Virada Cultural 2024 – Palco Fecomércio – Lenine – Foto Alexandre Mota.
Entre 24 e 25 de agosto, o hipercentro de Belo Horizonte foi palco de 231 atrações culturais durante mais de 24h, reunindo um público variado, de mais de 315 mil pessoas, de diversas faixas etárias. Realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto João Ayres, a 9ª Virada Cultural ocupou as ruas e praças, celebrando a arte, a cultura e fomentando a economia da cidade. Este ano, a iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura contou com a união do Poder Público e da Organização da Sociedade Civil (OSC), por meio do Instituto João Ayres, além da parceria cultural da Fecomercio – Sesc em Minas, da Vivo e do Banco do Brasil.
Com o tema “Belo Horizonte rima com VC”, o público foi convidado a viver a cidade e participar à sua maneira das atrações que envolveram música, cinema, teatro, exposições, intervenções, instalações e esportes urbanos espalhados entre cinco espaços: Praça Raul Soares, Praça Rui Barbosa, Parque Municipal Américo Renné Giannetti, Viaduto Santa Tereza e Praça Sete, além das atividades no Percurso entre eles e dos espaços das programações associadas e parceiras.
Estiveram envolvidos diretamente no evento 3.245 profissionais, entre artistas, produtores, técnicos e outros trabalhadores da cultura e de serviços de apoio. Somam-se a eles as equipes dos serviços públicos e uma ampla cadeia produtiva que foi impactada, como os mais de 100 fornecedores envolvidos. Estima-se que a partir das muitas atividades econômicas geradas pelas atividades da Virada Cultural nos inúmeros segmentos, tenha gerado uma movimentação de mais de 100 mil empregos diretos e indiretos.
O cineasta Gui Fiuza, que faleceu em maio deste ano, ganhou um espaço com o seu nome durante a Virada Cultural. Algumas de suas obras foram exibidas durante a Virada, assim como de outros artistas, criando um espaço de verdadeira celebração do audiovisual de BH.
O Viradão Gastronômico, que incluiu 29 bares e restaurantes do hipercentro da cidade, garantiu a boa gastronomia mineira ao longo de todo o evento. Foi registrado um público de cerca de 23 mil pessoas neste Circuito, durante o período do Festival. A curadoria, feita pela jornalista gastronômica Lorena Martins, trouxe novos empreendimentos e locais tradicionais que fazem parte da história da cidade. Entre eles, Bar Pirex, Café Bahia, Bit’s Lanches, Botelha, Bar Del Ruim, Parque Central Gastrobar e Montê Bar. Além de revelar a diversidade gastronômica do Centro de BH e de ampliar o número de atividades econômicas desses espaços, o Circuito fortalece esses empreendimentos com visibilidade e novos públicos frequentadores.
SECRETARIAS MUNICIPAIS EM AÇÃO
A preparação da cidade para receber a maratona de espetáculos mais uma vez foi um fator decisivo para o sucesso da Virada Cultural. As ações de segurança, fiscalização, saúde, trânsito e limpeza urbana foram planejadas previamente e de forma integrada, sendo ativado um posto de comando no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), com representantes de todas as instituições envolvidas, para o compartilhamento de informações e definição de medidas necessárias para garantir a normalidade da cidade, durante toda a duração das apresentações.
A Guarda Civil Municipal mobilizou uma frota de 47 viaturas e um efetivo de 300 agentes, que se dividiram entre os espaços dos shows. A atuação dos guardas municipais foi potencializada com o auxílio das imagens captadas por aproximadamente 100 câmeras, existentes ao longo do perímetro do evento. Noventa e cinco pessoas em atitude suspeita foram abordadas para averiguações, resultando no registro de três ocorrências e no encaminhamento de seis envolvidos à Central de Flagrantes da Polícia Civil. Os agentes prestaram auxílio e informações diversas a 277 turistas e demais participantes dos eventos.
