Local, que hoje é considerado uma das Sete Maravilhas da Estrada Real, chama a atenção de turistas de todo o mundo que buscam tranquilidade, cultura, história, religiosidade e contato com a natureza
Muito mais que apenas um destino turístico, aliás, um dos mais conhecidos de Minas Gerais, o Santuário do Caraça cativa turistas por toda a sua riqueza ambiental, cultural e gastronômica. Procurado por visitantes que buscam, principalmente, tranquilidade e contato com a natureza, o local é, também, um baú de histórias que vale muito a pena ser conhecido.
A primeira notícia que se tem do Caraça data de 1708, quando figura em um mapa da Província de Minas. Em 1716, num registro histórico, aparece o Arraial do Inficionado do Caraça. Vestígios na região do Tanque Grande e dos Pinheiros apontam para a existência de antigos garimpos, provavelmente do século XVIII.
Por volta de 1770, a sesmaria do Caraça foi comprada pelo Irmão Lourenço de Nossa Senhora, que logo começou a construir um hospício (casa de hospedagem) para romeiros e uma capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens, devoção mariana tipicamente portuguesa.
Muitas dúvidas e lendas giram em torno da histórica, mas enigmática figura do Irmão Lourenço. No entanto, sua vida no Santuário do Caraça é bem documentada e conhecida. As dúvidas pairam sobre seu passado, antes de chegar à Serra do Caraça.
Quando o Irmão Lourenço de Nossa Senhora decidiu comprar a sesmaria do Caraça e se instalar lá, o objetivo era devotar sua vida à obra de Deus e à divulgação do Santuário do Caraça como lugar de retomada da vida à luz do projeto de Deus, sob a proteção de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Dedicando-se à vida penitente e ao atendimento dos peregrinos, mais tarde acompanhado de outros ermitães penitentes, o Irmão Lourenço cria, em Minas Gerais, um foco de atração para Deus, em meio ao tumulto minerador, e um centro de conversão, oferecendo ao povo uma alternativa à loucura do século. Com o desenvolvimento de seu Santuário, funda a Irmandade de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1791-1885) e, com a ajuda de seus membros, que chegaram ao longo do século ao número de 23.226, e às esmolas conseguidas em peregrinações por toda a Província, vai melhorando as instalações do Caraça e enriquecendo sua igreja e sua hospedaria.
Com a idade avançando e as dificuldades enfrentadas para a continuidade de sua obra, o Irmão Lourenço resolve fazer a doação das terras e do Santuário à Fazenda Real, a fim de que a Coroa Portuguesa conseguisse Padres que dessem continuidade ao centro de romaria e missão e, sendo possível, fundassem uma casa para educação de meninos. Foram feitos três requerimentos: o primeiro em 1806 e os dois últimos em 1810, todos sem resposta positiva.
No dia 27 de outubro de 1819, com cerca de 96 anos, o Irmão Lourenço faleceu, sem ver os Padres tomando posse de sua Ermida. No entanto, o velho penitente morreu consolado, pois, segundo os relatos do vigário de Catas Altas, que atendeu nos últimos momentos de vida o santo fundador do Caraça, Nossa Senhora teria se manifestado a ele dizendo que podia morrer em paz, pois Deus não abandonaria a obra do Caraça. Isso, de fato, se provaria com o envio de Missionários para dar continuidade à obra do Santuário.
Colégio do Caraça
Pelo Colégio do Caraça passaram quase 11000 alunos, dos quais muitos tiveram seus nomes reconhecidos no cenário nacional, político, civil e religioso: em média 500 padres, 21 bispos, 120 políticos, dos quais dois Presidentes da República: Afonso Pena (1906-1909) e Artur Bernardes (1922-1926), magistrados, médicos, engenheiros, cientistas, professores universitários e etc. Em 28 de maio de 1968, um incêndio causado por um fogareiro deixado aceso na sala de encadernação consumiu com o colégio. Hoje as ruínas, que hoje abrigam a biblioteca, podem ser vistas e contempladas pelos turistas.
Qual a origem do nome ‘Caraça’?
Existem algumas curiosidades bem interessantes e que poucas pessoas sabem, como, por exemplo, a teoria da origem do nome Santuário do ‘Caraça’. De acordo com Márcio Mol, gerente geral do local, poucas pessoas perguntam sobre a origem do nome do complexo, que é bem curiosa. O gestor afirma que duas hipóteses apontam para a escolha. “O Caraça seria o formato de um rosto humano na Serra do Espinhaço. Essa explicação é corrente no tempo do Colégio e comentada por Dom Pedro II, em seu diário (11-13 de abril de 1881). Todavia, o que pesa contra esta explicação é o fato de o Caraça ter sido sempre citado no masculino e nunca no feminino (Serra da Caraça), como deveria ser, já que caraça, compreendido como cara grande é palavra feminina”, explica.
Segundo Márcio Mol, outra possibilidade pode ter levado a escolha do nome do Santuário. “O Caraça seria o grande desfiladeiro existente na Serra do Espinhaço nesta região. Essa foi a explicação dada por Auguste de Saint-Hilaire (1816) e acolhida por José Ferreira Carrato, em sua tese de doutorado sobre o Caraça (As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça), publicada no ano de 1963. Vale lembrar que Caraça, em tupi-guarani, significa desfiladeiro ou bocaina, como hoje é chamado o portentoso vale entre os Picos do Sol e do Inficionado. Essa, inclusive, até chega mais perto, mas como disse, são possibilidades para que o turista que vier visitar o Caraça, tire por ele mesmo. De qualquer forma, vale a pena conhecer as belezas naturais do local e pensar, in loco, sobre as razões que levaram a escolher do nome”, conclui.
