Inédito em BH, espetáculo “Outono” discute as relações entre o ser humano e o meio ambiente

Espetaculo Outono – Foto Hermes Oliver (210).


Em cartaz nos dias 4, 5 e 6 de novembro dentro da programação da Mostra Minas Funarte, novo trabalho da Cia Mineira de Teatro mescla dança e teatro. O grupo de São João Del Rei (MG) promove ainda um ateliê criativo com participação do público.

A partir de 4 de novembro, sexta-feira, a Cia. Mineira de Teatro chega pela primeira vez a BH com o espetáculo de dança-teatro “Outono”. Dirigido por Diego Matos, o quarto trabalho do grupo de São João Del Rei une, em cena, as linguagens da dança e do teatro mesclando coreografias e jogos verbais para refletir sobre as relações do ser humano com a natureza. A montagem tem curta temporada, na Funarte, até 6 de novembro, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, dentro da programação do Programa Funarte Aberta – Mostra Minas. Todas as sessões possuem intérprete de Libras. Os ingressos custam R$20 e R$10 (meia) e estão à venda na bilheteria do teatro ou pelo Sympla: https://bit.ly/3gzd2pk. O grupo oferece ainda, gratuitamente, uma ação de compartilhamento de processo, em que espectadores – selecionados por chamada pública – acompanham os bastidores da cena, desde a chegada da equipe ao teatro até a apresentação. Mais informações para o público: (31) 3213 3084.

“Outono fala de um mundo cheio de polaridades e jogos de poder, com menos didatismo e mais poesia, para quem sabe, tocar o espectador numa via diferente: pela pele, pela beleza e pela técnica. É uma metáfora existencial dos nossos tempos: remonta paisagens de um mundo vivido e paisagens de um mundo possível”, conta a atriz e uma das fundadoras da Companhia Mineira de Teatro, Priscila Natany.

No palco, a artista e o parceiro de cena, o ator e bailarino Júnio de Carvalho, se encontram num espaço de convívio delimitado e vivenciam situações cotidianas em que tentam reconstituir a natureza. A partir de narrativa atual sobre uma sociedade devastada, em declínio, o trabalho apresenta, de forma poética, o conflito entre a natureza humana e o mundo artificial. “Fomos inspirados por Ailton Krenak quando o indígena fala de um mundo que está em queda e do nosso divórcio com a natureza que nos coloca diante de algo cada vez mais mecânico e artificial”, acrescenta Júnio de Carvalho.

O texto também faz referência à poesia de Matilde Campilho (escritora portuguesa) e de Bruna Beber (poeta fluminense), que criam paisagens visuais dentro dos seus poemas. Embora a dramaturgia acene para a relação ser humano X natureza, o espetáculo dá margem para que o espectador crie o próprio roteiro e faça diferentes leituras. “Está longe de entregar ao público uma comunicação única, mas perto de provocar diferentes sensações”, acrescenta o diretor Diego Matos.

É na sala de ensaio que a temática ambiental de “Outono” ganha corpo, a partir dos experimentos de dança-teatro. O ponto de partida foi investigar o movimento como possibilidade de comunicação e o verbo como alternativa, e não como essência da performance teatral. “Apostamos na relação dos corpos dentro de um espaço reduzido, depois a relação entre corpos e objetos, corpo e som. Começaram a surgir pequenos fragmentos que, para nós, diziam muito sobre diferentes tipos de relação, entre elas, homem e natureza”, relata Diego Matos.

Os processos de criação da Cia Mineira são historicamente pautados pelo entrecruzamento de linguagens. Seus integrantes possuem formação e experiência nas áreas da Fotografia, Artes Visuais, Teatro, Dança e Performance. Em cena, essa diversidade de referências é estendida aos elementos da encenação. “No caso do figurino, optamos por peças minimalistas, atemporais e versáteis, capazes de contribuir para a formação de imagens poéticas e possibilitar o amadurecimento das personas dos atores”, conta Diego Matos. O cenário de “Outono” traz a reprodução artificializada de um mundo natural como grama sintética, água engarrafada, sons mecanizados, fios de microfones, extensões, galhos simulados, ventiladores e cadeiras metálicas, retilíneas e padronizadas. “Elementos que ampliam o conflito da relação homem x natureza e contribuem para uma leitura mais direcionada”, completa o diretor.

A dramaturgia sonora do espetáculo é guiada pelo som mecânico de ventiladores junto à trilha do compositor Divan Guattamorta. Há também, em cena, um microfone, que atravessa as barreiras do espaço e ultrapassa limites físicos, permitindo aparições de uma voz que simboliza um eco “ou quiçá um último grito de sobrevivência”, afirma Júnio. O bailarino conta que a iluminação ajuda a recortar quadros da encenação. “Ora revela detalhes minuciosos, ora varre todo o palco de uma floresta devastada”, afirma. A fotografia também é explorada como linguagem. “Alguns estudos de sintaxe e composição visual acabam entrando para a cena, como noções ligadas a enquadramento, contraste, padrões repetitivos, espaços negativos, profundidade de campo, estruturas geométricas, etc…”, conta Priscila, que além de atriz também é fotógrafa.

