Foto: Hypeness
Biblioterapia usa literatura para pensar questões psicológicas, auxiliando pessoas a gerirem melhor suas emoções
A literatura é um universo com muitas possibilidades. O livro é o passaporte que permite “viajar” e aproveitar o conteúdo e aventuras disponíveis ao longo da história. O caráter educativo da leitura também gera resultados satisfatórios atuado como coadjuvante em tratamentos de questões emocionais como a ansiedade e depressão.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 350 milhões de pessoas sofrendo com depressão no mundo. Algumas terapias estão se revelando boas alternativas com resultados promissores para reversão dessa situação.
A biblioterapia é um bom exemplo como terapia alternativa com o uso da literatura para curar problemas psicológicos. A denominação é decorrente da junção de duas palavras de origem gregas: biblion (βιβλίο), referente a toda espécie de artefato bibliográfico ou a qualquer material que possibilite o ato da leitura e therapeia (θεραπεία) que significa terapia.
A bibliotecária mineira Marília Paiva, presidenta do Conselho Regional de Biblioteconomia – 6ª Região, explica que o processo estimula a leitura como auxiliar para o processo deautoconhecimento e pacificação das emoções. “O livro apresenta outras formas de ver o mundo, destacando culturas e realidades diferentes. O entretenimento ajuda na redução do estresse e estimula o cérebro, propiciando ao leitor se identificar com personagens da história, principalmente, quando ocorre o processo de empatia, auxiliando na comparação das soluções do enredo à aplicação no cotidiano”, analisa.
A terapia literária começa com a adequação dos livros para o público alvo. O processo requer uma escolha cuidadosa do material que será utilizado, assim como a supervisão para garantir que a obra apresentada se encaixe na capacidade de leitura, limitações físicas, estilo de leitor e o nível do desafio psicológico a ser ultrapassado. Após a leitura realiza-se o momento do diálogo entre o biblioterapeuta e o grupo de leitores. Este é um momento valioso de interação e troca de sensações e sentimentos que emergiram durante a leitura.
Alguns estudos apontam que a biblioterapia já era praticada desde a Idade Antiga, entre as civilizações egípcia, grega e romana. Durante a Idade Média, a cura em hospitais era auxiliada pela leitura da Bíblia e, no Cairo, ocorriam como método terapêutico suplementar às leituras do Corão.
Outros levantamentos revelam que já na primeira guerra mundial foram criadas bibliotecas em hospitais de campanha, situação que se repetiu durante a segunda guerra mundial, quando os médicos que acompanhavam as tropas americanas, observaram que os soldados tratados com a biblioterapia se recuperavam mais rápidos dos traumas.
A biblioterapia deve ser realizada por um biblioterapeuta, ou seja, os profissionais como bibliotecários, psicólogos, psiquiatras, profissionais da área de educação e assistentes sociais com formação e habilidades terapêuticas e um vasto conhecimento sobre literatura para buscar e recuperar livros verdadeiramente transformadores.
A leitura é libertadora e auxilia a psique a encontrar o equilíbrio necessário para dosar as situações cotidianas com o real peso que realmente representam. O espelhamento com personagens que sofrem das mesmas dificuldades e conseguem romper os obstáculos se revela como uma forma eficaz de estimular as pessoas a encontrarem soluções para seus problemas, melhorando a qualidade de vida e a gestão da emoção.
Ana Carolina de Freitas
Zoom Comunicação
( +55 (31) 2511-3111 e 99898-6970
Rua São Paulo, 1665 – cj. 405
Lourdes • Belo Horizonte/MG • CEP 31170-132