Pressionado por acusações, Geddel Vieira Lima decide deixar o governo



Geddel Vieira Lima não integra mais a equipe de Michel Temer. A carta de demissão do agora ex-chefe da Secretaria de Governo da Presidência foi entregue na manhã desta sexta-feira (25) ao presidente.

Acusado de ter pressionado o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a liberar uma obra de seu interesse, Geddel é o pivô da mais nova crise instalada no Planalto. O agora também ex-ministro mencionou ao pedir a exoneração do cargo as “críticas” sobre ele e a “dimensão das interpretações dadas” para justificar sua decisão.

“Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair”, escreveu Geddel. “Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançadas, mas o Brasil é maior do que tudo isso.”

O pedido de demissão do peemedebista, que até então era um dos principais articuladores políticos de Temer, facilita a vida do presidente, que ainda resistia a demitir Geddel Vieira Lima apesar de todo o escândalo envolvendo o ministro.

A queda de Geddel impõe uma marca negativa para o governo Temer: já são seis ministros a deixarem a equipe do peemedebista em pouco mais de seis meses desde que Michel Temer assumiu a Presidência da República. Os outros cinco foram Marcelo Calero (Cultura), Fabio Medina (AGU), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

Conflito de interesses

A carta de demissão de Geddel foi anunciada exatamente uma semana após a eclosão da crise envolvendo seu nome. Na última sexta-feira (18), o então ministro da Cultura Marcelo Calero deixou o governo e disparou acusações contra o chefe da Secretaria de Governo.

Calero alegou, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que “foi pressionado” em diversas ocasiões por Geddel para que o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) liberasse a construção de um empreendimento imobiliário nos arredores de uma área tombada em Salvador. O chefe de Governo de Temer tem um apartamento comprado no mencionado prédio.

As acusações motivaram a abertura de uma sindicância na Comissão de Ética da Presidência para apurar a conduta de Geddel, mas ainda assim ele foi mantido no governo. O ministro chegou a receber, inclusive, respaldo público do próprio presidente Michel Temer, assim como dos presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB) e Rodrigo Maia (DEM), respectivamente.

De acordo com reportagem publicada na edição desta sexta-feira do jornal “O Estado de São Paulo”, Marcelo Calero afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que possui gravações de conversas com Temer, Geddel e o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, a respeito da liberação da obra em Salvador.

Por intermédio do porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, Temer se defendeu das acusações alegando que “sempre endossou caminhos técnicos para solução de licenças em obras ou ações de governo”.

Sobre a acusação de que Temer “enquadrou” o ex-ministro, o porta-voz afirmou que o presidente “jamais induziu algum deles a tomar decisão que ferisse normas internas ou suas convicções.

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