Felipe de Jesus: “A profissão vai muito além de um texto escrito e de um vídeo publicado na internet”
*Da Redação Brasil Agora
*Foto capa: Universia Brasil
*Elberty Valadares (EV): Por que você escolheu fazer jornalismo?
*Felipe de Jesus (FJ): Sempre tive vontade de fazer algo que pudesse me dar asas. Ou seja, me qualificar em uma área onde eu pudesse ajudar as pessoas direta ou indiretamente. Antes de ingressar na faculdade de Comunicação Social: Jornalismo, fazia Licenciatura em Geografia. No entanto, percebi que queria algo além de lecionar e ensinar alunos. Queria algo mais amplo e vi tudo isso no jornalismo. Uma luz no fim do túnel.
*EV: Há alguma coisa que o jornalismo te ajudou em sua vida?
*FJ: Sempre aprendo com o jornalismo, é incrível como ele me surpreende. Ele me ajudou a ter mais discernimento das coisas, a ter uma visão mais ampla e mais humana. A saber que a solidariedade pode surgir quando menos se espera e que podemos aprender com pessoas que jamais vimos na vida. Com ele descobri que existe caminho para as coisas, mas antes precisamos analisar, pensar para não ofender com opiniões sem fundamento. Me ajudou a entender que ser democrático é o melhor caminho. Tudo tem dois pesos e duas medidas. Em minha opinião, o jornalismo serve para passar conforto e orientação.
*EV: Qual a maior dificuldades da profissão?
*FJ: Em tempos atuais, mostrar para a sociedade que a profissão vai muito além de um texto escrito e de um vídeo publicado em um canal. Mostrar a diferenciação entre quem noticia e quem tem de fato a capacidade para noticiar. Isso, porque vivemos na era da tecnologia, onde todos os cidadãos que tem acesso a um celular ou computador acreditam que tem o mesmo poder de atuação de um jornalista. Todavia, aprendemos nos bancos da faculdade, sobre a questão da responsabilidade de difundir assuntos de interesse público, de mudarmos rumos através de matérias escritas e reportagens, algo que poucos cidadãos sabem e conseguem diferenciar. A responsabilidade de um jornalista vai muito além de uma publicação de um texto, de um vídeo produzido de qualquer forma. A responsabilidade está na ética e na conduta da profissão, já que entre as disciplinas estudadas , passamos pela Sociologia, Língua Portuguesa 1 / 2 e 3 até chegar nas disciplinas práticas da graduação, lá pelo 4 e 5 período como: Jornal Impresso 1 / 2 e 3; Rádio 1 / 2 e 3, Redação Jornalística, TV 1 e 2; Fotografia 1 / 2 e 3 e outras displinas práticas que te mostram que é preciso de técnica e muita ética para lidar com a profissão. Vale lembrar que lidamos com vidas, seja cidadãos comuns até artistas. Somos formadores de opinião e devemos entender que a opinião de um jornalista, um profissional já graduado, pesa em certas circunstâncias. Essa para mim é a grande dificuldade, conseguir mostrar às vezes a importância e o peso da profissão para os cidadãos.
*EV: Qual foi o maior desafio da sua carreira?
*FJ: Sempre trabalhei em jornal impresso e claro, portais de notícias. Minha base forte no jornalismo sempre foi a escrita e me senti seguro com isso. Nunca achei que precisaria me reciclar e ir para outras mídias além das matérias em jornal impresso e portais. Acho a escrita de suma importância para a vida do jornalista e o profissional que forma na faculdade e não pega o gosto pela escrita, para mim é preguiçoso e perde uma grande chance de aprender, seja pela escrita, quanto pela leitura. No entanto, mesmo com essa imensa paixão pela escrita, precisei com essa grande ‘difusão de mídias’ que temos hoje e com o acesso do público as várias mídias, aprender a lidar e a praticar outras áreas do jornalismo. Primeiro fui para o rádio (frequência aberta e web) e tive que rememorar as aulas de rádio da época da faculdade, de como eram as aulas. Aprendi novamente a lidar com rádio e hoje sou colunista. Tenho uma coluna de musica: Crítica Musical e uma de Comportamento (já que sou também Sociólogo). Às vezes vou no programa ‘Ao Vivo’ e outros mando o programa gravado. Logo depois fui para as reportagens de TV Web, já que os vídeos são a grande ‘sacada’ do momento. Hoje faço pequenas entrevistas para alguns ‘canais web’ com foco na Cultura e Economia (mais comercial), mas sem perder o foco jornalístico. Ou seja, o grande desafio foi adentrar para mídias que antes eu não tabalhava. Hoje me sinto mais tranquilo em todas as mídias e o melhor, sempre me orientando através da escrita, pois escrevo tudo antes de fazer.
