A técnica da seleção feminina de futebol, Pia Sundhage, comentou pela primeira vez a denúncia de assédio sexual envolvendo o presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo. Nesta quinta-feira (10), em entrevista coletiva transmitida pela CBF TV, a treinadora admitiu que o caso mexeu com o grupo, que está reunido para disputa de dois amistosos em Cartagena (Espanha), preparatórios para a Olimpíada de Tóquio (Japão). O primeiro deles nesta sexta (11), às 16h (horário de Brasília), contra a Rússia.
“É algo muito serio. Eu gostaria de poder explicar isso em sueco, pois inglês não é a minha língua materna e as palavras são muito importantes. É uma situação séria na qual fomos colocadas. Algo que, claro, falamos sobre. Você olha e tem sua opinião pessoal. Conversamos com as atletas. Informamos o que estava acontecendo e todas tiveram oportunidade de opinar e falar a respeito. Cada uma de nós, acredito, precisa ter responsabilidade sobre as respostas”, declarou Pia.
“No fim do dia, temos que dar um passo adiante. Estamos nos aproximando da Olimpíada. Sim, ficamos um pouco arrebatadas por toda essa situação e acho que é importante voltarmos o foco para o campo”, completou a técnica.
A coletiva de Pia foi o único contato com a imprensa organizado pela entidade desde segunda-feira (6), quando a seleção se reuniu na Espanha. Um dia antes, no domingo (5), o Comitê de Ética da CBF afastou Caboclo por 30 dias e que o processo envolvendo o dirigente, que se diz inocente, “tramitará perante a referida comissão, com a finalidade de apurar a denúncia apresentada”.
Últimos testes
Após o embate contra a Rússia, nesta sexta (11), a seleção encara o Canadá, na próxima segunda-feira (14), também às 16h, Com 26 atletas à disposição após a chegada da zagueira Antonia, do Madrid CFF (Espanha), convocada na última quarta-feira (9), Pia pretende começar os jogos com a mesma base, diferente do que fez em partidas recentes, onde promoveu várias mudanças na formação entre um duelo e outro.
Na atividade desta quinta (10) à tarde, a treinadora definiu o time titular com Bárbara; Letícia Santos (de volta à seleção após 15 meses, a maior parte deles se recuperando de uma lesão no joelho direito), Bruna Benites, Rafaelle e Tamires; Formiga, Andressinha, Debinha e Marta; Bia Zaneratto e Ludmilla.
“Espero um time coeso. Se der tudo certo, teremos uma equipe parecida contra Rússia e Canadá. O mais interessante será [observar] quem virá do banco, porque esta será a jogadora que mudará o estilo da partida e isso será muito importante na Olimpíada. Teremos só dois dias de intervalo entre os jogos [em Tóquio]. Algumas delas ficarão cansadas, por isso precisaremos mudar. E, talvez, fazer mudanças por razões táticas”, explicou a treinadora, que admitiu ter “uma ou duas” dúvidas na equipe que considera ideal.
“Ainda estamos um pouco incertos quanto a defesa. Eu disse que iria com seis defensoras e ainda é o meu objetivo. Mas ainda não temos certeza de que vai. A Erika [zagueira do Corinthians] estava contundida e se recuperou, mas ainda vamos testá-la. A razão de a Antônia estar aqui é para que todas sintam que têm de ir além na competitividade, mas também olhando o futuro”, explicou Pia.
A seleção feminina está no Grupo F da Olimpíada e estreia dia 21 de julho contra a China, na cidade de Rifu. No dia 24, no mesmo local, encara os Países Baixos. Por fim, no dia 27, em Saitama, as brasileiras encerram a participação na primeira fase diante da Zâmbia. A expectativa é que a lista com as 18 convocadas para Tóquio seja divulgada na próxima semana.
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