Carro elétrico na oficina: 7 cuidados que protegem sua segurança e seu bolso



Os carros elétricos e híbridos já fazem parte da rotina nas grandes cidades — e, aos poucos, também das oficinas independentes. O que antes parecia “coisa do futuro” já chega com frequência para revisões e diagnósticos, exigindo novos cuidados de quem atua na reparação automotiva.
  Mas é preciso calma: não é verdade que apenas concessionárias ou oficinas autorizadas podem atender veículos elétricos. Com procedimentos corretos e atenção à segurança, é possível lucrar e se destacar nesse novo mercado.

Quem afirma é Jonathan Monteiro Kreski, técnico automotivo formado pelo SENAI, com mais de 700 horas de capacitação e experiência em manutenção e gestão de oficina. Ele explica que o segredo é entender onde estão os riscos — e como evitá-los com métodos práticos.

 

1) Desligue e isole o sistema de alta tensão

 

Todo veículo elétrico ou híbrido possui um sistema de alta tensão (AT), que pode ultrapassar 400 volts. Antes de qualquer intervenção, é fundamental desligar o sistema e bloquear o circuito, garantindo que ninguém toque acidentalmente em partes energizadas.
  “Essa rotina deve ser feita com checklists e sinalização visível. Não é diferente de cortar a energia antes de mexer na rede elétrica doméstica, mas aqui o risco é bem maior”, explica Kreski.
  O procedimento é conhecido como LOTO (Lockout/Tagout) e integra padrões internacionais de segurança.

 

2) Use os EPIs corretos e em condições adequadas

 

Não basta “colocar uma luva”. O técnico deve usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) certificados para AT: luvas isolantes, tapete dielétrico, óculos de proteção e ferramentas com isolamento adequado.
  “Uma luva furada pode custar caro. O ideal é inspecionar e registrar o estado de cada EPI antes e depois do uso”, orienta Kreski.
  Os EPIs representam investimento acessível — e essencial — para quem quer trabalhar com VE/HEV com segurança e credibilidade.

 

3) Se profissionalize antes de executar a tarefa

 

O maior erro é achar que basta assistir a vídeos na internet. Cursos presenciais ou híbridos (SENAI, CEDTEC, entre outras instituições técnicas) ensinam protocolos de segurança, leitura de diagramas e práticas de descarte.
  “O conhecimento é o que realmente protege — e é o que o cliente percebe. Quando entende que o profissional é certificado, confia e aceita pagar melhor pelo serviço”, afirma o técnico.

 

4) Atenção ao descarte e ao armazenamento de baterias

 

As baterias de íons de lítio são sensíveis a impacto, calor e perfuração. Não devem ficar no chão da oficina nem expostas ao sol.
  O correto é armazená-las em local isolado e ventilado, sobre superfície não condutora, longe de líquidos e fontes de calor.
  A destinação final deve seguir normas ambientais e contratos com cooperativas ou empresas licenciadas.
  “Bateria não é lixo comum. O manuseio errado pode gerar incêndio e multa ambiental. A boa notícia é que seguir o protocolo é simples e protege o bolso do empresário”, observa Kreski.

 

5) Documente tudo

 

Registrar cada etapa do serviço — especialmente em VE/HEV — isso te proteje juridicamente e valoriza seu serviço.
  “Fotos, checklists e laudos técnicos formam um histórico. Isso mostra método, reduz discussões com o cliente e melhora a percepção de profissionalismo”, diz Kreski.
  Muitas oficinas já criam dossiês digitais com fotos e assinatura eletrônica, agregando transparência e valor ao atendimento.

 

6) Invista primeiro em conhecimento, depois em ferramentas

 

O erro mais comum é acreditar que é preciso gastar muito em scanners e instrumentos específicos.
  Segundo Kreski, o melhor investimento é o treinamento da equipe, seguido de ferramentas essenciais para diagnóstico.
  “Não adianta ter o melhor osciloscópio se ninguém sabe interpretar o sinal. Um técnico bem treinado faz mais com menos”, reforça.

 

7) Cuidado com o improviso

 

Mesmo pequenas falhas podem ter consequências sérias.
  “Jamais isole cabos com fita comum, nunca use ferramentas metálicas não isoladas e não desconecte módulos sem confirmar o desligamento completo. O improviso, aqui, é inimigo da segurança”, alerta.
  Alguns profissionais tendem a ignorar, entretanto, seguir o manual do fabricante e manter o ambiente organizado é sinal de profissionalismo — e de segurança.

 

A nova era das oficinas

 

O avanço dos veículos elétricos no Brasil é gradual, mas irreversível. Estimativas da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) indicam crescimento superior a 100% nas vendas de híbridos plug-in em 2024.
  Para Jonathan Kreski, quem se preparar agora estará em vantagem nos próximos anos.
  “A oficina que aprende primeiro define padrão, atrai novos clientes e cobra melhor. Não é modismo — é evolução e sustentabilidade do negócio”, conclui.

 

Sobre o especialista


Jonathan Kreski é técnico automotivo, especialista em diagnóstico e sistemas elétricos, com certificação em veículos elétricos e híbridos pelo SENAI. Atua como gestor de oficina e consultor técnico no setor automotivo.

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