A BHTrans e a Sumob mantiveram 47 agentes e 21 veículos atuando na área, sendo responsáveis pela realização de 12 intervenções e desvios no trânsito para garantir a mobilidade e segurança dos participantes dos eventos. No transporte coletivo foram realizadas 77 viagens de reforço, além das 540 viagens regulares que atenderam ao público. No período da madrugada foram transportados mais de 650 passageiros nas viagens entre 0h e 3h59.
A Fiscalização empenhou 150 servidores no combate à atuação de vendedores clandestinos e na verificação das atividades daqueles que se cadastraram para atuar nas ruas, durante as 24 horas de espetáculos. Já a Polícia Militar empenhou 253 militares e 47 viaturas. Dois postos médicos, quatro ambulâncias e 164 banheiros químicos também fizeram parte da estrutura da Virada Cultural.
A SLU ficou encarregada da limpeza de vias e demais espaços públicos, atuando com uma equipe de 300 agentes e 38 caminhões no recolhimento do lixo, com 220 containers para a deposição do material. Foi feito ainda um trabalho prévio de melhorias e limpeza para a preparação dos espaços.
A Limpeza Urbana realizou ainda uma ação inédita na Virada Cultural – o ReciclaBelô, projeto idealizado pelos catadores de materiais recicláveis, em parceria com a SLU, que contou com o apoio da Secretaria e Fundação Municipal de Cultura. Com uma tenda localizada na Praça Sete, 63 catadores realizaram a coleta de recicláveis durante as mais de 24h de atividades culturais na área central de BH, com a instalação de uma Central de Reciclagem operada pela cooperativa Coopesol Leste. Foram recolhidos mais de 1 mil kg de materiais plásticos e latinhas, com pagamento pela prestação de serviços aos catadores. Experiência semelhante ocorreu durante o carnaval e Arraial de Belo Horizonte e demarcou a importância de inclusão dos catadores em grandes eventos de rua em Belo Horizonte. Além da geração de renda e do papel inclusivo, a ação engaja os participantes dos eventos culturais no cuidado e limpeza da cidade.
GRANDES ARTISTAS
O Sistema Fecomércio, por meio do Sesc em Minas, foi mais uma vez parceiro do evento e deu nome ao palco localizado no Parque Municipal. Nele, Lenine e Marcos Suzano celebraram os 30 anos do álbum “Olho de Peixe”, que conduziu o repertório do show com público que lotou o gramado. Também neste local, no dia anterior, a artista afro-indígena Héloa, se uniu ao grupo Sabuká Kariri-Xocó. Com 16 anos de carreira, ela coleciona parcerias com grandes nomes como Margareth Menezes e Carlinhos Brown. A multi-instrumentista, cantora e compositora, Nath Rodrigues envolveu o público com canções do seu disco “Fio”, lançado em 2022, além de releituras.
O Palco Chico Nunes marcou a estreia mundial da performance “Sem Limites pra Sonhar”, de Ricardo Aleixo, que segue direto para Nova Iorque para divulgar este trabalho. Um nome que se destacou por apresentar novas sonoridades e identidades musicais foi Carla Sceno, natural de Viçosa (MG), que realizou um antigo sonho ao se apresentar na Virada Cultural.
NOVIDADES
Entre as novidades de 2024, esteve a inclusão da Praça Raul Soares e do Palco Vivo, na Praça Rui Barbosa, na Av. dos Andradas. Neste último, quem encheu a praça foi a Banda Lagum, grupo que nasceu em Belo Horizonte e conquistou o Brasil com seu pop solar. A banda movimentou o público com sucessos como “Eu não valho nada”. Representando o funk, também subiu ao palco MC Laranjinha, este ano indicado ao Grammy Latino.
A 9ª edição da Virada Cultural de BH também destacou as manifestações do carnaval da cidade. No Palco Vivo, ele se fez presente com a pegada de irreverência, humor e muito groove da banda Truck do Desejo e com o Swing Safado, que mesclou sucessos populares e músicas autorais, promovendo alegria, diversidade e inclusão.
