As universidades federais foram responsáveis pela produção de pelo menos 691.471 litros de álcool em gel e álcool líquido; 651.254 máscaras de proteção facial; 515.079 escudos faciais [face shields], além de serem responsáveis pela realização de 661.839 exames de testagem para a covid-19 em 2020. Ao todo, 85,5 milhões de pessoas foram impactadas por estas e outras ações conduzidas pelas instituições federais no ano passado, o que corresponde a cerca de 40% da população brasileira.
Os dados foram apresentados hoje (31) pelo Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom) como parte da pesquisa Conhecimento e cidadania: ações de enfrentamento da covid-19 realizadas pelas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) 2020, em transmissão online.
“Acho fundamental a apresentação desses resultados. Eles mostram, em números, mostram concretamente o que agente fez, quantos projetos de extensão, projetos de pesquisa, defesa de teses e dissertações, toda a gama de ações que as universidades fazem no dia a dia, apesar da pandemia, apesar da suspensão das atividades presenciais”, diz a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Joana Angélica Guimarães, que é 2º vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior.
Joana explica que muitas das atividades passaram a ser desempenhadas remotamente, mas mesmo assim, as instituições impactaram a sociedade. Foram 50.066 estudantes formados na graduação e 133.628 alunos com matrículas ativas em mestrados e doutorados. Ao todo, 197.521 estudantes receberam algum tipo de auxílio para seguirem os estudos.
As instituições voltaram parte das atividades ao combate à pandemia e a mitigação das consequências dela. Nos 50 hospitais universitários vinculados a 35 universidades, foram disponibilizados mais de 2 mil leitos para pacientes com covid-19, sendo 700 de Unidades de terapia intensiva (UTIs).
De todos os 29.451 projetos de extensão conduzidos no ano passado, 2.487 eram diretamente relacionados à pandemia. Dentre os 73.825 projetos de pesquisa registrados, 2.015 estão relacionados de alguma forma à pandemia. Foram realizadas também mais de 1 mil ações voluntárias, em diversas áreas.
Joana diz que todas essas ações evidenciam que, apesar de dificuldades orçamentárias, as instituições seguem cumprindo o papel perante a sociedade. “A universidade precisa de investimento para trabalhar de maneira plena, mas isso mostra o esforço que a universidade faz para manter as atividades e atender às demandas e expectativas da sociedade brasileira”, diz.
Logo após a sanção do Orçamento de 2021, o governo anunciou o contingenciamento de R$ 9,2 bilhões e o veto de R$ 19,8 bilhões em gastos. Os cortes foram necessários para garantir a execução de despesas obrigatórias que haviam sido remanejadas para emendas parlamentares.
Nesse processo, o Ministério da Educação teve cerca de R$ 3,5 bilhões cortados: R$ 2,73 bilhões bloqueados temporariamente e R$ 1,2 bilhão vetados. Quase a totalidade dos cortes, na ocasião, referiam-se a verbas para o ensino superior, com a alegação de que as universidades não estavam funcionando presencialmente durante a pandemia de covid-19.
No último dia 14, o Ministério da Economia anunciou a liberação de R$ 2,61 bilhões para essas instituições de ensino. Os recursos ajudarão a recompor o orçamento de gastos discricionários, como contas de luz, telefone, internet, água, material de escritório, combustíveis, manutenção de prédios e de equipamentos. No caso das universidades, o pagamento de bolsas também é considerado despesa discricionária. Segundo Joana, os reajustes não vêm apenas deste ano, mas somam-se a restrições orçamentárias de anos anteriores o que impacta as atividades das instituições.
A pesquisa Conhecimento e cidadania: ações de enfrentamento da covid-19 realizadas pelas IFES (2020) foi feita a partir de questionários aplicados entre fevereiro e abril deste ano. Participaram 48 das 69 instituições federais de ensino.