Os riscos das doenças cardiorrespiratórias também estão presentes em muitos ambientes de trabalho. A constatação é da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Um estudo desenvolvido pelas duas entidades mostra que trabalhadores submetidos a longas jornadas de trabalho estão mais sujeitos a doenças cardíacas e a derrames.
Mas não apenas isso. Os dados da OMS e da OIT revelam que, entre 2000 e 2016, houve um aumento de 29% nas mortes por doenças cardíacas em trabalhadores nessas condições. E somente entre 2016 e 2021, 745 mil pessoas vieram a óbito literalmente por excesso de trabalho. A pesquisa mostra que as mortes tiveram em comum a carga horária superior a 55 horas semanais.
“Isso significa que os ambientes corporativos devem se preparar melhor para atender a seus colaboradores em situações graves”, explica Marco Antônio Marques Félix, médico geriatra, instrutor de Suporte Avançado de Vida pela American Heart Association e especialista da Cmos Drake, empresa fabricante de desfibriladores cardíacos há mais de 30 anos. “Quando falamos em prevenção para segurança do trabalho, costumamos lembrar dos EPIs, de um pequeno kit de primeiros socorros e da Cipa, a comissão de prevenção de acidentes. Mas esquecemos que nessas ações, e nesse kit, deve estar também presente um item essencial para contornar um mal súbito como um infarto por exemplo”, acrescenta.
Segundo o médico, é necessário que as empresas conscientizem-se que é também imprescindível investir em equipamentos que solucionem os problemas mais graves e emergenciais. No caso das doenças cardíacas, ele recomenda que se tenha um Desfibrilador Externo Automático (DEA) nas dependências da empresa. O aparelho é capaz de socorrer pessoas que estão sofrendo parada cardíaca. “O DEA pode ser manuseado por qualquer pessoa, e é a garantia de um socorro rápido capaz de salvar uma vida que não seria salva caso esperasse pela chegada do resgate especializado. E cabe à Cipa, divulgar sobre a existência e localização do DEA na empresa, dar as devidas instruções sobre seu simples manuseio, assim como ter colaboradores preparados para os primeiros socorros em geral”, pontua.
O principal motivo que o especialista da Cmos Drake menciona para que as empresas mantenham o DEA em suas instalações é o tempo entre a parada cardiorrespiratória e a chegada da equipe de atendimento médico. “A partir do momento em que ocorre a arritmia cardíaca maligna, começa uma contagem regressiva de aproximadamente 10 minutos. É este o tempo médio que uma pessoa suporta um problema no coração, pois a cada minuto, a chance de sobrevivência reduz em 10%. Se não há uma garantia de que o atendimento médico chegue dentro desse prazo, também não há uma garantia de que o indivíduo poderá sobreviver. E o DEA aumenta muito as chances, caso o atendimento com o equipamento seja realizado rapidamente, justamente antes da chegada do socorro”, observa Marco Antônio.
Rede de prevenção
O médico também alerta para a necessidade de se criar uma rede de prevenção pronta para atender pessoas que enfrentam o problema. Como a maioria dos casos não acontece dentro dos hospitais, mas em locais que fazem parte do cotidiano das vítimas, é preciso intensificar a presença do DEA, não somente nas empresas, como também em diversos outros locais públicos, assim como os próprios condomínios residenciais.
“Os hospitais estão equipados para receber um paciente que está sofrendo de ataque cardíaco, mas o problema é que raramente é lá que acontece a arritmia cardíaca maligna, e quando ela acontece, não há tempo hábil para chegar ao hospital. É preciso equipar também os condomínios residenciais e comerciais, shoppings, clubes, estádios e outros locais de aglomeração de pessoas. O risco é bem maior nesses lugares do que dentro de um hospital”, alerta o especialista da Cmos Drake.
Fotos: CMOS DRAKE/Divulgação