Adriana Oliveira Lima
Publiquei recentemente um curto vídeo sobre o completo fracasso da alfabetização no Brasil (https://www.youtube.com/watch?v=o03ntms2YZA). Nos anos 1980, aproximadamente, a grande reinvindicação era colocar todas as nossas crianças em idade escolar no interior das escolas. Conseguimos colocar 98% de nossas crianças nas salas de aula.
Encontramos, então, um novo problema que aparecia na forma do gargalo da quinta série, hoje denominada 6º ano, que apresentava os maiores índices de repetência. Agora temos o fracasso estrondoso do processo de alfabetização.
As crianças não conseguem se alfabetizar no ano escolar. Esse fracasso se arrasta durante os 4 primeiros anos do ensino fundamental.
Em 2006 foi criado o ensino fundamental de 9 anos, formando um corpo sem identidade ou objetivos. Misturam crianças com características inteiramente diferentes sem qualquer fundamentação teórica, criando um corpo impossível de ser adequadamente avaliado. Os objetivos se estendem por longos anos, deixando as escolas brasileiras nos últimos lugares das avaliações qualitativas entre mais de 160 países.
Nossas crianças que já se alfabetizavam muito mal, agora sequer conseguem decodificar o código escrito, ler pequenas histórias, interpretar textos como simples bilhetes ou mesmo elementos de sua cultura como músicas, poesias e historinhas.
Nossas crianças chegam ao 5º ano sem conseguir ler.
Em meio ao péssimo desempenho de nossas escolas só encontramos duas vertentes de iniciativas. A primeira, sindicalista, que acredita no maior conforto e direitos para os professores como a solução.
Gastamos mais de três décadas discutindo métodos e experimentos sem conhecimento científico. Todos parecem comprometidos com seus EGOS, ou preocupados com o enorme esquema de produção de material didático (fonte de corrupção e de problemas significativos no Brasil).
Enquanto isso, esquecem, abandonam os educadores brasileiros que já demonstraram na prática e na fundamentação teórica, soluções de qualidade para a educação brasileira. Educadores como Lauro de Oliveira Lima, Lourenço Filho e Anísio Teixeira, entre outros.
*Profa. Dra. Adriana Oliveira Lima é professor, mestre e doutora em Educação no Reino Unido, autora de vários livros e artigos publicados na área. Atualmente, aposentada do meio acadêmico é mentora pedagógica na Escola Nova, em Fortaleza – CE.