O agora presidente efetivado, Michel Temer (PMDB), tomou posse na tarde desta quarta-feira (31) em cerimônia no plenário do Senado Federal, mesmo local onde horas antes os senadores decidiram pela destituição de Dilma Rousseff do cargo de presidente da República.
Muito aplaudido pelos seus aliados – maioria no Congresso –, Temer optou por não fazer um pronunciamento em sua posse, realizando apenas o juramento protocolar. A decisão de não discursar na cerimônia se deve ao fato de ele ter gravado mais cedo uma mensagem à nação que será exibida em cadeia de rádio e televisão ainda nesta quarta-feira.
O peemedebista de 75 anos de idade que ascendeu ao cargo de presidente do País no dia 12 de maio, quando Dilma foi afastada temporariamente pelo Senado, permanecerá no cargo até o fim de 2018.
A sessão que deu posse a Michel Temer foi presidida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), –antigo aliado de Dilma Rousseff. Ao cumprimentar o novo presidente, Renan sussurrou as palavras “tamo junto” [sic], conforme foi possível ouvir em áudio vazado na transmissão oficial da TV Senado.
Em seu discurso de aproximadamente cinco minutos que será transmitido a todo o País, Temer acena para o mercado e enaltece a capacidade de seu governo para recuperar a economia do Brasil. O peemedebista também fala sobre a reforma da Previdência, uma das medidas mais atacadas pelos seus opositores. Durante o julgamento do impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff chegou a dizer no plenário do Senado que o governo interino queria “retirar direitos sociais” e revisar a idade mínima para a aposentadoria para 70 anos – fato que foi negado posteriormente pelo Planalto.
“Todas as propostas do governo Michel Temer são para assegurar a geração de emprego, garantir a viabilidade do sistema previdenciário e buscar o equilíbrio das contas públicas. E todas elas respeitarão os direitos e garantias constitucionais”, informou o governo em nota.
Efetivação
Michel Temer acompanhou a votação que definiu o afastamento de Dilma Rousseff no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, acompanhado de sua mulher, Marcela, e de ministros próximos, como Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de governo), Alexandre Moraes (Justiça).
O peemedebista recebeu várias ligações cumprimentando-o enquanto estava ainda no Jaburu. Uma delas foi do senador Aécio Neves, que também se queixou da postura de Renan e do PMDB, que preservaram os direitos políticos de Dilma.
Temer recebeu por volta das 16h desta tarde a notificação de que é o novo presidente da República pelas mãos do deputado Beto Mansur (PRB-SP) e do senador Vicentinho Alves (PR-TO).
Temer e sua equipe classificaram a decisão dos senadores de manterem os direitos políticos de Dilma como “uma vergonha, um escândalo”. Segundo interlocutores do presidente efetivado, Temer rejeita essa ideia de separação das votações e considerou esta decisão “despropositada”. Estes mesmos assessores acreditam que “houve mesmo um acordão” entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, com a ajuda de inúmeros senadores do PMDB.
Ainda nesta quarta-feira, Temer viagem com uma comitiva oficial para a China, onde participará do encontro do G-20, o grupo formado pelas 19 economias mais fortes do mundo, além da União Europeia. Durante a viagem do peemedebista, a presidência do País ficará interinamente com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).