Em um contexto onde as relações interpessoais e intrapessoais estão em cena, especialista ressalta a importância da comunicação e da consideração ao próximo
Uma das principais medidas de prevenção contra a pandemia causada pelo novo coronavírus, como o distanciamento social e a quarentena, desencadeou vários conflitos no convívio familiar. Tais discordâncias de interesses particulares são resultado de efeitos psicológicos, influências e, em alguns casos, instabilidade financeira.
A coordenadora do curso de Psicologia da Estácio, Suely Faria, frisa que o contexto crítico causado pela Covid-19 aumentou a tensão entre as pessoas. “Algumas situações evidenciadas expõem a discordância entre opiniões, desejos e objetivos, alterando a comunicação no contexto íntimo e familiar. Devemos considerar que alguns choques de sentimentos são causados por consequências da pandemia, como o desemprego, diversas instabilidades (financeira, emocional), efeitos psicológicos no enfrentamento da morte e separações, influenciam na ocorrência dos conflitos”, relembra.
Diante das reações conflitantes do dia a dia, todos são afetados negativamente, o que resulta na busca de auxílio de profissionais de todas as áreas. “Historicamente, crianças, mulheres e pessoas com alguma doença ou deficiência são os mais vulneráveis”.
Suely alerta ainda sobre as estratégias que devem ser colocadas em prática durante a convivência social. “Em um ambiente plural, a comunicação realizada de forma clara estabelece uma conexão direta, evitando duplos entendimentos. É de suma importância que, nessas situações, sejam postas em pauta a empatia, o respeito pelo próximo e a compaixão”, frisa.
Em um cenário desafiador, vale ressaltar que a família se comporta como um grupo com costumes, história e objetivos que a distingue de outras famílias. Portanto, a percepção da diferença não está voltada somente para fora, para a sociedade, mas o outro que está ao meu lado. Em sua maioria, os conflitos ocorrem durante rotinas em espaços de convivência social, sejam em horários de alimentação, home office, atividades sociais e até mesmo em ambientes de estudos.
A comunicação efetiva e não violenta é fundamental no desenvolvimento das habilidades sociais, e mediar conflitos é uma tarefa dos membros de um grupo, logo, da família. “Conflitos podem ser solucionados antes que se cheguem a casos extremos. “Cabe ressaltar que em setembro e outubro de 2020 foram registradas 104 denúncias de violação de direito, sendo alguns casos de abusos e agressões, envolvendo pessoas de 30 a 54 anos, onde autores estão no ciclo familiar ou de amizade”, destaca Suely, conforme dados apresentados pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
Em casos de ameaças à integridade física e psicológica, é recomendado acionar os canais institucionais de denúncia, como o disque 100 e o 190, os Conselhos Tutelares e da Comunidade, além dos demais serviços de segurança e saúde pública. “Ausência de conflito não significa felicidade. Freud (1930) nos apresenta a importância que atribuímos à felicidade como uma condição essencial à vida. Olhando por essa perspectiva, devemos ser razoáveis e compreender que as necessidades são individuais e distintas”, complementa a coordenadora da Estácio.