Em Belo Horizonte, pacientes entre 20 e 39 anos representam elevação de 6,4% do número de infectados.
O país enfrenta o pior momento da pandemia do novo Coronavírus e chega a triste marca de mais de 11 mil casos e quase 280 mil mortes no Brasil. Em Minas Gerais, o total de infectados já contabiliza quase 1 milhão de pacientes e mais de 20 mil mortes, apenas no Estado. E apesar do início da vacinação em janeiro entre os idosos e profissionais de saúde, desde o final do ano passado, os jovens são os mais contaminados pela COVID, um cenário diferente do início da pandemia.
Segundo dados da Secretaria de Saúde da capital mineira, houve uma elevação de 6,4% no índice de pacientes com idade entre 20 e 39 anos infectados pelo vírus, desde o final do ano passado. Para o clínico geral Luís Gustavo Trindade, especialista em nefrologia, o fato pode estar relacionado à flexibilização do isolamento social, festas de final de ano, período de férias e a retomada de atividades não essenciais. “Os jovens ficam mais expostos com o retorno da rotina do trabalho presencial, além de terem uma vida social mais ativa frequentando reuniões sociais, bares e restaurantes”.
Porém, o médico alerta que engana-se quem pensa que essa faixa etária não desenvolve quadros graves ou só em pessoas com doenças crônicas pré-existentes. “Qualquer pessoa que não siga as recomendações e protocolos de segurança para prevenção da COVID pode ser contaminada e desenvolver quadros leves, moderados ou graves da doença. É preciso derrubar o mito de que o jovem reage melhor em relação à doença e possui anticorpos para combatê-la. Estamos vendo pessoas de diversas faixas etárias indo a óbito pela doença”, destacou Trindade.
Não é hora de relaxar!
O especialista acredita que houve um relaxamento do isolamento social em um momento delicado. “As pessoas estavam cansadas de ficar em casa, veio a ansiedade, a solidão e com a volta das atividades não essenciais, viram a oportunidade de voltar a vida ao normal, uma decisão precipitada, pois o vírus não foi embora e pouca parcela da população foi vacinada”, afirma Luís Gustavo.
Para o médico, a doença precisa ser tratada com seriedade. “É muito complicado e triste o que estamos vivendo nos hospitais. As pessoas não estão dando a real importância às medidas de isolamento, uso de máscara e álcool gel, principalmente os jovens. Essas medidas são essenciais para enfrentar o vírus. Se todos seguirem as recomendações, o combate será mais eficiente”.
Ainda de acordo com o clínico, se os decretos das prefeituras e governos forem seguidos, mais rápido vamos combater o vírus. “Não é hora de aglomerar, fazer festas ou viagens. Precisamos nos resguardar. A vacina já é uma realidade e aos poucos todos estarão vacinados, o que nos traz esperanças de dias melhores”, garante.
Fonte: Luís Gustavo Trindade é médico especialista em Clínica Médica pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) no Hospital João XXIII. Possui título de especialista em nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia. Possui especialização em transplante renal e transplante pâncreas-rim. Atualmente faz parte do corpo clínico da Rede Mater Dei de Saúde, atuando como clínico geral (@luisgustavo.trindade).