Mostra teve origem em oficinas na região mineira e traz quatro instalações para a Galeria Mari’Stella Tristão e Palácio da Liberdade; abertura terá uma apresentação de música e dança da família de uma das crianças participantes, da etnia indígena Guarani Mbya (Aldeia Boa Vista / Ubatuba – SP), além da presença de meninos e meninas ribeirinhos do Médio Jequitinhonha e de remanescentes quilombolas envolvidos no projeto
Uma garrafa é jogada na água, levando uma mensagem urgente que conecta pessoas situadas em distintos lugares do planeta. Esta é a ideia central de um projeto que tem unido crianças do Brasil, de Moçambique e de Portugal em torno da importante luta pela preservação das águas. Tudo começou em 2009, em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito de Serro, no Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, a partir de oficinas com estudantes de uma escola pública. O projeto “Telegarrafas”, nascido aí, ganha agora uma exposição de mesmo nome no Palácio das Artes, com quatro instalações na Galeria Mari’Stella Tristão. A abertura da mostra acontece no dia 1º de outubro (terça-feira), começando às 17h, no Cine Humberto Mauro, com exibições de conteúdos educativos do projeto, e prosseguindo às 19h, com uma performance ao vivo na galeria. A inauguração contará com uma apresentação de música e dança de uma das crianças participantes, Meryê Paraguassu (9 anos), e de sua família, que são da etnia indígena Guarani Mbya (Ubatuba – SP). Também com a presença de meninos e meninas ribeirinhos do Médio Jequitinhonha, de crianças e outros moradores da comunidade quilombola de Vila Nova (São Gonçalo do Rio das Pedras) e da família da bonequeira Dona Izabel, mineira de Itinga e nacionalmente reconhecida por seu trabalho de ceramista no Vale do Jequitinhonha. A exposição pode ser visitada de 2 a 20 de outubro, com entrada gratuita e classificação livre. Após o período expositivo no Palácio das Artes, as obras seguem para o Palácio das Liberdade, onde serão expostas de 23/10 a 31/10.
A exposição “Telegarrafas” convida o público a entrar em contato com histórias de crianças e suas famílias, que convivem com as águas, com suas paisagens e com as ameaças que colocam em risco a vitalidade da natureza em seus territórios. A exposição é resultado de uma experiência proporcionada a partir de oficinas de escuta das águas e da produção de filmes educativos realizados com essas crianças. Ao longo da visitação, dividida em 4 salas na Galeria Mari’Stella Tristão, serão apresentados elementos que compõem a beleza da identidade cultural das personagens, por meio de cartografias, painéis fotográficos, projeções e objetos relacionados à vida dessas crianças brasileiras, moçambicanas e portuguesas. As instalações percorrem as águas de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, entrando em contato com a memória de suas famílias, o registro do brincar livre nas águas e a intimidade com os rios. Os trabalhos expostos atravessam também o oceano, mostrando mais diversidade de vidas e a multiplicidade de relações com o mar.
A exposição “Telegarrafas” é realizada por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e tem Patrocínio Master do Grupo SADA. A correalização é da APPA – Cultura & Patrimônio. As atividades da Fundação Clóvis Salgado são realizadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. Suas ações são viabilizadas por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. A Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal e Patrocínio da Vivo.
O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 32 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.
Desaguando no futuro – O projeto transmídia “Telegarrafas” tem quatro etapas. Primeiro vieram as oficinas no Vale do Jequitinhonha e nas outras localidades do Brasil e do exterior. A partir daí, foi criado o filme ficcional “A mensagem de Jequi”, que será lançado em 2025: nele é contada a história de uma criança quilombola (Kaique Santos Silva), que solta um barco no rio próximo à sua casa e, a partir daí, conecta-se com outras crianças do Vale do Jequitinhonha (MG), Serra do Mar (SP), de Portugal e do povo Chope, de Moçambique, reestabelecendo um vínculo com a sua própria ancestralidade. A terceira fase é a exposição no Palácio das Artes. E depois, por fim, os resultados do intercâmbio e da produção cultural servirão de base para uma cartilha de educação climática com as mensagens escritas pelas crianças ao longo da exposição. Em 2025 também está previsto um livro infantil ilustrado com as histórias relacionadas às crianças do filme e participantes da mostra.
