Os ricos significativamente pobres

pobres


Marcelo Henrique

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Dia desses, o Twitter andou bastante movimentado com a história de uma bela Lamborghini que ocupou duas vagas de estacionamento de um shopping do Rio. Ao se deparar com tal situação, uma cliente do shopping deixou um bilhete, no mínimo inusitado, no para-brisa do carrão. Dizia: “tua Lamborghini dá direito a duas vagas?” E acabou tornando a querela pública, quando publicou tudo na rede social. Não vou dizer nomes, justamente para não transcorrer a impressão de que estamos para elogiar ou admoestar pessoas. Mas o fato é bastante significativo e merece uma reflexão genérica e impessoal sobre valores sociais.

O transcorrer do caso foi surpreendente. O motorista do veículo esportivo após tentar justificar-se de forma bastante atrapalhada, acabou externando sua personalidade e compartilhando toda a sua pobreza, com a seguinte resposta: “Isso me faz perguntar: imagina se a pessoa que gastou tempo e energia para escrever isso usasse essa mesma disposição para fazer algo de bom, construir um negócio ou ajudar as pessoas. Talvez ao fazer isso algum dia ela possa colocar uma Lambo de 3 milhões no nome dela também (e aposto que quando ela fizer isso também vai estacionar em duas vagas)”. Uma resposta tanto infeliz quanto medíocre, em igual proporção. Primeiro que a autora do bilhete e do tuíte fez exatamente o contrário, tentou trazer a reflexão à tona. “Gastou seu tempo” da melhor forma possível e sim, educar pela exposição do mau exemplo é sim uma incrível maneira de ajudar as pessoas. Por fim, a prepotente resposta conclui como se, de fato, usar duas vagas e usurpar o espaço do outro, fosse um direito assegurado aos que conseguiram “conquistar” uma máquina daquele porte.

É por essas e outras que a elite brasileira encontra-se cada vez mais perdida em suas ações (des)coordenadas. Enquanto parecer ser for mais importante do que ser, estaremos vivendo sob esse tipo de pensamento pequeno e, por que não dizer, pobre. Enquanto Bill Gates, de fato um homem rico, gasta seu tempo e energia ajudando o próximo de forma efetiva, outros – que privilegiam a ostentação – perdem oportunidades concretas de construir um grande legado. É por isso que concordo tanto com aquela máxima, quase clichê: “há pessoas tão pobres que sua maior riqueza é o dinheiro”. Vale a reflexão.

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