A confiança do consumidor recuou 1,4 ponto em janeiro e atingiu 74,1 pontos. Nas médias móveis trimestrais, a retração é de 0,7 ponto, para 74,8 pontos, após ter se mantido relativamente estável no mês anterior. Esses são dados do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) divulgado hoje (25) dentro da publicação da Sondagem do Consumidor.
Para os pesquisadores, a piora das expectativas para os próximos meses, ao mesmo tempo em que a avaliação sobre a situação atual se acomodou depois de recuar em dois meses seguidos, contribuiu para a diminuição da confiança em janeiro. Enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) teve alta de 0,5 ponto, passando para 66,1 pontos, o Índice de Expectativas (IE) caiu 2,7 pontos, chegando a 80,7 pontos.
A coordenadora das Sondagens, Viviane Seda Bittencourt, observou que a confiança dos consumidores começa o ano em queda, influenciada pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses. No entanto, na visão de Viviane, a retomada do auxílio emergencial e uma percepção mais favorável sobre o mercado de trabalho parecem ter contribuído para a redução da distância entre a confiança dos consumidores de alta e baixa renda. A coordenadora alerta que ainda há incertezas que podem influenciar o comportamento do consumidor, que depende também da evolução do mercado de trabalho.
“A piora das expectativas com relação à situação econômica geral e às finanças familiares, no entanto, sugerem que a relativa satisfação com a situação corrente em janeiro pode ser temporária, havendo ainda muita incerteza quanto à evolução do endividamento das famílias de baixa renda. A mudança desse cenário continuará dependendo da recuperação do mercado de trabalho, controle da inflação, e redução da incerteza, num ano que se inicia com surto de Ômicron e Influenza e termina com as eleições”, disse.
A relativa estabilidade das avaliações dos consumidores sobre a situação atual retrata a alta de 0,8 ponto no indicador que mede a satisfação sobre as finanças pessoais, alcançando 60 pontos, após dois meses de quedas consecutivas. Já o indicador que mede as percepções sobre a situação econômica atual variaram 0,2 ponto para 73 pontos. Apesar disso, a FGV destacou que os dois se mantêm em patamar muito baixo em termos históricos.
Para os próximos meses, o indicador que mais influenciou o índice foi o que mede as expectativas sobre a situação econômica referente aos períodos que ainda vem. O indicador recuou 4,5 pontos, para 99,6 pontos, ficando abaixo do patamar de neutralidade, depois de três meses de recuperação. Outro recuo foi notado no que mede as perspectivas sobre a situação financeira familiar. A retração ficou em 0,9 ponto passando para 84,6 pontos. O ímpeto de compras para os próximos meses permaneceu em queda pelo quinto mês consecutivo. Com a queda de 2,5 pontos para 60,3 pontos, o indicador chegou ao menor valor desde maio de 2021.
Renda
A avaliação por faixa de renda mostrou melhora da confiança para os consumidores de menor poder aquisitivo (até R$ 4.800), mas um movimento contrário nas famílias com renda acima de R$ 4.800. O destaque ficou com as famílias de renda acima de R$ 9.600, cujo ICC caiu 3,6 pontos. No entanto, nas famílias de mais baixa renda (renda até R$ 2.100), a expansão alcançou 5,4 pontos no ICC. Segundo a FGV, este “é o segundo movimento positivo após 5 meses consecutivos de queda, recuperando em janeiro 50% da redução observada entre junho e outubro de 2021”.