Retrospectiva 2021: Brasil faz história na Olimpíada de Tóquio



A capital japonesa foi palco, em 2021, de um feito histórico do esporte olímpico brasileiro. Na edição dos Jogos de 2020, disputada nesse ano por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), o Time Brasil faturou 21 medalhas. Foram sete ouros (igualando o recorde da edição de 2016 no Rio de Janeiro), seis pratas e oito bronzes. Total que representou a melhor campanha verde e amarela nos 125 anos de história dos Jogos Olímpicos da era moderna, desde a edição inaugural em Atenas 1896.

As conquistas levaram o Brasil ao 12º lugar no quadro de medalhas e ao pódio em 13 modalidades. O desempenho feminino colaborou de forma decisiva para o sucesso nacional. De forma inédita, as brasileiras conquistaram 3 ouros em uma edição e totalizaram 9 pódios (foram ainda 4 pratas e 2 bronzes). Ao todo, 42,3% dos pódios verde e amarelos vieram de atletas do sexo feminino. A marca mais expressiva anteriormente era de 41,2% das conquistas, obtida em Pequim 2008 (2 ouros, 1 prata e 4 bronzes).

A prata de Rayssa Leal, no skate, foi uma das conquistas mais emblemáticas. Aos 13 anos, a Fadinha ignorou a pressão de estar na estreia da modalidade em Olimpíadas e deu um verdadeiro show, ficando atrás apenas da anfitriã Momiji Nishiya na pista do Complexo Ariake.

Outra brasileira que fez história em Tóquio foi Rebeca Andrade. A paulista de Guarulhos foi espetacular no Centro de Ginástica de Ariake. Com o ouro no salto, e a prata no individual geral, ela faturou as primeiras medalhas do país no naipe feminino da modalidade em Olimpíadas.

Já Mayra Aguiar alcançou o bronze na categoria até 78 kg do judô e se tornou a primeira mulher brasileira a ser dona de três medalhas na história dos Jogos em modalidades individuais. Por outro lado, a dupla Laura Pigossi e Luisa Stefani talvez tenha sido a responsável pela medalha mais improvável do Time Brasil no Japão. Elas conseguiram a vaga para participar dos Jogos na data limite (16 de julho), após a desistência de outras duplas. E, depois, foram derrubando várias adversárias consideradas favoritas até chegarem à decisão do bronze contra as russas Elena Vesnina e Veronika Kudermetova. Na quadra número 1 do Ariake Tennis Park, as paulistas fizeram 2 a 1 de virada e colocaram o Brasil pela primeira vez no pódio da modalidade.

Se a conquista das tenistas não era esperada, o bicampeonato de Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX não surpreendeu ninguém. Após faturarem o ouro no Rio de Janeiro e em Tóquio, as velejadoras ingressaram na seleta lista de bicampeãs, que tem as jogadoras de vôlei Fabi Alvim, Fabiana Claudino, Jaqueline Carvalho, Paula Pequeno, Sheilla Castro e Thaisa, campeãs nos Jogos de 2018 (Pequim) e de 2012 (Londres).

Outra medalha cercada por uma história sensacional foi o ouro da maratonista aquática Ana Marcela Cunha. Antes de Tóquio, ela já estava entre as maiores atletas da história da modalidade, tendo no currículo conquistas como quatro ouros em Mundiais e 18 títulos em Copas do Mundo. Mas faltava a medalha olímpica. Em Pequim e no Rio de Janeiro, ela ficou fora do pódio. Porém, no Japão a brasileira não deu chance para nenhuma adversária e foi dominante no circuito de 10 quilômetros montado na Marina de Odaiba, fechando a prova em 1h59min30s8.

Outras duas pratas fecharam as conquistas das mulheres do Brasil em Tóquio. Na categoria até 60 kg do boxe, Bia Ferreira foi superada apenas na final pela irlandesa Kellie Harrington. Já a seleção feminina de vôlei acabou perdendo na decisão para o time dos Estados Unidos por 3 sets a 0 (25/21, 25/20 e 25/14) e ficou com o vice-campeonato. A campanha marcou a despedida da seleção de, pelo menos, duas atletas: a ponteira Fernanda Garay e a líbero Camila Brait. Mas, por outro lado, apresentou no palco olímpico novos talentos como as estreantes em Jogos Rosamaria, Ana Cristina e Carol.

Entre os homens, foram três ouros em modalidades individuais e outra medalha dourada em esportes coletivos. Ítalo Ferreira deixou para trás todos os concorrentes, entre eles o compatriota Gabriel Medina, e foi o melhor nas águas da Praia de Tsurigasaki na estreia da modalidade no programa olímpico.

No boxe, na categoria até 75 kg, Hebert Souza também foi o melhor no Ryogoku Sumô Hall. Na canoagem, na prova do C1 1000 metros, o baiano Isaquias Queiroz conquistou o bicampeonato olímpico nas águas da Sea Forest Waterway.

Liderada pelo técnico André Jardine, a equipe brasileira de futebol masculino faturou o bicampeonato com quatro vitórias e dois empates. Na decisão, o time verde e amarelo ganhou da Espanha por 2 a 1 na prorrogação.

Já as pratas dos homens brasileiros vieram do skate. Kelvin Hoefler, na modalidade street, foi ao pódio atrás apenas do japonês Yuto Horigome e faturou a primeira medalha do Time Brasil em Tóquio. A terceira e última conquista brasileira no Centro de Esportes Urbanos de Ariake, local das disputas do skate, veio com Pedro Barros na modalidade park.

Enquanto isso, seis atletas brasileiros voltaram do Japão com medalhas de bronze. Na primeira edição olímpica, Daniel Cargnin, na categoria meio-leve (até 66 kg), foi ao pódio e ganhou a segunda medalha do Time Brasil em Tóquio. No Centro Aquático da capital japonesa, Bruno Fratus cravou 21s57 nos 50 metros livre, a prova mais rápida da natação. O americano Caleb Dressel foi ouro, com o tempo de 21s07, novo recorde olímpico, e o francês Florent Manaudou levou a prata, com 21s55. O outro bronze foi do gaúcho Fernando Scheffer. Na prova dos 200 metros livres, o nadador do Minas Tênis Clube ficou atrás apenas dos britânicos Thomas Dean e Duncan Scott.

O estádio Olímpico foi palco de outras duas conquistas. Uma saiu nas provas de campo, o bronze do Thiago Braz no salto com vara. Na pista, Alison dos Santos deu show nos 400 metros com barreiras conquistando a primeira medalha nacional nesse tipo de prova desde o bronze de Robson Caetano nos 200 metros rasos em Seul 1988.

O outro bronze da delegação nacional foi conquistado no boxe. Na categoria peso pesado, Abner Teixeira acabou superado pelo cubano Julio la Cruz na semifinal e, como não há disputa pelo terceiro lugar na modalidade, o pugilista garantiu o bronze. Essa foi a primeira medalha da equipe nacional na modalidade no Japão.

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