O idealizador do Instituto Mundos, Igor Amin, que é também curador da exposição – além de ser autor de algumas das obras, em conjunto com as crianças e artistas convidados –, relembra o início no projeto, no Vale do Jequitinhonha. “Eu estava realizando oficinas com as crianças da Escola Estadual Mestra Virgínia Reis, em busca de ouvi-las e identificar qual assunto era mais valioso para elas, caso pudéssemos criar instalações audiovisuais e filmes educativos juntos. A água foi o elemento central das nossas conversas. Me levaram ao Rio das Pedras e contaram que ele chegava lá no mar. Nasceu então a ideia desses estudantes trocarem mensagens (em vídeo) por meio de garrafas com outras crianças pelo Vale do Jequitinhonha e também pelo mundo. Hoje, essa experiência se tornou a primeira edição da exposição, após uma longa jornada pelas águas das gerais, do Brasil e do mundo. Eu vejo todo esse processo, para ficarmos no vocabulário relacionado às águas, como um ciclo, que vem para reafirmar o direito das crianças conviverem com as águas de seus territórios. Convido a todos e todas para navegarem por essas mensagens e também deixarem as suas próprias. Traga uma garrafa limpa para reciclarmos e faça parte desta história”, conclama o curador.
Propostas artísticas múltiplas – Na mostra, a 1ª sala montada na Galeria Mari’Stella Tristão terá 100 garrafas de barro criadas pela família da bonequeira Dona Izabel, falecida em 2014, mas que estaria completando justamente 100 anos em 2024. Nela, os visitantes vão encontrar uma projeção com depoimento de pessoas dessas comunidades das águas, famílias das crianças protagonistas.
Já no 2º espaço estarão 6 coletoras feitas de madeira e plástico reciclável, com suporte para tablets exibindo imagens das crianças em brincadeiras do dia a dia. Ao lado das coletoras, diversas garrafas, blocos de papel e canetas para que os espectadores deixem mensagens poéticas – em textos, desenhos ou pinturas – sobre o quão importante é a garantia do direito das crianças e das águas coexistirem em harmonia.
Na 3ª sala, impressões em cianotipia das seis crianças, além de uma projeção no centro do local mostrando os artistas e seus modos de vida e de barcos de brinquedo aludindo à infância e à relação com as águas.
Por fim, no 4º e último espaço, uma embarcação em tamanho real (com cerca de 5,5 metros), feita com madeira e garrafa, convida o público a se sentar e navegar junto às crianças protagonistas, de forma interativa e criativa. Esta parte da galeria terá ainda uma projeção mapeada com imagens dos ambientes, além de redes nas paredes com mensagens que serão coletadas do público e, também, peneiras e varais de bambus que remetem aos territórios originários dos envolvidos.
Algumas das mensagens deixadas na Galeria Mari’Stella Tristão poderão ser expostas no próprio espaço, assim como os recipientes plásticos trazidos pelo público serão estocados em uma bolsa para reciclagem ou reaproveitamento em oficinas de criação de “telegarrafas” nas escolas de diversos territórios que o projeto percorre e em novas instalações artísticas. Esta dinâmica de interação com o público da mostra traduz as principais temáticas que guiam a proposta curatorial: educação climática, infâncias e reciclagem.
Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, destaca a importância de abordar esses conceitos no mês de outubro, marcado pela celebração da infância e da esperança depositada nas futuras gerações. “Estamos muito felizes de receber essa exposição no Palácio das Artes, especialmente neste mês. A mostra aborda diversas questões importantes do nosso tempo de uma forma lúdica, sensível e muito criativa. Mais importante ainda é essa diversidade de olhares trazidos por crianças de vários locais, com diversas realidades, mas todas muito conscientes de seu papel fundamental agora e no futuro. A gente percebe muito da lógica infantil na exposição, e isso diz de uma abordagem que parte da brincadeira para propor a construção de um mundo novo. É uma honra poder abrir a Galeria Mari’Stella Tristão para essa demonstração do quanto a arte pode falar sobre o agora, sob uma perspectiva que, cada vez mais, precisamos estar atentos para ouvir”, reflete Uiara Azevedo.
INSTITUTO MUNDOS – É uma empresa social focada no desenvolvimento de projetos de educação, audiovisual e da natureza. Seu idealizador, Igor Amin, fundou em 2006 a comunidade de educação audiovisual “O que queremos para o mundo?” https://
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
Exposição “Telegarrafas”
Datas: Abertura no dia 1º/10, às 17h, e período expositivo de 2/10 a 20/10
Horários: Terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos de 17h às 21h
Local: Galeria Mari’Stella Tristão – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Datas: 23/10 a 31/10
Horários: De quarta a sexta-feira, de 12h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Local: Palácio da Liberdade – Praça da Liberdade, s/nº, bairro Funcionários, Belo Horizonte
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br
Instagram: @telegarrafas