fevereiro.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus.”
De acordo com a pesquisa da Genial/Quaest, 60% dos brasileiros consideram que Lula exagerou na comparação da ação de Israel com o Holocausto.
A declaração foi tão mal recebida que nem mesmo os próprios eleitores de Lula apoiaram o discurso. Entre quem votou no petista, 45% apoiaram a posição do presidente sobre os conflitos em Gaza, enquanto 43% rejeitaram.
Já entre os apoiadores do rival político de Lula, Jair Bolsonaro, 85% acreditam que o presidente exagerou nas falas.
Se analisados os brasileiros que acham que o presidente Lula exagerou na comparação — isto é, 60% da população —, cerca de 60% desaprovam o governo.
Entre quem acredita que não houve exagero por parte do presidente — 28% da população —, a aprovação do governo petista chega a 78%.
É a economia…
Mas se a conduta do presidente Lula sobre as questões geopolíticas soaram mal aos ouvidos dos brasileiros, a percepção sobre a economia do Brasil sob a gestão petista parece ainda mais “desafinada”, segundo o levantamento.
Considerado um dos “órgãos” mais sensíveis do corpo, o bolso dos brasileiros é o que mais sofreu, na visão dos brasileiros.
Entre os entrevistados, 38% acreditam que a economia do Brasil piorou nos últimos 12 meses, enquanto 34% afirmam que ficou do mesmo jeito e 26% acham que a situação melhorou.
A quantidade de brasileiros que afirmam terem percebido um aumento no preço dos alimentos saltou 25 pontos percentuais em relação à leitura anterior, para 73% dos entrevistados em fevereiro.
Em relação aos combustíveis, 51% dos entrevistados afirmaram que os preços subiram. Enquanto isso, 63% acreditam que as contas também aumentaram no último mês.
E se a fotografia econômica desagrada os brasileiros atualmente, o quadro futuro não mostra perspectivas de melhora.
O otimismo sobre o futuro da economia desabou para o menor patamar desde o começo da série histórica, em fevereiro de 2023.
A quantidade de brasileiros otimistas com o futuro do cenário econômico caiu 16 pontos percentuais em relação a dezembro, para 46%. Na relação com a leitura anterior, a queda foi de 9 p.p.
Já os pessimistas cresceram 11 pontos percentuais na comparação anual e 6 p.p frente a dezembro.
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