Ator viverá o fazendeiro Simplício Dias na série “Jenipapo – A fronteira da independência”, que estreia em outubro, além de “A Magia de Aruna”, série do Disney+, e “Musa Música”, do canal Gloob, ambas com estreia em 2023. Ele fala também de “A hora do boi”, monólogo que levará aos palcos no segundo semestre de 2022, que traz uma versão humanizada de São Francisco de Assis
“Independência ou morte”, famosa frase intitulada a D. Pedro se tornou o grande marco da independência do Brasil, que completa 200 anos em 2022. Para celebrar a data histórica, em outubro estreia a série “Jenipapo – A fronteira da independência”, na TV Cidade Verde, filiada ao SBT. A história tem como protagonista o ator Vandré Silveira, no papel do fazendeiro Simplício Dias, figura importante na luta pela Proclamação da República do País.
– Foi sem dúvida meu trabalho mais maduro. Dar vida a uma figura histórica tão importante é um grande desafio, por fazer parte do imaginário social – aponta Vandré.
Simplício foi o maior incentivador à adesão da luta do Piauí na Independência do Brasil. Figura controversa, o fazendeiro e comerciante foi um dos homens mais ricos e poderosos do Brasil Colonial. Além disso, o personagem era conhecido por ser escravocrata e pelo seu lado cruel.
– Como ator, o grande desafio foi humanizar este homem, visto por alguns como herói e por outros como um grande vilão. Essa dualidade e complexidade me interessam muito na construção de um personagem – acrescenta.
A Batalha de Jenipapo, retratada na série, foi uma das guerras mais sangrentas na história do país, e ao mesmo tempo decisiva no processo de Independência. Apesar disso, o evento ainda é desconhecido para boa parte da população.
– Estou animado por ter a oportunidade de contar essa história, que faz parte da nossa construção como nação. É fundamental conhecermos os erros do passado, para evitá-los no futuro. Um país sem memória é uma nação sem identidade – complementa.
Um dos pontos importantes na série é a relação entre o personagem e seu cavalo, uma história dotada de misticismo. Há inclusive quem diga que o animal do fazendeiro está enterrado na capela Nossa Senhora das Graças, no Piauí. Por isso, o ator precisou focar bastante na montaria.
– Eu já tinha feito hipismo há 20 anos e decidi retomar as aulas de equitação para ter segurança nas filmagens. Essa experiência foi incrível, porque reacendeu minha paixão pelo esporte – detalha.
A relação com os animais não se limita a série, sendo uma causa levantada frequentemente por Vandré. Através das redes sociais, o ator procura conscientizar as pessoas sobre a importância de mudar a visão antropocêntrica, que subjuga os animais e coloca o homem como centro do universo.
– Sempre tive uma conexão muito forte com os animais. São seres que possuem a capacidade de percepção através dos sentidos. É cruel a maneira como o ser humano se relaciona com os animais. É preciso ter mais respeito e compaixão com todos os seres – ressalta.
A paixão pelos bichos impacta totalmente a carreira do ator que, no segundo semestre desse ano, estrelará o monólogo intitulado “A Hora do boi”, que trata da questão da crueldade animal, e aborda também São Francisco de Assis, mostrando o lado humano do padroeiro dos animais.
– Sempre quis abordar a história do homem que foi Francisco de Assis, de uma forma não religiosa. Foi uma pessoa que entendeu e praticou o amor por todos os seres, a partir de uma visão inclusiva em que o homem é parte do todo – explica.
A peça, que tem argumento de Vandré, com texto da Daniela Pereira de Carvalho, direção do André Paes Leme e direção de produção do Caio Bucker, acompanha a história de Francisco, um homem que trabalha em um abatedouro de bovinos e constrói uma relação afetiva com o boi Chico. Porém, com a hora do abate se aproximando, o personagem entra em conflito, trazendo a figura do narrador Francisco de Assis que permeia a história com momentos de leveza e reflexão.
– O principal ponto é como lidar com o sacrifício do Chico, um ser cuja vida tem como objetivo o consumo humano, uma prática naturalizada na sociedade – diz.
Na TV, além de “Jenipapo”, Vandré também faz participação em “A Magia de Aruna”, produção da Disney+ com previsão de estreia para 2023 na plataforma. Na produção ele viverá o oficial Silva responsável por realizar uma operação policial no bairro da Margem, bairro fictício da produção, para investigar um roubo.
– 2022 tem sido um ano de voltar ao batente e isso tem sido uma experiência maravilhosa. Após esse tempo mais difícil da pandemia é uma alegria retornar aos sets de filmagem, é um momento emocionante. Continuamos com as medidas de prevenção ao Covid, mas nos enche o coração de alegria e esperança este retorno do audiovisual – completa o ator.
O ator também estará na série “Musa Música”, do canal Gloob escrita por Rosane Svartman, e com previsão de estreia em 2023.
