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As chuvas que atingem parte da Região Norte do Brasil continuam causando a elevação do nível dos rios que cortam o estado do Amazonas, mantendo a população e as autoridades de várias cidades em estado de atenção.
No aviso de riscos geo-hidrológicos que divulgou hoje (23), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) aponta como “alta” a possibilidade de ocorrência de enchentes na capital, Manaus, e em cidades vizinhas, já que o volume d´água no rio Amazonas continua aumentando.
Quinze bairros geralmente impactados pelas cheias do rio Negro vêm sendo monitorados há semanas. Segundo a assessoria da Defesa Civil de Manaus, cerca de cinco mil famílias vivem nestas localidades – as que moram em áreas de maior risco estão sendo cadastradas pela prefeitura e, caso o nível do rio Negro atinja a marca de 29,40 metros de profundidade, terão que deixar suas casas. Hoje, o nível, que vem subindo ininterruptamente há mais de mês, chegou a 28,61 metros.
Em uma nota divulgada em seu site no último dia 12, a prefeitura de Manaus afirmou que a cheia deste ano deve ser uma das mais severas dos últimos tempos. Pontes e passarelas provisórias estão sendo construídas em comunidades da orla e da zona rural para preservar o acesso.
De acordo com o hidrólogo do Cemaden, Jorge Luiz Barbarotto Júnior, a lenta e gradual elevação do nível do rio Amazonas e de alguns de seus principais afluentes, como o Negro, tende a durar meses, dependendo do volume das chuvas.
“O que causa a maior elevação do nível dos rios amazônicos são as precipitações anômalas, ou seja, chuvas além da média normal para todo o período. No momento, eu não saberia precisar a quantidade, mas está chovendo bastante. Devido a este acúmulo, o nível dos rios da região vem subindo há meses e, no caso do rio Negro, está chegando próximo à cota de inundação severa. Daí o alto risco para Manaus, já que, por seu porte, a cidade está susceptível de sofrer danos maiores”, explicou Júnior à Agência Brasil.
Outras regiões
O Cemaden também alertou, hoje (23), sobre a “moderada” possibilidade de ocorrências nas mesorregiões Sudoeste, Sul e Centro do Amazonas, devido à elevação gradual dos rios Juruá, Purus e Solimões/Amazonas.
Além disso, para as mesorregiões do Baixo Amazonas, entre o norte do Pará e o Amapá e as bacias dos rios Tapajós, Xingu e Parauapebas, no Pará, o centro considera moderada a probabilidade de inundações pontuais e alagamento temporário de áreas rebaixadas devido a pancadas de chuvas mais fortes ao longo desta sexta-feira.
De acordo com a Defesa Civil estadual, 13 cidades amazonenses decretaram situação de emergência devido a inundações causadas pela cheia dos rios nos últimos meses. Sete delas ficam na calha do rio Juruá (Guajará, Envira, Eirunepé, Itamarati, Ipixuna, Carauari e Juruá); cinco na calha do rio Purus (Pauini; Boca do Acre; Lábrea; Canutama e Tapauá) e uma na calha do Rio Madeira (Borba).
Além destas, outros 24 municípios amazonenses estavam em estado de alerta na data do último balanço divulgado pela Defesa Civil estadual, no último dia 19. São eles: Manaus, na calha do Rio Negro; Manicoré, Novo Aripuanã e Nova Olinda do Norte (rio Madeira); Anori, Caapiranga, Manacapuru, Iranduba, Manaquiri e Careiro Castanho (Baixo Solimões); Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Nhamundá, Urucará, São Sebastião do Uatumã, Parintins e Maués (Baixo Amazonas) e Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça e Tonantins, na calha do Alto Solimões.
Em apenas sete municípios da calha do rio Juruá (Guajará, Eirunepé, Envira, Ipixuna, Carauari, Itamarati e Juruá), a situação afetou, de alguma forma, 60.324 pessoas. Já na calha do Purus, a Defesa Civil estadual calcula que ao menos 44.481 pessoas foram afetadas até o último dia 19, principalmente em Boca do Acre, que decretou situação de emergência em meados de fevereiro.
Ainda no começo de março, o governo estadual criou a Operação Enchente 2021, prometendo destinar R$ 67 milhões para ações de ajuda humanitária, como a doação de cestas básicas; instalação de abrigos e de estações de tratamento de água; crédito financeiro e anistia de dívidas, entre outras iniciativas.
Ao anunciar a operação, o governador Wilson Lima afirmou que ao menos 50 cidades amazonenses devem ser diretamente atingidas pelas enchentes deste ano. “Estamos trabalhando com a previsão de que mais de 50 municípios sejam afetados pela enchente, e isso envolve aproximadamente 400 mil pessoas”, explicou Wilson Lima.