Na Raul Soares, a novidade foi o Palco Praça do Samba, em correalização com a Belotur, onde grandes nomes do samba e do carnaval de BH se reuniram, entre eles, Adriana Araújo, que atraiu grande público. Foi uma grande celebração ao samba e aos artistas de Belo Horizonte, reunindo várias gerações e reforçando a política pública.
Também a inclusão da Skateata e do Skate Fighter foram aprovados pelo púbico, ações esportivas que estiveram pela primeira vez com destaque na Virada Cultural. A Skateata, realizada pelo Movimento Unificado Pró Skate BH, circulando pelas ruas Rio de Janeiro, Goitacazes e Bahia. Já o “Skate Fighter”, o mais recente projeto da Família de Rua, convidou a comunidade do esporte para um novo desafio de manobras, embaixo do Viaduto Santa Tereza.
VIRADA SOCIAL
Além das ações de conscientização e preservação do meio-ambiente, a Virada Cultural também prestou assistência a pessoas socialmente vulneráveis. Na Praça Sete, o Banho de Amor levou mais dignidade e autoestima a 43 pessoas em situação de rua, enquanto na Raul Soares, o Sopa de Pedra distribuiu 600 refeições. Outra ação social que ocorreu dentro da programação uniu as instituições Doe Esperança, ONG Amigos de Minas e Marmita Solidária. Juntas, elas distribuíram 1.200 marmitas na Praça Sete e na rua Arão Reis. A instalação “Aquece Coração Beagá” também recolheu 150 agasalhos, que serão posteriormente distribuídos para pessoas em situação de rua.
ATRAÇÕES VARIADAS
Famílias e pessoas de todas as idades alegraram a Avenida Assis Chateaubriand com os tradicionais Carrinhos de Rolimã, que têm lugar cativo na Virada Cultural de BH. Em parceria com o Amigos do Rolimã, neste ano, a brincadeira bateu recorde de público. E para os fãs da bike, o Tweed Ride BH promoveu um encantador passeio ciclístico, celebrando a arquitetura e o patrimônio cultural da Praça Raul Soares.
O forró foi destaque na Praça Sete, onde os DJs Naty e Fred Boi trouxeram 19 sets com temáticas e composições de suas pesquisas no universo das brasilidades nordestinas. O espaço também reuniu as festas mais badaladas da cidade, que prepararam versões especiais para o evento. O espaço também contou com projeções e mapping do Homem Gaiola, talentoso arquiteto e artista digital de Belo Horizonte, que mescla arte e tecnologia em suas inovadoras obras.
No Palco Viaduto, o festival BH Stone veio com uma seleção impecável de bandas que representam a cena musical do rock da capital mineira e um dos maiores nomes do rap, MC Marechal, fez o público cantar em uníssono. A Batalha da P7, um evento de rap, símbolo de resistência, empoderamento e inclusão, também foi atração no espaço. Ao dar voz e visibilidade à cultura hip-hop, inspira e fortalece a população periférica, mostrando que suas histórias e talentos são dignos de serem ouvidos.
SOBRE O INSTITUTO JOÃO AYRES
Fundado em 2006 em Belo Horizonte, o Instituto João Ayres é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Governo Federal. Desde sua fundação, apoia projetos, grupos e movimentos que valorizam a diversidade cultural, bem como o desenvolvimento de linguagens e manifestações artísticas que promovam a sustentabilidade e a igualdade de gênero. A instituição oferece suporte a projetos culturais, desde a criação, elaboração, formatação, captação, até sua realização e difusão. Viabilizou patrocínios de importantes empresas para iniciativas nas áreas de música, teatro, circo, dança, audiovisual, artes visuais, literatura, culturas tradicionais e populares. Ao longo de sua trajetória, realizou diversos eventos culturais, entre exposições, lançamentos de livros e festivais de rua, entre eles a Virada Cultural 2023, o Carnaval de Belo Horizonte, BH Jazz & Blues, Circuito Minas Musical, Minas das Artes Gerais, Do Barroco à Transparência, Viaduto das Artes e Noturno nos Museus.