De todas as efemérides comerciais, acredito que o Dia do Cliente seja uma das mais importantes.
Criada em 2003, no Rio Grande do Sul, como uma oportunidade para potencializar os negócios e para fomentar a relação de fidelidade entre consumidores e comerciantes, a data ganha uma conotação diferente em meio à pandemia da Covid-19.
A minha reflexão é que diante de relações de consumo alteradas, naturalmente existe um impacto considerável na forma que devemos vivenciar esse dia.
No calendário do comércio, 15 de setembro é a ocasião para enviar um brinde ao cliente, criar condições diferenciadas de pagamento, surpreender com mimos criativos.
Em 2020, não preciso nem dizer que o clima pede outro tipo de atitude! E, o que seria adequado? Humanização das relações de consumo!
Mesmo com a necessidade de conduzir atendimentos com máscaras e adotando as proteções adequadas, não devemos deixar a data passar em branco.
Podemos sorrir com os olhos; ter atitudes afetuosas que mostrem o quanto nos importamos com os nossos clientes.
Faço esse alerta, porque tenho observado que, com a proteção facial, muitos lojistas e atendentes perderam a preocupação de trazer a gentileza para o cotidiano do atendimento.
Sinto como se a tristeza e a incerteza desse momento tivessem contaminado a nossa capacidade de ser gentil, solícito e otimista.
A humanização não requer brindes caros; ela demanda, na verdade, um resgate do que existe de mais bacana no brasileiro: a resiliência para enfrentar adversidades com altivez e alegria.
Há mais de três décadas atuo com pesquisas conduzidas por clientes ocultos. Sempre quando concluo um projeto, costumo ministrar um workshop para as equipes de vendas; nessa ocasião, sempre há a mesma discussão: venda adicional, follow up, fidelização.
Ninguém fala sobre como tornar o atendimento mais humano! Tem muita equipe que não entende a importância de olhar o cliente e as suas necessidades; de enxergar a singularidade. A pandemia nos mostrou a urgência dos valores mais humanos.
Posso dizer que as boas práticas estão em todos os lugares e podem servir de inspiração para trazermos mais humanização para o nosso cotidiano.
Ontem, fui à feira do bairro; quando voltei para a casa, arrumando as frutas, vi um post it no mamão. Uma mensagem simples, na qual me agradeciam por eu ter escolhido aquela barraca.
Confesso que meus olhos se encheram de lágrimas. Um gesto singelo; um bloquinho; uma caneta e 30 segundos.
Nada mais do que isso para uma atitude que fez meu dia melhor. Claro que me fidelizou; claro que é uma iniciativa de humanização das vendas.
E, claro, que cada mamão vendido conta para esse feirante. E conta para mim, cliente. Uma baita lição de vida e de humanidade. Feliz Dia do Cliente!
Por Stella Kochen Susskind
Fonte: Jornal Contábil