O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que inscreve o nome de Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que registra o nome dos brasileiros que tenham oferecido a vida à pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo. A sanção foi publicada hoje (5) no Diário Oficial da União (DOU).
Negra e de origem humilde, Antonieta de Barros se destacou por sua luta contra o preconceito e a discriminação racial. Nascida em 1901, em Florianópolis, Antonieta de Barros foi educadora, escritora, jornalista, ativista pelo voto feminino e deputada estadual por Santa Catarina.
Notícias relacionadas:
- Ministra diz que esporte será elo entre povo e políticas sociais.
- Braille: acessibilidade melhora no Brasil, mas ainda precisa avançar.
- Negros enfrentam desigualdades no mercado de trabalho, diz Dieese.
Antonieta disputou a primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas para o Executivo e Legislativo, no ano de 1934. Ela concorreu para uma das vagas de deputada à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina e ficou suplente do Partido Liberal Catarinense (PLC). Como o titular, Leônidas Coelho de Souza não assumiu, ela tomou posse na vaga, exercendo o mandato na legislatura de 1935-1937.
Durante o mandato, foi a primeira mulher a assumir no Brasil a Presidência de uma Assembleia Legislativa, presidindo a sessão da casa legislativa em 19 de julho de 1937.
Em 1945, após o fim do Estado Novo, que fechou os parlamentos de todo o país, Antonieta disputou novamente uma vaga para deputada estadual, pelo Partido Social Democrático (PSD), ficando na segunda suplência do partido. Convocada, assumiu a vaga em junho de 1948.
No mesmo ano apresentou um projeto de lei criando o Dia do Professor, em Santa Catarina, com feriado escolar em 15 de outubro.
“Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços”, diz trecho do discurso proferido por Antonieta na ocasião da promulgação da lei que instituiu o Dia do Professor.
Concluiu o mandato em 1951. Uma lei de 2006, denominou Deputada Antonieta de Barros o Auditório da Assembleia Legislativa.
Educação e jornalismo
Em 1922, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, em Florianópolis, que era destinado à alfabetização. Dirigiu a instituição até o ano de sua morte, em 1952.
Também foi professora na Escola Normal Catarinense, ensinando português e literatura, a partir de 1934; lecionou no Colégio Coração de Jesus e no Colégio Dias Velho, tendo sido Diretora, de 1937 a 1945. Foi professora ainda do atual Instituto Estadual de Educação, entre os anos de 1933 e 1951.
Ingressou no jornalismo em 1920. Criou e dirigiu o jornal A Semana, que funcionou de 1922 a 1927 e o periódico Vida Ilhoa, em 1930.
Antonieta de Barros faleceu em 28 de março de 1952, em Florianópolis, e sepultada no Cemitério São Francisco de Assis.