O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, pediu a empresários que o ajudem a pautar o debate sobre as distorções do modelo econômico brasileiro e as consequências da elevação da taxa de juros para a sociedade.
“Se a taxa de juros de uma economia é consistentemente superior à rentabilidade média dos negócios, esta economia para”, disse o trabalhista ao participar, hoje (29), de um debate promovido pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).
Ciro Gomes, que promete uma reforma fiscal, a reestruturação do pacto federativo e maior estímulo ao investimento público em parceria com a iniciativa privada, vem criticando repetidamente o que classifica como um sistema de transferência de renda da força produtiva para o setor financeiro, na forma do pagamento de altas taxas de juros.
“Ajudem-me a fazer isso chegar à inteligência do nosso povo, maior vítima disso e que só vai entender [o tema] se houver uma grande corrente de opinião [feita] por nós, que temos capacidade de ajuizar estas coisas e traduzi-las pedagogicamente”, acrescentou o candidato ao afirmar que a fórmula econômica adotada no país há pelo menos três décadas desestimula a atividade produtiva, prejudicando a renda do trabalhador, a lucratividade de quem produz e minando os recursos públicos que deveriam ser destinados a áreas importantes.
“Aquele que repete uma retórica inconsequente; que diz que saúde, educação ou segurança pública são prioridades, mente ou revela uma alienação, pois o Brasil não terá condições de priorizar isto ou aquilo [mantendo o atual modelo econômico]”, afirmou Gomes, voltando a citar que o país precisaria aplicar 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) apenas para manter a infraestrutura já existente, mas investe apenas cerca de 1,3%.
“E sem infraestrutura a economia não anda. A produtividade sistêmica do Brasil decai há décadas. Parte disso tem a ver com a destruição da nossa indústria e parte com o envelhecimento do parque tecnológico brasileiro”, disse Ciro antes de voltar a sua proposta inicial. “Portanto, repito: será uma indesculpável alienação ou uma mentira grosseira falarmos sobre infraestrutura [ou qualquer outra prioridade] sem enfrentarmos o debate sobre a inflação e o financiamento do Estado brasileiro. Dois temas que o debate político tem que aclarar”, pontuou o candidato, lamentando que o que classificou como “futricas” eleitorais ocupem espaço do debate político.