Policiais da Delegacia de Cabo Frio apreenderam um adolescente de 15 anos de idade, que ameaçava pelas redes sociais um ataque a uma escola particular na cidade da Região dos Lagos. A descoberta da ação foi possível graças ao Laboratório de Operações Cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que identificou que as ameaças partiam da cidade de Cabo Frio.
Com as informações repassadas pela equipe do ministério, a Polícia Civil do Rio de Janeiro conseguiu identificar e apreender o adolescente suspeito, que teria divulgado a ação em suas redes sociais.
De acordo com o ministro da Justiça, Anderson Torres, “a tecnologia se torna cada vez mais fundamental para a resolução de crimes. Neste caso, a ação rápida e conjunta entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Polícia Civil do Rio evitou uma tragédia. Esse é o nosso compromisso com a sociedade”.
A ação ocorreria dois dias depois do ataque a uma creche na cidade de Saudades, em Santa Catarina, que deixou cinco mortos, sendo três bebês, uma professora e uma auxiliar.
Segundo o delegado da Polícia Civil de Cabo Frio Carlos Eduardo Almeida, “no dia [5], por volta das 22h, recebemos informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública e montamos uma operação para esta manhã. As equipes foram até o local apontado nessas informações. Fomos recebidos pela mãe do adolescente. Na busca, conseguimos encontrar todo o material que estava sendo postado pelo adolescente em uma plataforma de rede social”.
Mensagens
Em uma das mensagens postadas, o menor apreendido dizia ter começado a planejar o ataque no dia 4 de maio e iria realizar o ato dois dias depois, ou seja, na quinta-feira (6). A intenção seria atacar na hora do recreio, no mesmo horário do massacre em Realengo. O internauta afirmou que mataria um professor e dois funcionários da escola, além de alunos. Uma arma branca e coquetéis molotov seriam usados na ação.
O massacre em Realengo, zona oeste do Rio, ocorreu no dia 7 de abril de 2011, por volta das 8h30, na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos de idade, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando 12 deles, com idade entre 13 e 15 anos, e deixou mais de 22 feridos. O assassino foi interceptado por policiais, mas cometeu suicídio antes de ser detido.
Na residência do suspeito foram encontrados materiais para fabricação de coquetel molotov, desenhos que simulavam a ação contra a escola, além de outros artefatos. O perfil que o usuário utilizava nas redes sociais tinha a imagem de Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre de Realengo.
O delegado Carlos Eduardo informou que “o adolescente foi ouvido, em companhia dos pais e com toda a tranquilidade, e disse que realmente ia perpetrar essa ação”.
O coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça, Alessandro Barreto, disse que “cada vez mais a tecnologia é empregada para a prática de crimes. Tecnologias ofertadas com fins lícitos são empregadas de forma criminosa. A apreensão do adolescente, após a publicação de ameaças de ataques em redes sociais a uma escola na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, demonstra uma ação oportuna da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério da Justiça e Segurança Pública para reprimir crimes praticados na internet com reflexos no meio físico”.