A pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil em março deste ano. Os primeiros casos foram confirmados, a situação foi se agravando e logo um lockdown foi decretado para tentar achatar a curva do vírus. Mesmo assim, o país é um dos casos mais sérios da doença, com milhões de infectados e mais de 180 mil mortos até o fechamento desta matéria. Isso sem falar, claro, no disparo do desemprego e várias outras situações negativas que a crise trouxe.
Uma situação perigosa, mas que vem passando por debaixo do radar da mídia, é o fato de que o consumo de álcool disparou durante o isolamento social da pandemia do novo coronavírus. Isso tem causado preocupação nos principais órgãos de saúde do Brasil e do mundo, uma vez que as bebidas têm altíssimo potencial viciante, o que pode fazer disparar o número de dependentes químicos no país.
A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas divulgou um estudo especificando que o consumo de álcool no Brasil teve um aumento significativo em relação ao ano passado desde o início dessa quarentena. As pessoas estão bebendo mais, mesmo sem ter festas para ir. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) já afirmou que o álcool não é útil contra a Covid-19 e que seu acesso deve ser restrito durante a quarentena.
De acordo com o estudo da Abead, existem algumas razões que justificam o aumento do consumo de álcool nessa pandemia. O primeiro deles é o fato de que a ansiedade aumentou muito durante esse período e o álcool é conhecido por aliviar os seus sintomas, mesmo que de forma muito temporária. Já outra razão é ofato de que ações de prevenção estão reduzidas e com um alcance diminuto por causa da pandemia, o que ajuda a aumentar o consumo de bebida alcoólica. Por fim, é fato que as bebidas estão mais acessíveis. Basta um toque no celular para receber uma cerveja pelo serviço de bebidas delivery em Rappi ou outros aplicativos.
O problema desse hábito é que a pandemia do novo coronavírus é um cenário fértil para o aparecimento de dependências químicas. Isso porque o álcool ajuda a trazer uma sensação de euforia e de libertação da ansiedade. No entanto, ele também diminui a ativação do lobo pré-frontal, que é chamado de “freio do cérebro”. Na prática, isso significa que as pessoas ficam mais e mais impulsivas, mesmo quando estão “sónrias”. Na prática, isso se traduz no aumento de casos de violência doméstica e feminicídios nessa época de pandemia.
Além disso, o álcool, como outras drogas, hackeiam o sistema de recompensa do nosso cérebro. Basicamente, nós evoluímos ao ponto atual porque o cérebro tem um funcionamento gamificado. De maneira superficial, o cérebro solta pequenas doses de hormônio de prazer quando somos capazes de executar tarefas importantes para nosso desenvolvimento. Na prática, isso significa que nosso corpo é biologicamente programado para receber recompensas quando realizamos certas ações.
No entanto, o álcool e outras drogas acabam por liberar esses mesmos hormônios, hackeando o sistema de recompensa. Por isso, é muito mais fácil e exige menos esforço para desenvolver a dependência química do que realizar outras ações. Por isso, o cérebro humano é vulnerável à dependência química.
Não há solução para isso, exceto a conscientização de que é importante evitar estar na posição em que o sistema pode ser danificado. Uma taxa de vinho aqui e outra ali, não faz mal. Mas beber diariamente já é um sinal preocupante.
Como deu para ver, o aumento do número de pessoas consumindo álcool durante a pandemia do novo coronavírus é um problema sério. Afinal, as condições naturais da crise e do isolamento social são muito propícias para o aparecimento de dependências químicas. Isso porque o estresse, ansiedade e depressão do isolamento são momentaneamente desaparecidos pela bebida, mas voltam com mais força depois, intensificando o efeito viciante.
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Foto: Uol