No segundo dia de campanha, os 11 candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte tiveram seu primeiro encontro cara a cara. Na noite desta quarta-feira (17), todos os postulantes ao cargo de prefeito participaram de uma roda de conversas na Igreja da Boa Viagem, no centro, evento realizado pela Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte e pela PucMinas. Cada candidato teve dez minutos para apresentar suas propostas.
Em uma campanha cheia de novatos em eleições majoritárias, quase todos os candidatos dedicaram um bom tempo para falar de sua biografia. Críticas e defesas à atual gestão de Marcio Lacerda (PSB) e falas sobre segurança, mobilidade urbana e o cenário atual da política nacional deram o tom das discussões.
Por sorteio, Sargento Rodrigues (PDT) foi o primeiro a fazer suas considerações. Já sob críticas de focar sua campanha somente em segurança, ele fugiu do tema e não o abordou em seu tempo, priorizando a mobilidade urbana. “Belo Horizonte precisa retomar um respeito às pessoas. Nos últimos anos, se preocupou muito em construir grandes obras, alargar avenidas, mas houve um esquecimento de cuidar das pessoas, de ouvir as pessoas. Não há que se falar em metrô em Belo Horizonte, uma vez que essa obra depende de recursos federais. A mesma situação está presente no Anel Rodoviário. Vamos analisar a realização de Parcerias Público- Privada (PPP) para tentar viabilizar investimentos de mobilidade. Defenderemos o uso da bicicleta como meio de transporte pela cidade e pensaremos na viabilização de estacionamentos próximo às estações do Move para incentivar o uso do transporte público”, disse.
O segundo a falar foi Marcelo Álvaro Antonio (PR), que, ao contrário de Rodrigues, priorizou as ações de segurança. “Vamos liderar um processo de redução de criminalidade com equipamentos públicos voltados para inclusão social nas periferias de Belo Horizonte. Sabemos que o trabalho de repressão e investigação cabem a Polícia Militar e Polícia Civil, mas o que a cidade pode fazer é atuar na inclusão social, com atividades de educação, cultura e lazer, desarticulando ambientes propícios ao desenvolvimento da criminalidade”.
Segurança também foi tema citado por Luís Tibé (PTdoB): “No nosso mandato, a segurança pública era responsabilidade da prefeitura sim. Ande pelas ruas e veja como elas são escuras e a iluminação pública é responsabilidade das prefeituras. Vamos iluminar as ruas da cidade. Pesquisas apontam que só com a melhoria da iluminação é possível reduzir a criminalidade em 30%”.
Já o candidato João Leite (PSDB) começou o discurso dizendo do estranhamento de, pela primeira vez em sua vida, estar em um time diferente de Alexandre Kalil (PHS). Depois focou nas ações da segurança na recuperação dos jovens com problemas de drogas. “Fui idealizador do programa Campo de Luz que realizou a iluminação de mais de 100 campos de futebol de várzea. Com essa ação nós conseguimos reduzir em 75% a criminalidade nesses locais. Temos também que cuidar dos nossos jovens 80% dos crimes estão relacionados com as drogas e precisamos apoiar e recuperar nossos jovens que usuários e dependentes de tóxicos”.
João Leite foi recebido por gritos de Fora Temer, o mesmo ocorreu com Rodrigo Pacheco (PMDB). Ambos são de partidos que lideraram o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Pacheco fugiu dessa politização e poupou a gestão de Lacerda de críticas. “Eu não ligo se é oposição ou situação, os políticos de todos os lados têm que se unir para tirar a política desse lamaçal que ela se envolve hoje. Vamos reconhecer os avanços já realizados nas gestões anteriores da prefeitura, inclusive a passada, vamos fazer um trabalho de identificação do que está dando certo e o que não esta dando certo e vamos trabalhar para resolver os problemas com trabalho técnico”, disse.
Já Delio Malheiros (PSD) assumiu o papel de candidato à sucessão de Marcio Lacerda e defendeu as ações da atual gestão. “Antecipamos as metas de avaliação da educação em Belo Horizonte, chegamos a 588 equipes da saúde da família, que já atende 85% da área de Belo Horizonte, criamos 13 mil moradias, mas podemos avançar mais e vamos trabalhar nessa continuidade”.
Reginaldo Lopes (PT) dedicou quase todo o seu tempo para defender uma nova forma de fazer política, aproveitando um momento de autocrítica dos grandes partidos. “Não há espaço mais para esse jogo de grandes interesse econômicos na política. Os partidos erraram muito. O meu partido teve acertos, mas errou muito também. Vamos buscar uma nova gestão da cidade, uma gestão popular e democrática, que garanta ao cidadão o direito à cidade”, disse.
O cenário nacional da política dominou o discurso de Vanessa Portugal (PSTU). “Os candidatos estão prometendo investimentos em Belo Horizonte, mas os seus partidos estão votando projetos do governo Temer que limitam os investimento em saúde e educação. Se for aprovado, não vai ter dinheiro para construir nenhuma Umei em Belo Horizonte, não vai haver investimentos na saúde” , afirmou.
Ela foi elogiada por Alexandre Kalil (PHS) que disse que era ela a mais lúcida dos candidatos que já tinham falado. Ele manteve o discurso contra os partidos tradicionais e de fazer o que for possível com os recursos existentes. “Ninguém sabe nada, inclusive esse que vos fala. Nós vamos para a rua conhecer a realidade das pessoas e ver os problemas de Belo Horizonte e tentar melhor com o que tem. Vamos focar nos problemas sociais, o que os políticos não fazem porque morador de rua não dá voto. Velho não dá voto e, por isso, são esquecidos”, finalizou.
Eros Biondini (Pros) criticou a ausência de diálogo durante a gestão de Marcio Lacerda. “Não há um diálogo com os professores sobre as políticas de educação, não há uma conversa com os servidores, não há conversa com os comerciantes nem com os técnicos concursados”.
Quem fechou o encontro foi Maria da Consolação (PSOL), que destacou o trabalho de sua candidatura na busca de uma gestão democrática da cidade. “Queremos uma cidade com participação popular, onde o povo possa não só participar da escolha do orçamento, mas também do planejamento do município, onde a população possa escolher se quer a construção de mais um viaduto ou o metrô até o Barreiro, porque viadutos nessa cidade caem”, finalizou.