O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou a rebelião armada de membros do Grupo Wagner (antigos aliados do governo) como “facada nas costas” e prometeu punir quem trair as Forças Armadas. Putin fez um pronunciamento à nação neste sábado (24).
Ele discursou em meio a uma tentativa do que chamou de golpe da empresa militar privada Wagner. O presidente prometeu tomar “medidas duras” contra os amotinados, que “entraram voluntariamente no caminho da traição” e prepararam a “insurreição armada”. “Eles serão responsabilizados perante o povo russo, garantiu o presidente ao público”, afirmou.
Origem da crise
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Na noite de sexta-feira (23), o chefe do grupo Wagner, Evgeny Prigozhin, acusou os militares russos de atacar a base de seu grupo. O Ministério da Defesa da Rússia negou que tenha havido esse movimento.
O governo iniciou uma investigação criminal contra Prigozhin por “encenar uma insurreição armada”.
“A Rússia está hoje travando uma luta árdua por seu futuro”, disse Putin. Ele chamou o ataque de traição de “neonazistas e seus mestres”.
Batalha
Para ele, é uma batalha e pediu unidade no país. Putin considera que esse é um cenário semelhante ao de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. “Intrigas, brigas, politicagem pelas costas do exército e do povo levaram ao colapso do Estado e à tragédia da guerra civil”
O presidente russo garantiu que vai impedir o ataque e prometeu “defender a Rússia e seu povo (…) inclusive de motim interno”, que segundo entende, é uma ameaça de morte ao Estado e à Nação russa.
Medidas
No pronunciamento, Putin disse que um protocolo especial de segurança antiterrorista foi promulgado em Moscou, na região de Moscou e em outros locais.
Ele reconheceu, entretanto, que a situação em Rostov-on-Don, no sul da Rússia, é “difícil”. No final do discurso, Putin garantiu fazer tudo o que puder para defender o “país, a ordem constitucional, a vida, a segurança e a liberdade dos cidadãos”.
Movimentos do exército privado
De acordo com apuração da Agência Reuters, os combatentes do exército privado Wagner estavam a caminho da capital e ocuparam a cidade de Rostov. Eles estariam já a 1.100 km até Moscou.
Os jornalistas da agência de notícias testemunharam que há transportes de tropas e um caminhão-plataforma carregando um tanque pela cidade de Voronezh a caminho de Moscou. Um helicóptero teria disparado contra eles.
Outra informação é que mais de 100 bombeiros estavam em ação em um depósito de combustível em chamas em Voronezh. Prigozhin acusou os militares russos de atingir alvos civis do ar enquanto tentavam retardar o avanço da coluna.
Prigozhin diz que seus homens estão em uma “marcha por justiça” para remover comandantes corruptos e incompetentes que ele culpa pela guerra na Ucrânia.
O chefe do grupo respondeu rapidamente que ele e seus homens não tinham intenção de se entregar.
Os jornalistas também identificaram que, em Moscou, houve uma maior presença de segurança nas ruas. A Praça Vermelha foi bloqueada por barreiras de metal.
Em uma série de mensagens divulgadas durante a noite, Prigozhin exigiu que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado Maior, Valery Gerasimov, fossem vê-lo em Rostov.
Grupo armado
Prigozhin é um aliado de longa data de Putin, lidera um exército privado que inclui milhares de combatentes recrutados nas prisões russas.
Os homens enfrentaram os combates mais ferozes da guerra de 16 meses na Ucrânia, incluindo a batalha prolongada pela cidade oriental de Bakhmut.
De acordo com a Reuters, ele protestou durante meses contra os altos escalões do exército regular, acusando os generais de incompetência e de reter munição de seus combatentes.
Neste mês, ele desafiou ordens para assinar um contrato que colocava suas tropas sob o comando do Ministério da Defesa.
“Somos 25 mil e vamos descobrir por que o caos está acontecendo no país”, disse ele à Reuters. Mais tarde, ele informou que seus homens se envolveram em confrontos com soldados regulares e derrubaram um helicóptero.
O general do Exército Vladimir Alekseyev emitiu um apelo em vídeo pedindo que Prigozhin reconsiderasse.
Repercussões
Segundo a Agência Reuters, países ocidentais disseram que estão acompanhando de perto a situação na Rússia. A Casa Branca informou que o presidente Joe Biden foi informado.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse neste sábado que conversou com os ministros das Relações Exteriores do G7 e o alto representante da UE para relações exteriores depois que os combatentes do grupo mercenário Wagner assumiram o controle de algumas instalações militares no sul da Rússia.
“Os Estados Unidos permanecerão em estreita coordenação com aliados e parceiros à medida que a situação continuar a se desenvolver”, escreveu Blinken no Twitter.
“Isso representa o desafio mais significativo para o Estado russo nos últimos tempos”, afirmou o Ministério da Defesa britânico.
“Nas próximas horas, a lealdade das forças de segurança da Rússia, e especialmente da Guarda Nacional Russa, será a chave para o desenrolar desta crise.”
Zelenskiy: “fraqueza é óbvia”
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy se manifestou, neste sábado, em rede social, que a fraqueza da Rússia é óbvia. “Fraqueza em grande escala”, escreveu o presidente ucraniano, em uma mensagem nas redes sociais.
“E quanto mais a Rússia mantiver suas tropas e mercenários em nossa terra, mais caos, dor e problemas ela terá para si mesma mais tarde.”
*Com informações da Agência Reuters e do veículo autônomo RT (veículo autônomo com financiamento o governo russo)