A seleção brasileira de basquete 3×3 está reunida desde a última segunda-feira (10) na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), no Rio de Janeiro. A partir do próximo dia 26, a equipe nacional disputa o torneio pré-olímpico da modalidade, em Graz (Áustria), onde brigará por uma das três vagas disponíveis nos Jogos de Tóquio (Japão). Ao todo, 20 times participam da comeptição.
“A expectativa é a maior possível. Temos totais condições de conseguir a vaga. É um sonho para todos nós, mas um sonho palpável”, garante André Ferros, ala-pivô da seleção, à Agência Brasil.
A delegação segue no Rio de Janeiro até o dia 22, quando viaja para a Áustria. O Brasil tem Polônia, Mongólia, República Tcheca e Turquia como adversários no Grupo A. A chave é complicada. Os mongóis, que ocupam o nono lugar no ranking mundial da modalidade, organizado pela Federação Internacional de Basquete (Fiba), despontam como favoritos, seguidos pelos poloneses, que aparecem em 13º. Os brasileiros estão perto, duas posições atrás, em 15º, uma à frente dos tchecos. Os turcos marcam presença na 32ª colocação.
Os dois primeiros colocados de cada um dos quatro grupos avançam às quartas de final. Os dois finalistas do pré-olímpico, mais o ganhador do confronto pelo terceiro lugar, classificam-se para Tóquio. O anfitrião Japão e os três países mais bem posicionados no ranking da Fiba em novembro de 2019 – China, Rússia (que competirá sob a bandeira do comitê olímpico local, devido a uma punição por doping) e Sérvia – já estão garantidos.
“Na fase de grupos, [os jogadores de] Polônia e Mongólia jogam bastante o World Tour [evento da Fiba com etapas distribuídas pelo mundo onde as equipes participantes representam as respectivas cidades] e são os que considero [os rivais] mais fortes. Os tchecos têm jogado o World Tour recentemente também. Mas o Brasil pode superá-los”, afirma Jonatas Mello, também ala-pivô da seleção.
Jonatas, aliás, e um dos veteranos do grupo convocado pelo técnico Douglas Lorite. Em 2019, ele e o ala Jefferson Socas estiveram presentes na Copa do Mundo de basquete 3×3, realizada em Amsterdã (Países Baixos), e na estreia da modalidade nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru). Os outros dois integrantes da equipe titular são André e o ala-armador Fabrício Veríssimo. O ala William Weihermann (que também esteve no Mundial e no Pan) e o ala-pivô Leandro Lima – ou Leandro “Discreto”, primeiro jogador brasileiro a se profissionalizar no 3×3 – são os reservas imediatos e também viajam para a Áustria.
Além dos seis convocados, outros quatro jogadores (os alas-pivôs Gianluca Campaner e Luiz Felipe de Paulo, o pivô Matheus Parcial e o ala-armador Leonardo Branquinho) foram chamados para auxiliar a preparação na EsEFEx. O quarteto defende o São Paulo DC, atual campeão nacional da modalidade e time com mais representantes (dois) entre os titulares: André e Jonatas. Jefferson atua pelo catarinense Blumenau, enquanto Fabrício joga pelo fluminense Lendas 3×3.
“Para mim, como técnico e integrante do projeto, é incrível. Colocar atletas na seleção brasileira é um dos objetivos que a gente colocou lá atrás. Quando isso se concretiza, ainda mais para uma meta tão grande, como ir para uma Olimpíada, é um sonho virando realidade”, comemora Juninho Mariano, treinador do São Paulo DC, à Agência Brasil.
O basquete 3×3 é novo. A primeira competição internacional ocorreu nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2010, em Cingapura. No Brasil, o esporte engatinha. Apenas o São Paulo DC tem uma estrutura profissional. O histórico em Copas do Mundo é pouco impactante, com quatro participações (2012, 2014, 2018 e 2019) em seis edições do evento masculino e uma só vitória (em 2014, sobre a Turquia) em 18 partidas. Mais do que brigar por medalhas, a esperança de quem vive o esporte é que a classificação para os Jogos na capital japonesa marque um novo cenário para a modalidade no país.
“A participação atrai público, patrocínio, mídia. Muitas coisas que agregam e alavancam [a modalidade]. É um esporte mais popular, em que você consegue incentivar uma participação maior, tem um custo menor [que o basquete convencional, de quadra]. Ainda não dá para comparar [o apelo] ao do basquete de quadra, mas [com o Brasil] indo à Olimpíada, tenho certeza que podemos dar um salto grande em direção a uma estrutura mais profissional”, destaca André.
“[A presença do Brasil no Pan de Lima] Já trouxe uma procura maior. Cresceu o olho de quem joga [basquete de] quadra, teve bastante procura pelo 3×3. Chegar à Olimpíada, que é nosso objetivo, aumenta a visibilidade dentro e fora do Brasil. Mostrará para os outros que também somos fortes. Vamos mudar o 3×3 no Brasil”, completa Jonatas.