IBGE prevê safra recorde de 264,5 milhões de toneladas para 2021



A safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve atingir o recorde de 264,5 milhões de toneladas em 2021. Com isso, a produção deve superar em 4,1% a de 2020, que somou 254,1 milhões de toneladas.

Os dados constam da estimativa de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado hoje(12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do recorde, a estimativa de abril para a safra de 2021 é 0,2% menor do que a feita em março, o que representa 409,9 mil toneladas a menos.

“É a primeira vez que temos queda na estimativa mensal neste ano. Isso ocorreu porque há três safras no Brasil e houve atraso no plantio da primeira safra, conhecida como safra verão ou ‘das águas’. Isso atrasou a colheita da soja e, consequentemente, o plantio da segunda safra”, disse, em nota, o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.

De acordo com o pesquisador, na segunda safra ou a “safra das secas”, as chuvas são mais restritas. “Essa safra, consequentemente, foi plantada tardiamente. Há uma condição de insegurança climática maior e está faltando chuva. Então o que está caindo é a produção da segunda safra”, acrescentou Barradas.

O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos do grupo de grãos, cereais e leguminosas e, somados, representam 92,9% da produção. Segundo o IBGE, outro recorde é esperado na safra da soja, que deve chegar a 131,9 milhões de toneladas, uma alta de 8,6%, ou 10,4 milhões de toneladas, na comparação com o ano anterior.

“Quase toda a produção da soja foi colhida na safra verão. Até faltou um pouco de chuva, mas a partir de dezembro as chuvas voltaram e houve uma boa produtividade”, afirmou Barradas.

Já a estimativa da produção do milho grão caiu 0,5% em relação à feita no mês anterior e deve chegar a 102,5 milhões de toneladas. Apesar dos aumentos de 5,6% na área plantada e de 5,9% na área a ser colhida, a safra deve ser 0,7% menor do que no ano anterior.

“Como a colheita da soja atrasou, consequentemente o plantio da segunda safra do milho também atrasou. É ela que está no campo agora e, como está faltando chuva, as estimativas estão caindo. Só no Paraná, em relação ao mês anterior, houve uma queda na estimativa de produção da segunda safra do milho de 8,6%, o que representa 1,2 milhão de toneladas”, explicou o pesquisador.

A estimativa de produção da batata inglesa aumentou 5,7% em relação a março. Considerando as três safras, a produção deve chegar a 3,9 milhões de toneladas. “Há um aumento de 15,1% na primeira safra em relação ao ano anterior. É uma cultura que varia muito com o preço. Se o preço aumenta, os produtores plantam mais. Foi o que aconteceu na primeira safra, que teve uma boa produção.”

Segundo o levantamento, o café deve ter sua produção reduzida em 24,3% frente ao ano passado, chegando a 2,8 milhões de toneladas.

“No Brasil, há dois tipos de café. Um é o arábica, que representa 75% da safra, e o outro é o canephora ou conillon, que representa 25%. E há no cafeeiro do tipo arábico a bienalidade, ou seja, quando em um ano a produção é muito boa, no ano seguinte ela é menor, devido à exaustão das plantas. No ano passado, tivemos um recorde de produção de café arábica, então esse declínio é esperado, porque é próprio da fisiologia da planta”, informou o pesquisador.

A cana-de-açúcar teve sua produção estimada em 654,7 milhões de toneladas, uma redução de 2,1% em relação à estimativa de março. Já em comparação à produção de 2020, a queda é de 3,4%. Isso representa 23,2 milhões toneladas a menos.

“Regionalmente, as regiões Sul (11,7%), Sudeste (6%), Norte (1,3%) e Nordeste (4,1%) tiveram acréscimos em suas estimativas. A produção do Sul deve chegar a 81,6 milhões de toneladas, o que equivale a 30,9% do total do país e a do Sudeste, 27,3 milhões de toneladas (10,3% do total). O Nordeste deve produzir 23,5 milhões (8,9% do total) e o Norte, 11,1 milhões (4,2% do total). Já o Centro-Oeste deve produzir 120,9 milhões de toneladas em 2021 (45,7%), com a queda de 0,7% em sua estimativa”, informou o IBGE.

Segundo a pesquisa, entre as unidades da Federação, o Mato Grosso lidera, com uma participação de 27,2% na produção total do país, seguido pelo Paraná (15,3%), Rio Grande do Sul (13,4%), Goiás (9,8%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Minas Gerais (6,4%), que, somados, representaram 80,4% do total nacional.

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