O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, afirmou, nesta quarta-feira (19), que a saúde indígena tem que ser encarada como prioridade pelo Estado brasileiro. Na data de hoje, é celebrado o Dia dos Povos Indígenas.
“Temos um passivo grande de infraestrutura e de logística. As equipes de saúde acabam atendendo, muitas vezes, em espaços improvisados. A falta de infraestrutura afeta a qualidade do serviço ofertado. Muitos territórios não têm acesso à água, saneamento, energia, internet”, disse o secretário, ao participar de seminário online promovido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz).
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Tabepa destacou o desafio de levar atenção especializada de média e alta complexidade para territórios como o do povo Yanomami, maior terra indígena do Brasil com 10 milhões de hectares, mais de 380 aldeias e mais de 31 mil indígenas. “Não é possível mais a saúde indígena se limitar apenas à atenção primária. Os territórios demandam atenção especializada, [o] que seria, inclusive, mais vantajoso do que retirar indígenas para fora de suas terras.”
A médica e pesquisadora Ana Lúcia Pontes, que coordena as ações humanitárias para os Yanomami no Ministério da Saúde, lembrou que a tragédia sanitária vivida por esse povo é antiga e foi agravada nos últimos anos. “Antes da pandemia de covid-19, a situação das crianças Yanomami já era particularmente grave, com desnutrição e taxa de mortalidade infantil muito alta”, disse Ana Lúcia. “Entre 2018 e 2022, ocorreram 505 mortes de menores de um ano com desnutrição, doenças diarreicas, malária.”