Apaixonado por tecnologia, artista paulistano conta detalhes da falta de preparo do mercado para receber dubladores cegos
O universo da dublagem é realmente mágico. Os profissionais desse setor emprestam seu talento para dar vida aos personagens, transportando a audiência para novos mundos, enriquecendo a experiência cinematográfica e televisiva.
Por trás de cada voz cativante, existe um conjunto de dubladores que se dedicam a tornar as obras audiovisuais mais acessíveis para pessoas de diferentes culturas e línguas. Contudo, apesar de sua relevância inegável, esse campo criativo ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de preparo para contratar profissionais cegos.
Quem sente na pele essa dor sabe exatamente o quanto o assunto é delicado. Prova disso é o estudante de teatro Arthur Vidal Miyazato, que pretende se tornar um dublador.
Em 2015, o jovem encantou-se pelo universo da dublagem e, a partir daí, vem dedicando seu tempo e estudo à profissão. Porém, mesmo com muito empenho, ser contratado é um objetivo mais difícil do que parece:
“Quando comecei, entrava em contato com estúdios e dubladores, todos me davam a mesma resposta: ‘você não consegue fazer dublagem sendo deficiente visual, pois precisamos ler o texto e observar a expressão facial dos personagens para transmitir a emoção corretamente'”, conta.
Ao que categoricamente Arthur rebate: “Ora, conseguimos perfeitamente ler o texto pelo computador ou tablet do estúdio sem problemas, bastando levar o leitor de telas num pendrive e plugá-lo no computador, apenas nos posicionando no texto depois”, afirma.
“Quanto a observar a emoção dos personagens, é sim algo importante, mas podemos muito bem captar as emoções do personagem pela voz original do ator e transmitir igualmente a emoção em português”, completa.
A questão que ele deseja levantar é muito simples: ainda hoje, mesmo com toda a tecnologia disponível para que os dubladores cegos possam trabalhar, ainda existe a falta de técnicas inclusivas nos estúdios de dublagem.
Apesar de tudo, Arthur não desiste, e sua luta, para incluir e inspirar outros talentos no meio artístico, continua.
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