A peça Outono estreou em outubro de 2019 através do Prêmio Poente Cultural do Centro Cultural da UFMG, com apresentação no SESIMINAS YVES ALVES (Tiradentes MG); Foi apresentada no “Mova-se, Festival de Solos, Duos e Trios de Manaus –AM”, em 2020. Em 2022 fez curta temporada no Sesc Garagem (Brasília-DF), através do projeto “Em câmbio: Cenas de Minas” e integrou a programação da Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena e do 33º Inverno Cultural da UFSJ.

ATELIÊ CRIATIVO

O Ateliê Criativo oferece nos dias 2 e 4 de novembro, duas vagas para pessoas interessadas em estar na montagem do espetáculo (presenciando a organização dos elementos técnicos, de cenário, luz, ensaio, aquecimento, até o momento da entrada do público). Essa ação se desenvolverá como forma de desvendar a artesania do ofício teatral e aproximar a população dos meios de produção artísticos. Interessados podem fazer inscrição pelo link https://forms.gle/cNbK1WPEtjao7BFKA.

Segundo a atriz Priscila Natany, a ação é voltada para quem tem interesse na área e nunca viveu uma experiência tão próxima do cotidiano da profissão. “Os selecionados ficarão por dentro de todo nosso cronograma de trabalho. Desde a chegada, para montagem, acompanhando a organização dos profissionais nos seus afazeres com o preparo da cenografia, iluminação, sonoplastia, até o aquecimento dos atores antes de entrar em cena. Com isso, além de desvendar um pouco do processo da produção teatral, eles poderão conversar com os técnicos para entender sobre as escolhas estéticas, os tipos de equipamentos utilizados, etc.”, diz.

 

Este projeto foi contemplado no Edital para o Programa Funarte Aberta- Mostra Minas – Funarte MG 2022 e tem classificação livre.

FICHA TÉCNICA

Atuação: Priscila Natany e Júnio de Carvalho | Direção: Diego Matos | Trilha sonora: Divan Gattamorta | Figurino e cenário: Diego Matos | Iluminação: Priscila Natany | Técnico e operador de luz: Geraldo Saldanha | Operação de som: Paloma Arantes | Produção de objetos: Taísa Campos | Cenotécnico: Luís Cláudio Resende | Costureira: Maria de Lourdes | Interlocução artística: Sara Marchezini e Maria Clara Ferrer | Produção: Cia Mineira | Arte Gráfica: Priscila Natany | Fotografia: Hermes Oliver e Marlon de Paula | Assessoria de imprensa: Rizoma Comunicação & Arte – Beatriz França e Cristina Sanches

SOBRE A CIA MINEIRA DE TEATRO

A Cia Mineira é uma companhia que desenvolve um trabalho de pesquisa e criação cênica continuada desde 2018, na cidade de São João del-Rei, interior de Minas Gerais. Possui em seu repertório três espetáculos: Passos (2018), Déficit (2019) e Outono (2019). Tem como base em seus processos criativos um estudo de dramaturgia autoral e interseção de linguagens. Além de criar espetáculos, elabora ensaios e experimentos fotográficos que aliam sequências narrativas e foto-performances. A Cia integrou a programação de festivais como a Mostra de Artes Cênicas – Tiradentes em Cena (edições de 2021 e 2022); Mostra Teatro Popular em Minas (2021) ; Mova-se – Festival de Solos, Duos e Trios de Manaus/AM (2020); FESTAC Bahia – Salvador/BA (2020); Inverno Cultural da UFSJ (edição de 2019 e 2022); Festival Descontorno Cultural – Belo Horizonte / MG (2019);  Programação de Artes Cênicas do teatro SESI MINAS – Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes (2019); Prêmio Poente Cultural – UFMG (2019). Recentemente foi contemplada com o Edital Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste para uma Temporada em março (2022) no Sesc Garagem, em Brasília – DF.

 

SERVIÇO:

– Espetáculo Outono

4, 5 e 6 de novembro 2022

Sexta e sábado, às 20h. Domingo, às 19h

Local: Funarte MG (Rua Januária 68, Centro, telefone: (31) 3213-3084)

Sessões com interpretação em libras

Classificação livre

 

Ingressos: R$20 (inteira) R$10 (meia-entrada)

Vendas na bilheteria do teatro ou pelo Sympla: https://bit.ly/3gzd2pk

 

– Ateliê criativo

2 e 4 de novembro

Duas vagas para acompanhar a montagem | Público alvo: interessados em geral

Inscrições gratuitas pelo link: https://forms.gle/cNbK1WPEtjao7BFKA

Mais informações: (32) 991454891 ou [email protected]

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