Marcelo Henrique
A menina Melanie Ramos, de apenas 15 anos, foi encontrada morta dentro do banheiro de sua escola, em Los Angeles, EUA. Mais uma morte causada por overdose de substâncias proibidas, o que faz desse um dos maiores desafios para os gestores da educação americana. Ela e sua amiga fizeram uso de comprimidos que continham fentanil, uma droga com efeito analgésico e anestésico 50 vezes mais forte do que a heroína e 100 vezes mais forte do que a morfina. Indignados, os pais da adolescente moveram um processo judicial contra o LAUSD (Distrito Escolar Unificado de Los Angeles). Eles acusam os funcionários da escola de negligência.
Vale destacar que não se trata de um caso isolado, muito pelo contrário. O excesso de consumo de drogas tem sido tão constante que o distrito educacional tem distribuído, para cada escola, duas doses de naxolona, que é um antídoto contra overdose comercialmente conhecido como Narcan. Os números são assustadoramente crescentes, sobretudo nos casos associados ao fentanil que tem uma estrondosa popularidade entre os jovens, vindo apresentado sobre as formas comerciais Xanax, Ritalina, Adderall, ou o Precocet, que foi utilizado por Melanie, tendo causado sua morte. Na mesma proporção das vítimas estão as apreensões, segundo a Divisão de Gangues e Narcóticos da Polícia de Los Angeles. Só neste ano já foram apreendidas mais de 3 milhões de pílulas oriundas do mercado negro na localidade. Em 2020, o mesmo órgão apreendeu 17 mil dessas pílulas.
Mais do que um problema de segurança pública, estamos diante de uma questão plurissetorial. Primeiramente se trata de uma questão de saúde mental, mundialmente afetada, sobretudo neste pós-pandemia que estamos vivendo. Logo em seguida vem a questão educacional, que nos desperta a indagação de por que os jovens estão recorrendo a esse tipo de droga de forma tão acentuada e habitual. Por fim, uma questão de segurança pública, já que embora o número das apreensões tenha aumentado significativamente, esses comprimidos continuam chegando às mãos dos alunos. Dessa forma, é uma questão que merece um intenso debate, o qual não pode ficar circunspecto à região dessa morte mais atual, mas ganhar status de discussão nacional.
Da mesma forma, esperamos que os novos gestores brasileiros estejam coletando informações desse problema, justamente para que tenham as ferramentas necessárias para combatê-lo de forma satisfatória quando por aqui estiver. Em tempos de integração entre pessoas e informações, a moda não demorará a bater nas escolas brasileiras e, definitivamente, não estamos preparados para atender – de imediato – essa demanda. Por isso, acompanhar as discussões e as alternativas de profilaxia é fundamental para que nosso país consiga dar a resposta pública que nossos jovens precisam.