Os jovens de Belo Horizonte e do Estado começaram 2021 mais endividados, sem conseguir quitar as obrigações e precisando rever hábitos de consumo. É o que mostra pesquisa feita pela Câmara dos Dirigente Lojistas da capital (CDL-BH). Segundo os dados, os percentual de jovens entre 18 e 24 anos considerados inadimplentes cresceu 62,13% em dezembro de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Em Minas, a situação é ainda pior: o índice para a mesma faixa etária chegou a 76,45%. Especialistas apontam que a disparada na inadimplência está ligada a dois fatores: a imaturidade ao lidar com recusos financeiros e o impacto maior do desemprego sobre a referida camada da população.
Entre os principais motivos elencados para a maior vulnerabilidade dos jovens em relação à inadimplência está a falta de educação para as finanças. Para a economista e professora das Faculdades Promove Mafalda Ruivo Valente, muitos jovens não medem os impactos dos gastos no orçamento pessoal ou doméstico e, ao se verem devedores, não dão importância a consequências como a de ficar com o nome sujo na praça.
“Não existe essa preocupação em estar com o nome limpo. Muitos não sofrem com isso e compram sem medir este impacto”, enfatiza a economista.
A auxiliar de caixa Fernanda Pereira Mendonça é uma que incorpora bem tal linha de raciocínio. Aos 23 anos, ela usou e abusou do crédito durante a Black Friday e viu a inadimplência bater à porta no fim do ano. Sem ter como quitar as dívidas, Fernanda agora não sabe o que fazer para se livrar das recorrentes cobranças que recebe ao telefone.
Quando a imaturidade para lidar com dinheiro se alia a uma maior suscetibilidade ao desemprego, como tem sido desde o início da pandemia da Covid-19, em março passado, o resultado é a elevação no número de jovens maus pagadores. “É importante destacar que a tendência de inadimplência entre esse público vem sendo observada nos últimos nove meses”, diz o presidente da CDL/BH, Marcelo Souza e Silva.
Se o cenário da inadimplência entre os jovens é desanimador, o mesmo não se pode dizer do panamorma mais amplo dos endividados sem condições de quitar compromissos . O levantamento da CDL/BH mostra que o número de pessoas que caíram na lista negra do crédito diminuiu, tanto em BH como em Minas (-7,39% e -5,29% respectivamente), entre dezembro de 2019 e 2020.
Quando analisada por gêneros, a pesquisa também mostra, na comparação anual, que há desaceleração para ambos. A inadimplência entre os homens registrou queda de 8,13% e entre as mulheres, de 7,92%. No comparativo mensal do final de 2020 (dezempre para novembro), a inadimplência na capital mineira apresentou queda geral de 0,69%.