Série Depoimentos Cariocas entrevista o antropólogo Roberto DaMatta



O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ), vinculado à Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública (Segovi), apresenta, a partir de hoje (8), a segunda entrevista da série Depoimentos Cariocas, no seu perfil no Youtube. O personagem escolhido é o antropólogo Roberto DaMatta, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O primeiro depoimento, que abriu a série em maio, foi o do jornalista, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Zuenir Ventura. Os depoimentos vão ao ar mensalmente.

O coordenador de Promoção Cultural do AGCRJ, Pedro Paulo Malta, explica que a escolha dos entrevistados, cariocas honorários ou não, se baseia, em primeiro lugar, em terem história para contar. “Ter lastro e tempo de estrada e, junto com isso, ter uma produção sobre o Rio de Janeiro, seja um livro, seja um filme, seja uma série de reportagens, um enredo de escola de samba, um ensaio fotográfico. Enfim, ter, em algum momento, pensado o Rio de Janeiro”.

Roberto DaMatta “está entre os nomes dos grandes pensadores da cidade e do país. Especificamente DaMatta, com livros que são fundamentais como, por exemplo, A Casa e a Rua, de 1997, que fala da estrutura do nosso pensamento, do nosso jeito de ser, dos privilégios da casa e as leis da rua, o conflito entre uma coisa e outra na formação do nosso jeito de ser”, disse Paulo Malta.

Ainda segundo Paulo Malta, a obra de DaMatta publicada em 1979, intitulada Carnavais, Malandros e Heróis, “é uma leitura do jeito de ser da cidade do Rio de Janeiro através desses símbolos importantes para o povo carioca”. 

O coordenador de Promoção Cultural do Arquivo Geral da Cidade chamou a atenção também para o fato de o antropólogo Roberto DaMatta ser natural de Niterói, cidade da Região Metropolitana do estado. “Então, a visão que ele tem do Rio de Janeiro é a visão do outro lado da Baía [de Guanabara]. É uma visão de quem olha de longe”. Embora tenha morado em Copacabana, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, “ele fala muito dessa visão de fora, de um Rio com entranhas complexas, como a nossa cidade é”.

Memórias

Próximo de completar 85 anos de idade, no dia 29 de julho, DaMatta fala na entrevista sobre sua relação com o Rio de Janeiro, com memórias que remetem à década de 1940, quando fez suas primeiras visitas à cidade, que acabou se tornando personagem fundamental de seus livros. 

Ele diz se lembrar de avistar da Baía de Guanabara o Mercado Municipal e o Aeroporto Santos Dumont, duas maravilhas que encantavam o então menino de 10 anos de idade. “Íamos a pé até a Cinelândia, onde assisti no Cine Palácio a filmes como Joana D’Arc, estrelado por Ingrid Bergman”, lembra.

Roberto DaMatta herdou da mãe pianista o amor pelo carnaval. Ela fazia saraus com a família ao som das marchinhas de Lamartine Babo, Braguinha e da música de Pixinguinha. Em sua formação como antropólogo, recordou o tempo que passou com tribos indígenas, como os Apinajé, que habitavam território onde hoje fica o estado de Tocantins. 

Dessa época, ele narra também sobre a convivência com grandes brasileiros como Darcy Ribeiro, “o homem mais carismático que conheci na minha vida; era um homem que quando falava você ouvia uma mosca voando”, e do drink que tomou com o antropólogo Gilberto Freire, na varanda do Copacabana Palace Hotel, de quem recebeu o incentivo para conhecer o interior do país, “o Brasil profundo”.

A próxima entrevista, que irá ao ar em julho, será gravada no final deste mês com o sambista, compositor, escritor, pesquisador e advogado Nei Lopes, cuja obra tem grande parte dedicada ao Rio de Janeiro.

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