Coluna – As torcidas já fazem as contas para o acesso na Série B



A Série B deste ano era vista como a mais difícil dos últimos tempos. Afinal, pela primeira vez, iríamos ver disputando as quatro vagas para a Série A de 2022 cinco equipes que já contam, em seu currículo, com títulos brasileiros na Primeira Divisão: Botafogo, Coritiba e Vasco, que caíram no ano passado, e Cruzeiro e Guarani, remanescentes e que não conseguiram o acesso em 2020.

Mas o que estamos vendo não é bem isso. Muito pelo contrário. Já com a primeira rodada do returno, ou seja, com mais da metade da disputa realizada, só o Coritiba atende à expectativa criada e lidera a Série B, com três pontos de vantagem para o CRB. E os demais? O Botafogo está colado no G4, mas nunca esteve lá; o Vasco enfrenta um momento ruim, com três derrotas consecutivas; o Guarani, que também não vence há três jogos, está no meio da tabela; e o Cruzeiro, que passou pela zona do rebaixamento para a Série C, tenta se recuperar com a chegada do técnico Vanderlei Luxemburgo, mas ainda aparece na parte de baixo da tabela.

Daí, que já tem gente fazendo contas. A discussão, inclusive, se estendeu ao programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil, no último domingo (22). Veja como foi no vídeo abaixo.

O fato é que a estatística recente não colabora com esses campeões. Nos dois últimos anos, 2019 e 2020, os quatro times que terminaram o turno nas primeiras posições formaram o G4 no fim do torneio. Diante desse quadro, Coritiba, Goiás, Avaí e CRB seriam os classificados para a Série A de 2022. Mas. quando a gente amplia a pesquisa, o horizonte clareia um pouco mais.

De 2018 a 2015, sempre houve mudanças no G4, do primeiro turno para a conclusão do campeonato. Nesses quatro anos, em dois houve apenas uma troca; nos outros dois, houve duas. Pode ser pouco, mas já é algo para se agarrar. É interessante observar que, em 2016, o Avaí era o 15º colocado no turno, dez pontos atrás do quarto, e ficou com uma vaga, com uma campanha surpreendente no returno em que somou 43 pontos – para se ter uma ideia do que isso representa, nenhum campeão de turno nos últimos sete anos, incluindo 2021, atingiu essa pontuação. Sem dúvida, é algo fora da curva, que também aconteceu com o Bahia, no mesmo ano, descontando oito pontos para ao G4 e subindo. Nos outros anos o máximo que alguém conseguiu tirar de diferença foram cinco pontos – o Santa Cruz, em 2015.

Outro ponto que chama a atenção é o fato de os classificados para a Série A conseguirem campanhas melhores no returno, com pontuação mais alta, acima dos 34 pontos. E é aqui que voltamos a falar da matemática. Porque temos de pensar na pontuação mínima para o acesso. E 64 pontos é o que garante a vaga na Série A. Veja bem, garante, porque, ano passado, o Cuiabá subiu com 61; em 2019, o Atlético-GO com 62 e, em 2018, o Goiás, com 60.

Olhando a classificação dos turnos, nesses últimos anos, o de 2021 ficou com um G4 bem semelhante aos de 2015 e 2016, em que os quartos colocados terminaram com 33 pontos. E nesses dois anos, a vaga na Série A foi obtida com 63 pontos (o Bahia, em 2016) e 65 (o América-MG, em 2015). Então, recomenda-se trabalhar para chegar aos 64 este ano.

Daí que o Guarani, com 30, precisaria de 34;  Botafogo, com 29 pontos no fim do turno, de 35; o Vasco, com 28, de 36. E o Cruzeiro, com 21, de 43, aquela pontuação histórica do Avaí. Como se vê, todos necessitam, e muito, melhorar de desempenho neste returno. Se não for assim, corre-se o risco de, em 2022, a Série B ter um novo recorde de clubes campeões da primeira divisão brigando pelo título.

* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil

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