*EV: Você já se emocionou durante alguma reportagem ou entrevista?
*FJ: Sempre tive o jornalismo como uma arma para defender e ajudar as pessoas. Nunca para atacar ou ferir, apenas ajudar. Fiz uma entrevista para o jornal impresso sobre um show com a Nathália Fagundes e Cris Gunther no Palácio das Artes em 2009. Uma homenagem chamada “Quero ver Irene dar Sua Risada”, uma alusão a música de Gilberto Gil e Caetano Veloso (1968). O show era para angariar fundos para a mãe da Nathália, a Irene, que estava com câncer. Tivemos um bate papo no camarim onde ela falou do propósito do show, da mãe e tal. O show foi tocante, ela chorou no palco e etc. Me senti feliz em poder fazer a matéria e de certa forma contribuir com eles através do jornalismo. Não sei se a Nathália continuou na carreira musical, mas sei que de certa forma ajudei no propósito do show. Não tive notícias da mãe dela depois. Foi bem tocante e hoje vejo isso com mais clareza.
*EV: Como você imagina o futuro da profissão de jornalismo?
*FJ: Vejo muitas pessoas de fora da área falando que o jornalismo não vale à pena. Para mim ele é fundamental em uma sociedade que precisa cada vez mais de respostas. Hoje temos as ferramentas necessárias para passarmos as notícias, mas vejo que precisamos cada vez mais de pessoas preparadas para isso. Quando vejo um jovem de 18 anos adentrando para a graduação em Comunicação Social: Jornalismo, vejo que existe esperança e que as coisas vão continuar a caminhar como devem. Vejo cada vez mais a figura do ‘jornalista empreendedor’, aquele que como eu, trabalha em mais mídias como portais, jornais impressos, Tvs, produtoras, cinema e outras áreas que acoplam ao jornalismo. É assim que vejo o jornalismo. Não existe mais aquele antigo espaço chamado: ‘ficar sentado dentro de uma redação de jornal’, esperando as coisas acontecerem. Vejo o futuro com mais jornalistas trabalhando dentro da Cultura, produção de arte, agências de comunicação e etc. Mas sempre deixando claro que, onde existir um problema, uma aflição da sociedade, haverá um jornalista para sanar aquela dúvida.
*EV: Qual dica você daria para um futuro profissional de jornalismo?
*FJ: A primeira dica: Leia sempre muito e escreva ao máximo. Aprenda as técnicas: TV / Rádio / Redação seja para jornal impresso e portais. Desgrude da crítica que fazem no Facebook do chamado “textão”. A maioria dos que criticam e às vezes escrevem textos longos não são jornalistas, são apenas usuários expressando o que pensam. Você como jornalista precisa apurar, precisa analisar para passar a informação correta. De você — o quê (o que aconteceu, está ou vai acontecer) — quem (os agentes da ação) — quando (dia da semana e do mês, horas) — onde (o local do acontecimento) — como (as circunstâncias) — porquê (os motivos e as razões) para dar a notícia devem ser sempre checados. Você se graduou para isso e quem lê a sua matéria, ou assiste a sua reportagem (grande ou não), vai confiar e replicar o seu trabalho nas Redes Sociais. Você será o condutor. Assim, a dica que deixo, é que o futuro jornalista não perca as raízes da profissão que sempre foram: leitura, análise, técnica e acima de tudo, ética para lidar com a avalanche de notícias que temos hoje. Você saberá separar Fake News de notícias verdadeiras, não tenha dúvidas.
*Entrevistado:
*Felipe José de Jesus
*Graduado em Comunicação Social: Jornalismo (Universidade Estácio de Sá)
*Graduado em Ciências Sociais: Sociologia.
Bacharel e Licenciado (Uni.Polis das Artes / Uni. Bircham)
*Mestrado em Comunicação Social:* *Jornalismo C.Informação (UEMC)
*Bacharelado em Teologia: Livre (F.ESABI)
*Bacharelando em Direito (Universidade Brasil / UNIESP)
*Doutorando em Ciências Sociais e Políticas (U.Sociedade Psicanalítica SP)