Artistas e profissionais do setor de eventos de Belo Horizonte divulgam carta aberta sobre proibição de shows no Mineirão



Documento é assinado por mais de 50 instituições e solicita abertura ao diálogo com os órgãos competentes

Artistas, produtores culturais e outras instituições ligadas ao setor de eventos na capital mineira divulgaram uma carta aberta sobre a Ação Civil Pública, aberta no último dia 14, em que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede a proibição da realização de eventos no estádio do Mineirão. No documento, os participantes enaltecem a importância do espaço para a promoção da cultura e do turismo em Minas Gerais; reafirmam que os moradores merecem ser acolhidos; que é justa e cabível a reclamação, se assim o poder público, com seus instrumentos legais de fiscalização, controle e concessão de licenças, verificar; e que estão abertos ao diálogo. Confira o texto completo abaixo.

Não se cala um Gigante assim. Nós, produtores de eventos, empresários, artistas, fornecedores e entidades representativas da música, da cultura e do turismo de Minas Gerais, que assinam abaixo, estamos surpresos e indignados com as notícias veiculadas pela imprensa acerca de uma Ação Civil Pública, movida pelo Ministério Público de Minas Gerais, que pede a proibição de eventos no estádio do Mineirão.

Num momento de retomada do setor, após dois anos e meio sofrendo as consequências da pandemia de Covid-19, a atitude intempestiva de silenciar o maior palco de shows do Estado é um ato inadmissível e de efeitos incalculáveis para as artes, para a economia e para o turismo mineiro. Estudo do Ipead, realizado no ano de 2019, mostrou que os eventos promovidos pelo Mineirão foram capazes de movimentar R$ 948 milhões na economia mineira e criar quase 6 mil empregos no ano.

E aqui, faz-se, de antemão, a ressalva de que a comunidade do entorno do estádio deve ser sim acolhida nos seus direitos perante à lei para não ser perturbada com ruídos além dos limites estabelecidos pela norma. É justa e cabível a reclamação, se assim o poder público, com seus instrumentos legais de fiscalização, controle e concessão de licenças, verificar. Estranha-se, no entanto, que os caminhos do diálogo sejam colocados de lado por uma atitude que, antes mesmo de um parecer da Justiça, já traz temor e inquietude aos frequentadores e aos demais entes do segmento.

O Mineirão tem agenda divulgada para os próximos meses, com ingressos vendidos e à venda, e o compromisso dos produtores com fornecedores e prestadores de serviço. Além de prejuízos comerciais e contratuais – já acertados ou os que viriam a ocorrer –, o reflexo foi percebido de imediato, com uma avalanche de questionamentos nas redes sociais de toda a cadeia produtiva.

E se já não bastasse, é desrespeitoso e desumano colocar em xeque – apenas para ficar em um exemplo – o último show da carreira do cantor e compositor Milton Nascimento, ícone da Música Popular Brasileira, marcado para o dia 13 de novembro. É de igual forma temerário e insensato desvirtuar o planejamento de milhares e milhares de fãs deste ou daquele cantor ou estilo musical que lá se apresentará nas próximas semanas.

Esta carta é um manifesto pelo Mineirão mas, essencialmente, pela cidade de Belo Horizonte, que, aos poucos, volta aos trilhos do turismo de negócio, dos festivais musicais e de atrações internacionais, antes limitadas ao eixo Rio-São Paulo. Um povo festeiro e hospitaleiro como o mineiro merece um lugar grandioso para extravasar seus anseios.

O Mineirão não é meu, não é seu. O Mineirão é nosso, como cantam as torcidas há mais de 50 anos. Ele é patrimônio do Estado de Minas Gerais, hoje, administrado pela iniciativa privada. Palco de craques do futebol e, cada vez mais, de artistas da música. Tornou-se multiuso e eclético, com espaços para diferentes paixões.

Faz parte da rota do entretenimento de Minas Gerais. Que emociona, que diverte, que emprega milhares de pessoas, direta e indiretamente. O Mineirão é um instrumento de cultura belo-horizontina e uma roda gigante da economia mineira, junto com outros equipamentos. Fez e faz acontecer. Realiza sonhos. Promove espetáculos. Pulsa na veia de quem o desfruta. É parte da minha, da sua, da nossa vida. Tem história e merece respeito. Queremos diálogo. O pleito de proibir é radical. Precisamos construir pontes e não fechar portas.

Assinam esta carta:

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)

Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (ABAV)

Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)

Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE)

Associação de Marketing Promocional (Ampro)

Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE)

Câmara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH)

A Macaco Indústria Criativa

All Star Tenders

Armazém dos Stands

Armind

Beer Promo Eventos

Belo Horizonte Convention &Visitors Bureau

Box Entretenimento

Castro&Soier

Central dos Eventos

Company Events

Curta Arquitetura

Do Brasil Live

Efeitos Eventos

Épico Eventos

Fartura

Festival Aproxima

HBA Tecnologia

Híbrido comunicação e cultura

Horta Produções & Eventos

Hotel Ouro Minas

Irmarfer Brasil

Jota Quest

Kbine

LS Produções

Lspro

LsproLog

Lucs Promoções

Malab Produções

Mercograff

Milton Nascimento

Minascentro

NaSala

Nenety Eventos

Nó de Rosa Produções

OTM Produções

Palácio das Mangabeiras

Pampa Elétrica

Pampulha Turismo

Pato Fu

PoloBH

RG Produções

Secreto

Sepex

Sette Turismo

Skank

Somtec

Sympla

Tim Soier Promoções

Trio Produtora

VK Carregadores

Usina de eventos

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