A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 estimou que cerca de 18,3% das pessoas com mais de 18 anos no Brasil, o equivalente a 29,1 milhões, sofreram algum tipo de violência psicológica, física ou sexual nos 12 meses anteriores à entrevista.
Além disso, cerca de 12% (3,5 milhões) dessas vítimas deixaram de realizar atividades habituais em decorrência da violência sofrida. Em 2019, o país tinha 159,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade.
Os dados da pesquisa foram divulgados hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A amostra foi feita em 108 mil domicílios.
A PNS também estimou que 17,4% da população (27,6 milhões de pessoas) sofreram violência psicológica, 4,1% (6,6 milhões), violência física e 0,8% (1,2 milhão) sofreu violência sexual. A maior parte dos autores desses três tipos de violência é algum conhecido das vítimas que, em sua maioria, eram mulheres. Jovens e pessoas pretas e pardas foram as que sofreram mais violência.
Na violência física, para as mulheres, em 72,8% dos casos a agressão foi cometida dentro da residência. No caso dos homens, a maior parte das agressões (42,1%) ocorreu em locais públicos.
Em 2019, 1,2 milhão de pessoas sofreram violência sexual nos 12 meses anteriores à entrevista, dos quais 885 mil (73%) eram mulheres e 332 mil (27%), homens.
A pesquisa também mostrou que 8,9% das mulheres com 18 anos ou mais de idade no país já sofreram violência sexual em algum momento das suas vidas, o que corresponde a 7,5 milhões.
Sexo e saúde
A idade média para a primeira relação sexual foi 17,3 anos. Entre os homens, a idade média da primeira experiência sexual foi 16,4 anos, inferior à das mulheres (18,1 anos). Apenas 6,1% das pessoas com 18 anos ou mais de idade entrevistadas afirmaram jamais terem tido relações sexuais.
Entre os adultos que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8% (26,6 milhões de pessoas) usaram preservativo em todas as relações sexuais.
Pela primeira vez, a PNS 2019 investigou sintomas ou diagnósticos médicos de doenças transmissíveis, incluindo infecções sexualmente transmissíveis (IST). A estimativa é que 0,6% da população com 18 anos ou mais (cerca de 1 milhão de pessoas) teve diagnóstico de IST nos 12 meses anteriores à entrevista.
Segurança no trânsito
Cerca de 79,7% das pessoas de 18 anos ou mais de idade usam constantemente cinto de segurança no banco da frente, quando dirigiam ou eram passageiros. A prevalência desse uso foi maior entre as mulheres (81,5%), na área urbana (82,6%) e entre os idosos (84,8%). Já a proporção de pessoas que sempre usavam cinto quando andavam de automóvel no banco de trás foi de 54,6%.
“A utilização do cinto no banco da frente já está bastante difundida, mas no banco de trás ainda não se tornou um hábito das pessoas no Brasil”, disse a analista da pesquisa, Flávia Vinhaes.
Em 2019, das pessoas que informaram dirigir motocicleta, 82,6% sempre usavam capacete. Entre as pessoas entrevistadas que dirigiam moto ou automóvel, 70% disseram que nunca manuseavam o aparelho celular durante a condução, enquanto 3,1% sempre o manuseavam e 10,6%, às vezes.
No Brasil, 2,4% da população adulta, o correspondente a 3,8 milhões de pessoas, se envolveram em acidentes de trânsito com lesões corporais nos 12 meses anteriores à entrevista. Destes, 59,5% ocorreram com o uso da motocicleta.
Trabalho
Em 2019, a pesquisa estimou que 2,6%, o equivalente a 2,6 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, sofreram algum acidente de trabalho. Dessas, 68,7% eram homens e 31,3% mulheres.
Cerca de 49% (ou 48,5 milhões) das pessoas ocupadas com 15 anos ou mais de idade estavam expostas a fatores que poderiam afetar sua saúde, como ruído, materiais radioativos, resíduos urbanos ou material biológico, entre outros.
A PNS também constatou que o tempo médio de deslocamento de casa para o trabalho (somando-se os trajetos de ida e volta) no país era de 4,8 horas semanais, sendo 4,9 horas em área urbana e 3,5 horas em área rural. Mas essa média semanal para as pessoas pretas (5,6 horas) era superior às das pardas (4,9 horas) e brancas (4,4 horas).
Segundo a pesquisa, quase 3 milhões de pessoas não contam com nenhuma rede de amparo familiar, sendo cerca de 603 mil delas idosos com 60 anos ou mais.