Mostra de Tiradentes premia filme mineiro e lista desafios em carta




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Encerrada neste fim de semana, a 26ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes aprovou uma carta enumerando desafios para o audiovisual brasileiro e premiou em sua categoria de maior destaque o filme mineiro As Linhas da Minha Mão, de João Dumans. Trata-se de um documentário dividido em sete atos, onde uma atriz, durante uma série de encontros, fala sobre a sua experiência com a arte e a loucura.

A obra sagrou-se vencedora da Mostra Aurora, que abre espaço para diretores que tenham até três longas-metragens no currículo. Outros seis filmes disputavam o prêmio. A escolha é do corpo de jurados, composto por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual. A Mostra Aurora surgiu como uma categoria específica para a valorização de novos cineastas em 2008, na 10ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. De lá pra cá, se firmou como destaque da programação, reiterando a vocação do evento de apoio à produção independente.

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É o segundo ano consecutivo em que um filme mineiro vence a categoria. No ano passado, foi premiado o documentário Sessão Bruta, produzido pelo coletivo mineiro As Talavistas e ela.ltda. Já em 2021, o vencedor foi o documentário baiano Açucena, dirigido por Isaac Donato.

A programação deste ano incluiu a realização do Fórum de Tiradentes, evento que reuniu mais de 50 profissionais para um diagnóstico do audiovisual brasileiro com o objetivo de formular um amplo documento a ser encaminhado para o recém-refundado Ministério da Cultura. O trabalho deu origem à Carta de Tiradentes, que enumera 17 pontos. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia participou da abertura das atividades do Fórum de Tiradentes.

Na carta, disponível no site do evento, os profissionais apontam retrocessos sofridos pelo audiovisual nos últimos anos e apresentam demandas dos setor nas diferentes áreas: formação, produção, distribuição, exibição e preservação. Há discussão de temas envolvendo, por exemplo, o fortalecimento do Conselho Superior de Cinema (CSC) e da Secretaria do Audiovisual (SAV), a regulação dos serviços de streaming, a descentralização de investimentos, a reintegração da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e das TVs públicas ao ecossistema do audiovisual brasileiro e a implementação de políticas de ampliação do acesso aos filmes brasileiros.

Mais prêmios e homenagens

O evento distribuiu prêmios a outras obras. Na Mostra Olhos Livres, por exemplo, um júri formado por estudantes declarou vencedor foi o longa-metragem O Canto das Amapolas, dirigido por Paula Gaitán. A categoria é dedicada a filmes que apostam em linguagem mais autoral e menos convencional. A Mostra Foco, voltada para curtas-metragem, consagrou Remendo, produção capixaba dirigida por Roger Hill.

Os patrocinadores da Mostra de Cinema de Tiradentes oferecem aos ganhadores estrutura e recursos para futuros trabalhos, tais como locação gratuita de câmeras e equipamentos de iluminação, cessão de maquinário e serviços de pós-produção e de correção de cor. Além dos filmes, a Mostra de Cinema de Tiradentes promove o Prêmio Helena Ignez, oferecido a mulheres que se destacam em qualquer função na produção dos filmes em disputa. Nesta edição, ele foi dado a Edna Maria, atriz protagonista do filme paraibano Cervejas no Escuro.

Criada pela Universo Produção em 1998 e consolidada como responsável pela abertura anual do calendário audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes retomou nesta 26ª edição a programação presencial na cidade histórica mineira. Devido à pandemia de covid-19, o evento ocorreu de forma online em 2021 e em 2022.

As atividades foram totalmente gratuitas. Foram exibidos 134 filmes provenientes de 19 estados do país, entre curtas, médias e longas-metragens. Também foram realizados debates, oficinas, apresentações artísticas, shows e lançamento de livros. Mesmo com a retomada das atividades presenciais, parte da programação foi disponibilizada na plataforma virtual do evento.

A 26ª edição da Mostra de Tiradentes homenageou na sua abertura os cineastas Ary Rosa e Glenda Nicácio e foi organizada em torno da temática Cinema Mutirão. Sem deixar de lado as discussões sobre os filmes e as práticas profissionais, os curadores propuseram um espaço de convocação coletiva com vistas à construção e reconstrução das estruturas institucionais e das políticas de fomento e incentivo. Em texto publicado no portal do evento, eles apontaram que o setor precisa lidar com desafios diversos como a redução de público nas salas de cinema, a consolidação da hegemonia dos oligopólios dos streamings e os cortes de financiamento para pesquisas.

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