Para saber mais sobre o trabalho de Vandré Silveira, acesse https://www.instagram.com/vandresilveira/
Sobre Vandré Silveira
Vandré Silveira é dono de um extenso currículo no mundo das artes. O ator completou 40 anos em 2021, 20 deles dedicados ao mundo das artes, com vários destaques na TV, Cinema e Teatro.
– É um grande prazer viver de arte. No entanto, é difícil, infelizmente, pois nem sempre ter um vasto currículo, com trabalhos nos palcos, cinema e televisão, significa que você será chamado frequentemente para trabalhar. Nós, atores, enfrentamos muitos percalços todos os dias. São vários testes e nem sempre conseguimos aquele papel para o qual nos empenhamos tanto. Mas não se pode desanimar. Temos que seguir em frente lutando pelo que acreditamos – diz.
Atualmente no ar pelo CineBrasilTV, ele vive o caminhoneiro Eurípedes na série “Amor dos Outros”. A produção foi gravada em 2019 em São Luis (Maranhão), com produção da Framme Produções e direção de Alexandre Mello.
– Na série, interpreto o personagem Eurípedes, um caminhoneiro, que é marido de Sandra (Júlia Horta). Ele é muito apaixonado, mas ciumento, e volta para a estrada para satisfazer a amada, que tem o sonho de ter uma casa própria fora dos padrões básicos. É um homem bom, porém machista, um bronco, que acha que a mulher tem que ficar em casa cuidando do lar. Em um certo momento, para ajudar na renda familiar, ela acaba indo trabalhar, escondida dele, como camareira em um motel. Isso vai causar uma série de conflitos e uma crise muito forte entre eles – completa.
Ele ainda ressalta que foi uma benção fazer um caminhoneiro, pois tem um avô que encarava as estradas no volante, então foi o regaste de sua ancestralidade.
– Eu aprendi a dirigir caminhão, tive algumas aulas e foi mágico. Foi muito gratificante fazer o Eurípedes. Um personagem rústico, mas, ao mesmo tempo, doce. Um ser humano muito afetivo – finaliza Vandré.
Além do talento e ser conhecido por ser um ator camaleônico, Vandré também ganhou status de sex symbol, não somente no Brasil, mas também no exterior. Com a novela ‘Jesus’, que foi exibida em mais de 32 países, entre eles Estados Unidos, Colômbia, México, Angola, Uruguai, Portugal, Inglaterra, Chile e, mais recentemente, na Argentina, onde foi líder de audiência na Telefe, maior emissora do país.
Apesar do personagem aparecer sempre coberto na trama, os fãs da novela entraram nas redes sociais do ator e viram que o intérprete de Lázaro, além de bonito, está em forma e isso fez com que o ator recebesse bastantes elogios.
– Fico lisonjeado com os elogios. Mas acho que ser sexy está relacionado com se sentir bem consigo mesmo. Ser quem você é, sem buscar se encaixar em padrões irreais de beleza – explica.
Após o sucesso em ‘Jesus’, Vandré viveu um personagem bem diferente. No fim de 2019, ele deu vida ao personagem Tibério, que foi o advogado de Josiane (Agatha Moreira) em ‘A Dona do Pedaço’.
– Eu lembro que na época brincaram muito com isso, falavam ‘de amigo de Jesus para advogado do diabo’. E isso é muito bom, pois muitas pessoas me dizem que tenho como característica ser um ator muito camaleônico. Nesse caso, eu tive que entender esse personagem. Gosto de humanizar os personagens e tive um retorno bom. Alguns advogados criminalistas me procuraram para dizer que estavam agradecidos, pois se viram bem representados na televisão. Poder viver essa história e dar vida a esse personagem foi uma delícia e agradeço muito ao Walcyr Carrasco e à Agatha, que foi uma ótima parceira de cena – enfatiza.
Além da TV, Vandré acumula sucessos também nos palcos. Ele tem um vasto currículo, onde se destaca por sua versatilidade.
– Nesses 20 anos de carreira já fiz muitas peças, entre elas teve o meu primeiro projeto autoral: o monólogo ‘Farnese de Saudade’, com direção de Celina Sodré, sobre o artista plástico Farnese de Andrade. Eu estreei em 2012 e a última temporada que fiz foi no teatro Poeirinha (RJ) em 2018. Foi muito especial, pois atuei, escrevi a dramaturgia, criei a instalação cenográfica e ainda fomos agraciados com prêmios e indicações – ressalta.
Além de Farnese, ele fez outros papéis memoráveis como em ‘O Homem Elefante’, com direção de Cibele Forjaz e Wagner Antônio, em 2015, em que dava vida ao personagem título e comoveu muitas pessoas com sua atuação em temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. ‘A Casa Apodrecida”, versão teatral livremente inspirada no romance realista ‘O Primo Basílio’, escrito por Eça de Queirós e publicado em 1878, que teve direção de Leonardo Bertholini e Vandré interpretava o próprio Basílio.
– Foram muitos trabalhos que levo com muito carinho e espero que em breve possamos retornar com o teatro que é tão importante para a cultura do nosso país – finaliza Vandré.