Não aceitar o racismo é ser antirracista

Racismo


Prof. Dr. Marcelo Henrique

 O dia 18 de novembro foi instituído como o Dia Nacional contra o Racismo. E o título comemorativo não poderia ser mais apropriado, afinal, essa mácula é uma doença social que deve ser combatida como uma grande pandemia que ainda persiste nos quatros cantos de nosso globo terrestre. Um ranço malévolo de civilizações primitivas, baseado em valores sem lastro moral e que ainda contaminam pessoas e instituições.

Consigo enxergar muitas formas de segregação que em nada contribuem para a evolução de nossa sociedade, em que pese sejam toleradas e aceitas pela legislação. Dividir crianças em salas diferentes tendo como critério apenas a nota obtida nas avaliações formais é, ao meu ver, uma separação tendenciosa a tornar os que precisam de reforço ainda mais afastados da dianteira do processo educativo. Seria como criar um grupo destinado àqueles que não querem aprender, de forma a assim serem apontados pelos demais colegas, o que perfaz um verdadeiro bullying institucionalizado e chancelado pela escola.

Dessa forma, acho que separar deve ser a mais extrema de todas as medidas aplicáveis a uma sociedade, em que pese ser essa a via mais fácil de todas. O professor incauto, no primeiro sinal de perturbação, convida o aluno destoante a se retirar da sala de aula. Da mesma forma o chefe que não tem a coroa da liderança dispensa funcionário que pensa de forma diversa da sua, pela mera discricionariedade de mostrar seu pouco poder de forma ríspida e arbitrária. Ademais, todas as divisões acabam gerando, no mínimo, dois grupos, justamente aqueles que ela parte. E esses grupos, por sua vez, começam a se aglutinar de forma que – ao longo do tempo – passam enxergar o outro lado como inimigo, estabelecendo preconceitos que podem, até mesmo, gerar atitudes racistas.

Há inúmeras manifestações de racismo, podendo passar pela cor da pele, pela região de nascimento ou residência, pela religião, origem, entre diversas outras. O desdém de brasileiros do centro-sul para com seus congêneres do norte-nordeste é um desagradável exemplo dessa modalidade interpretativa de racismo. Todos são brasileiros, sobretudo quando se imagina um país como o nosso, gerido nos termos de uma federação em sistema de união indissolúvel, nos termos constitucionais. Mas, alguns acabam sendo levados por indicadores meramente econômicos para se entender superiores que os demais, praticando racismo contra outros brasileiros provenientes de regiões mais setentrionais. Felizmente, o Superior Tribunal de Justiça, corte responsável pela uniformização da interpretação da legislação federal, passou a entender dessa maneira, punindo como racismo esse tipo de preconceito.

Por derradeiro, vale dizer que qualquer tipo de racismo é absurdo, traduz-se em uma triste doença social a ser eliminada. A grande vacina, mais uma vez, é a Educação. Entretanto, a colheita educativa virá nas próximas gerações. Para as atuais, o peso do Estado e as nossas atitudes de defensores de direitos e lutadores pela isonomia entre as pessoas de todas as raças deve prevalecer, o que faz exsurgir o painel multicultural que tanto enriquece o nosso Brasil.

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