Desde 2021, Suellen Rocha enfrenta uma série de ataques que agora atingem também sua atividade profissional, colocando em risco sua segurança e expondo falhas no sistema de justiça
A advogada Suellen Rocha, empresária bem sucedida, cursando especialização em direito civil e com uma trajetória de superação pessoal e profissional, vive sob constante ameaça desde 2021, quando decidiu denunciar seu ex-companheiro por violência doméstica. Recentemente, em junho de 2024, Rocha descobriu que um familiar de seu ex-companheiro, já condenado, acessou um processo judicial relacionado à sua sala comercial. Este incidente, segundo Suellen, não é apenas um ataque pessoal, mas uma grave violação ao exercício da advocacia.
“O fato de meu ex-companheiro, condenado, obter informações sobre meu novo endereço comercial é uma clara intimidação e um desrespeito ao sistema de justiça,” afirma a advogada. Desde a denúncia inicial, Suellen vive uma realidade de medo e limitação de sua liberdade, com medidas protetivas que, até agora, se resumiram a advertências ao agressor.
O Estatuto da Advocacia, Lei 8.906/1994, assegura a inviolabilidade do escritório de advocacia e locais de trabalho, exceto em casos de flagrante de crime ou mediante ordem judicial. No entanto, a invasão da privacidade de Suellen revela uma falha significativa na aplicação dessa lei, expondo-a a riscos adicionais.
Violência e Perseguição Constante
Suellen Rocha, pós-graduanda em Gênero e Direito pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro e em Processo Civil e Direito Civil, não encontra paz desde que denunciou seu agressor. A perseguição, que ela descreve como uma “violência processual digna de um filme de terror,” não cessou com a condenação do ex-companheiro. Ao contrário, as investidas se intensificaram, agora direcionadas também ao seu local de trabalho.
“Desde que fiz a denúncia em 2021, minha liberdade foi reduzida e meu direito de ir e vir é limitado pela necessidade de preservar minha vida. Cada nova investida do meu ex-companheiro condenado reitera seu desprezo pelas leis e a impunidade que ele sente,” desabafa Suellen.
O caso de Suellen destaca uma problemática enfrentada por muitas advogadas e mulheres em carreiras jurídicas que, por vergonha ou medo de exposição, não denunciam as violências sofridas. A advogada relata receber diversos relatos de mulheres que se sentem oprimidas e inseguras para buscar justiça.
Um Sistema de Justiça Tóxico
A advogada também critica o sistema de justiça, que considera tóxico e discriminatório, especialmente para mulheres negras. “É muito difícil relatar vivências de violência para quem não entende ou naturaliza comportamentos violentos. Enfrento discriminação no sistema de justiça por ser mulher, preta e advogada,” explica Suellen.
Apesar das adversidades, Suellen Rocha continua sua luta pela justiça, não apenas para si, mas para todas as mulheres vítimas de violência doméstica. Ela é delegada de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro e presidente de uma ONG que apoia mulheres em situações similares. “A advocacia não é profissão para covardes,” afirma, reforçando seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e o combate à violência doméstica.
Suellen Rocha pede uma atuação mais rigorosa das autoridades competentes para garantir sua segurança e o respeito ao exercício da advocacia. “Defendo não só meu direito de me manter viva, mas também meu direito constitucional ao trabalho,” conclui.
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