A Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na zona norte da capital paulista, está entre as finalistas de um dos mais prestigiados prêmios de educação mundial, o World’s Best Schools, promovido pela T4 Education. Na última quinta-feira (19), em clima de festa, a escola recebeu a notícia de que concorre na categoria “Colaboração Comunitária”, reconhecida por projetos que integram o ensino em sala de aula com atividades esportivas e o engajamento da comunidade.
A Escola Estadual Pedro Costa transformou-se em unidade de tempo integral há três anos. Por conta disso, professores e coordenadores começaram a desenvolver novos projetos para envolver os alunos. Nesse contexto, dois professores de educação física reinventaram as aulas de xadrez e atletismo para ajudar na aprendizagem de português e matemática.
“Eu trazia o jogo como um movimento educativo no ensino regular. Trabalha a imaginação, a tomada de decisão da criança, o raciocínio lógico, a criatividade e, o mais importante para mim, a socialização”, diz o professor Leonardo de Alcântara, de educação física, responsável por implementar o projeto de xadrez na Escola Estadual Pedro Costa. A escola tem 300 estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental matriculados.
“É como se fosse respirar, é muito fácil”, Arthur Evaristo Dias, 10 anos, sobre jogar xadrez
Amigo de Arthur, Gustavo Henrique Machado, 10 anos, faz coro e explica porque gosta tanto do esporte: “Ele [xadrez] ajuda no aprendizado. Mesmo perdendo você vai aprender novas jogadas”.
Educação para comunidade
Arthur e Gustavo não são os únicos entusiastas do xadrez que o professor Leonardo ensina. Segundo a recepcionista Jhslie Pluviose, 33 anos, o que seu filho Luvenski, 6 anos, mais gosta na escola é justamente jogar xadrez.
“Ele não sabia nada de xadrez e aprendeu aqui. Eu tive dificuldade para colocar ele para estudar, porque não fica parado. Depois que veio para cá, ficou bem melhor”, conta.
Jhslie é haitiana e mora no Brasil há oito anos. Ela acredita que a escola teve um papel fundamental na adaptação ao novo país, mas não só no aprendizado de uma nova língua:
“O papel da escola é nos incluir. Alguns lugares têm tendência a nos excluir, porque somos estrangeiros ou porque somos negros. Aqui meu filho está incluído. Aqui ele aprendeu a ler e escrever”, Jhslie Pluviose, 33 anos.
Outro projeto da Escola Pedro Costa envolve o atletismo. Nesse caso, quem comanda é Luiz Fernando Junqueira, professor de educação física há 42 anos. E os benefícios não são só para saúde física:
“O atletismo agrega tudo que uma criança pode fazer: correr, saltar e arremessar. Foi por meio desse projeto que conseguimos melhorias na disciplina, na concentração do aluno e na resiliência, porque o aluno compete com ele mesmo”, explica Luiz Fernando.
O xadrez e o atletismo são o que Catarina Freitas, 10 anos mais gosta em sua escola.
“Comecei no atletismo no terceiro ano e foi muito bom, porque eu gosto de correr”, afirma a aluna que aspira se tornar jogadora profissional de xadrez.