Uma manifestação de integrantes de ocupações de estudantes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) contrários à PEC 55 [que limita o teto de gastos do governo federal], feita nesta sexta-feira (18), resultou em confusão com a Polícia Militar, em Belo Horizonte.
Conforme relatos feitos nas redes sociais, os participantes, entre eles professores e funcionários em greve, acusam a PM de truculência durante o ato, no portão da universidade situado na Avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha.
De acordo com os depoimentos, manifestantes teriam se ferido no decorrer da ação por disparos de balas de borracha feitos pelos militares. O protesto, segundo os organizadores, era feito de maneira pacífica.
Um vídeo postado na página do Diretório Central dos Estudantes, no Facebook, registrou quando policiais disparam tiros, aparentemente de borracha, contra as pessoas que participavam do ato.
Segundo a PM, os ativistas fecharam o tráfego de veículos na região, causando um grande congestionamento. A polícia teria recebido, via telefone de emergência, pedidos de auxílio a pessoas que estariam passando mal e necessitando de atendimento médico. Segundo o capitão Flávio Santiago, chefe da assessoria da polícia, houve uma tentativa de negociação entre os militares e os participantes do ato “por horas”.
Ainda conforme o oficial, após esgotadas as tentativas de retirada das pessoas, o grupamento lançou bombas de efeito moral, fazendo com que os manifestantes corressem para dentro do campus da universidade.
Nesse momento, conforme Santiago, os policiais relataram terem sido atingidos por pedaços de pau e pedras lançados pelos ativistas. Ele afirmou que, diante desse cenário, os militares revidaram com disparos de balas de borracha.
Santiago afirmou que, no momento, a situação é tranquila, sendo que os policiais permanecem no local. Ele não se pronunciou sobre a possibilidade de pessoas terem se ferido na ação.
“Não somos contrários a nenhum tipo de manifestação, mas é importante que as pessoas sigam preceitos constitucionais. Nesse caso específico, a PM solicitava a eles que liberassem ao menos uma das vias [de cada sentido da avenida], permitindo o direito dos demais de ir e vir’, explicou.
Em nota divulgada no início da noite, a UFMG afirmou que “repudia veementemente os atos de violência ocorridos na manhã desta sexta-feira’.
Com críticas ao trabalho da polícia, a reitoria da universidade disse que a PM, “invadindo o Campus da UFMG, agrediu os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e colocou em risco a comunidade da Escola de Belas Artes e da Unidade de Ensino Infantil Alaíde Lisboa”, que ficam próximas ao local onde ocorreu o ato.
Em seguida, o texto afirma que “a UFMG, tendo tomado todas as providências para assistir os feridos, expressa sua indignação diante do ocorrido e sua solidariedade aos manifestantes”.
A reitoria afirmou que solicitou ao governo do Estado “apuração da responsabilidade pelo ocorrido”.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), disse por meio de uma rede social ter lamentado o episódio ocorrido na UFMG e afirmou ter “o mais profundo respeito à liberdade de manifestação, dentro dos princípios democráticos e dos ordenamentos legais”.
O petista ainda declarou que “os excessos de procedimento que porventura possam ter ocorrido nesse episódio serão devidamente apurados, com divulgação à sociedade”.
Conselho Universitário
O campus da universidade situado na Pampulha lida com prédios ocupados pelos alunos e greve deflagrada pelos professores e funcionários contrários à PEC 55.
Sobre esse assunto, em nota divulgada nesta sexta-feira (18), a reitoria da UFMG disse reconhecer o direito à manifestação de estudantes, professores e servidores técnico-administrativos [que estão em greve].
“Os movimentos provocam impactos na rotina acadêmica, condena excessos que têm sido cometidos por agentes, individuais e coletivos, da comunidade universitária”.
Conforme o texto, uma comissão foi criada com intuito de “restaurar o clima de respeito mútuo, marca do espírito universitário”, formada por diretores, técnicos-administrativos em educação, estudantes e representantes da administração central.
Essa comissão terá a missão de intermediar o diálogo, ‘avaliando as situações conflituosas e estabelecendo os serviços emergenciais e as prioridades a serem atendidas para que a instituição não seja mais prejudicada”.
Essa decisão foi tomada em reunião do Conselho Universitário, feita nessa quinta-feira (17). O conselho ainda deliberou pelo “adiamento da data de fechamento do diário de classe e, após o término dos movimentos, a discussão sobre o calendário do segundo semestre de 2016 para aquelas unidades que tiveram suas atividades interrompidas”, trouxe a nota.