O que fazer no Santuário do Caraça?
Gastronomia
A gastronomia do Caraça é um ponto que merece atenção especial dos visitantes. Além da experiência de comer no refeitório histórico, com toda a simplicidade e variedade de sabores da comunica mineira, há uma adega no local onde dá para ver o processo de produção do vinho tinto, do hidromel e dos fermentados de laranja, jabuticaba e morango. Há também a padaria, que fabrica pães, bolos e biscoitos, e a doceria, para doces, geleias e compotas. O queijo minas artesanal, cujo processo de fabricação existe há mais de 200 anos, é uma das delícias mais procuradas no Santuário e é matéria prima de vários pratos da região em concursos e festivais gastronômicos.
A hora do lobo
Um dos grandes atrativos do Santuário do
Desde então, começaram a colocar bandejas de carne nos dois portões da frente da casa e aos poucos os lobos se aproximaram da escada da igreja. Hoje, a bandeja é colocada no adro da igreja, onde têm ido comer, além do lobo-guará, cachorros-do-mato e uma anta.
A prática de alimentar esses animais ali na Casa só persiste até os dias atuais porque o seu hábito de caça não foi comprometido. Por este motivo o lobo-guará não tem hora de aparecer. O tempo de espera da aparição do animal é conhecido como “hora do lobo”, a partir das 18h30. Enquanto o lobo não vem, o Caraça proporciona aos hóspedes um tempo da informação, a educação ambiental.
Fonte de conhecimento
O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca), o hotel com 54 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas, e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos.
O Complexo do Caraça possui enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas no meio ambiente. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do
Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata.
O território do Complexo do
Biblioteca
A Biblioteca hoje está instalada no prédio onde funcionava o célebre Colégio, que hoje abriga também o Museu, o Arquivo e um Centro de Convenções
Museu
O museu, montado a partir de mobiliário e artefatos diversos de uso diário, pertencentes ao próprio Caraça e com algumas peças remanescentes de séculos passados, constitui um interessante lugar de visitação, diariamente procurado pelos hóspedes e visitantes, através de percursos guiados pelos monitores ou por conta própria.
Igreja Neogótica
O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e toda com material regional: pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos de base de cal, pó de pedra e óleo.
Covid-19
Obedecendo ao decreto municipal 94/2020, da Prefeitura de Catas Altas, não poderão visitar ou se hospedar pessoas pertencentes ao grupo de risco, como maiores de 60 anos, hipertensos, diabéticos, gestantes e imunodeprimidos ou portadores de doenças crônicas. Já para os que estão liberados para a visita, é importante seguir algumas orientações que são repassadas ao turista na entrada com complexo.
Orientações:
- Utilize máscara, de preferência caseira, durante todo período de permanência fora do quarto;
- Realize a higienização das mãos ao entrar no estabelecimento, acessar balcões de atendimento, ao realizar check-in e check-out e ao sair do estabelecimento;
- Evitar rir, conversar, manusear o telefone celular, ou tocar no rosto, nariz, olhos e boca, durante sua permanência no interior do estabelecimento;
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e boca com um lenço descartável, descartá-lo imediatamente e realizar higienização das mãos. Caso não tenha disponível um lenço descartável, cobrir o nariz e boca com o braço flexionado.
- Será realizada a aferição da temperatura corporal através de termômetro laser, no momento de acesso pela portaria principal, bem como entregue uma ficha de avaliação de saúde durante o processo de entrada;
- A Recepção, bem como outros espaços no Santuário do Caraça, está sinalizada com faixas no chão e fitas coloridas, obedecendo as regras de distanciamento de segurança, a obediência à demarcação é obrigatória.
Áreas comuns
- O uso da máscara é obrigatório em todos os lugares do Santuário, corredores, estacionamento, espaços abertos, trilhas e outros;
- Os ambientes de uso comum no Santuário do Caraça estarão fechados e ou desativados, são eles, Centro de Visitantes, Museu, Biblioteca, Sala de TV e Sala de Jogos;
- Não haverá missas e outras celebrações religiosas com a presença de hóspedes.
- A lanchonete e a loja de suvenir e artigos religiosos terão o horário de funcionamento limitado, de 08h as 11h e de 14h as 16h45. O atendimento será feito de um hóspede por vez, solicitamos a gentileza de aguardar seu atendimento dentro das áreas demarcadas.
- O acesso ao refeitório será controlado e serão feitas aferições de temperatura a cada acesso;
- Foram estabelecidos novos protocolos de segurança para o serviço de almoço e jantar. O uso da máscara é obrigatório para acessar o “buffet”, bem como a higienização das mãos, e uso de luva plástica (fornecida no local) para servir;
- Os ambientes comuns serão limpos e higienizados com maior frequência por soluções sanitizantes e álcool 70%.
Santuário do Caraça
Local: Estrada do Caraça, KM9 – Entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara – CEP 35969-000
Fácil acesso pelas rodovias BR 381 e MG 436, além do charmoso acesso por trem (Estação Dois Irmãos – Barão de Cocais/MG)
Horário de Funcionamento para visitação: Todos os dias, das 8h às 17h
Valores de visitação: a partir de R$ 12,00
Hospedagens: consultar em www.santuáriodocaraca.com.
Reservas: centraldereservas@
Mais informações: www.